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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

1º Domingo de Advento , 27.11.2011

Predigt zu Marcos 13:24-27, verfasst von Claudete Beise Ulrich

 

Hoje inicia o bonito e festivo tempo de Advento. Ele nos chama para a preparação, para o Natal. Advento não significa espera e sim presença, chegada. Advento significa a presença já chegada do próprio Deus. Nós, cristãs e cristãos, no entanto, esperamos pela morada definitiva de Deus entre nós. Nós vivemos entre o primeiro Advento, que já se realizou de forma definitiva com a criança nascida em Belém, e o segundo Advento que ainda irá se realizar com a volta definitiva de Jesus Cristo. Nós vivemos entre o já e o ainda não, no "entrementes", no meio-tempo! Somos comunidade cristã a caminho.

Eu, especialmente, gosto muito do tempo do Advento. Há novos sons e melodias no ar, esperanças se renovam, gestos de solidariedade mostram-se de forma concreta. É um tempo que nos convida para a vigilância, a preparação e a reflexão. Como vivemos e o que fazemos como pessoas cristãs neste mundo? Qual é o nosso diferencial, como pessoas que crêem, neste mundo de corre-corre, competição, individualismo, egoísmo e consumismo?

Com estes pensamentos desejamos refletir o Evangelho previsto para este primeiro domingo de Advento, o qual se encontra em Marcos 13.24-27:

"Mas, naqueles dias, após a referida tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, verão o Filho do homem vir nas nuvens, com grande poder e glória. E ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra até a extremidade do céu".

Advento como tempo de chegada começada é também tempo de luz! O texto de Marcos, no entanto, aponta para o contrário, para um mundo sem luz! Interessante observar como se dá no texto do Evangelho o prelúdio do Advento. O Advento para nós é um tempo marcado pela luz, em que a cada domingo vamos acendendo uma vela da coroa de Advento [neste momento acender a primeira vela da coroa].

O Evangelho que ouvimos e estamos meditando fala o contrário: o sol escurecerá, a lua não brilhará mais e até as estrelas, último feixe de luz, cairão do firmamento. O texto aponta para escuridão e trevas. Tudo ficará escuro! Você consegue se imaginar nesta realidade?! Escuridão total e completa!

Prezada Comunidade! Irmãs e irmãos em Cristo!

Como a vida existirá numa realidade de escuridão? A luz é fundamental para a vida! O texto de Marcos é radical. Tudo ficará escuro! Provavelmente, nos perguntamos por que um texto tão duro para o primeiro domingo de Advento. Já não chega tudo o que ouvimos, lemos e vemos nos noticiários, seja na televisão, no rádio ou nos jornais?! A nossa realidade já é tão triste e escura, com tantos problemas sociais, econômicos, políticos, ambientais, culturais, familiares e pessoais. Já existe tanto medo do futuro. A nossa realidade também apresenta um cenário apocalíptico. Como se não bastasse a realidade em que vivemos e presenciamos, o Evangelho também vem nos falar que as perspectivas para o futuro são escuras e ameaçadoras.

Querida comunidade, a tentação seria buscar outro texto que falasse tão pronto da alegria, da esperança, da luz... Sem dúvida, uma primeira vontade seria de fugir da reflexão deste texto, mas não faremos isto! O texto de Marcos é muito provocativo. O que o Evangelho quer nos transmitir? O texto não inventa nada que não exista em nossa vida e história. O Evangelho é muito sincero. Existem momentos de escuridão e de medo também para nós que aqui estamos reunidos em culto. Tempos de medo, escuridão e trevas também existem e acontecem para aqueles e aquelas que creem em Jesus Cristo. Existem muitas situações em nossa vida em que enxergamos bem pouco a luz de Deus, e é também para estes períodos em nossa vida, e na história da humanidade, que aponta o Evangelho.

Querida Comunidade!

Nós temos, na verdade, um bonito e profundo texto neste primeiro domingo de Advento. O medo e a escuridão estão presentes em nossa vida. O Evangelho quer nos dar coragem para falar sobre os medos e as escuridões de nossa vida e mundo. Também o evangelista Marcos sabia que as pessoas tinham medos, preocupações e muitas razões para terem medo. Ele vivenciou guerras, perseguições e catástrofes. Nestas situações apontou para a esperança, para a nova história que Deus inicia. Portanto, não cabe a nós, cristãos e cristãs, fazer previsões e cálculos a partir de situações dramáticas e catástrofes que vivenciamos, apontando para o fim do mundo. A nossa missão é estarmos atentos, vigilantes e perceber onde acontece a negação do projeto de Deus. O Evangelho de Marcos é um convite para assumirmos a história, a vida, a humanidade com todas as suas ambiguidades e contradições.

Ao mesmo tempo, o evangelista aponta para a esperança, de que a escuridão e o medo vão passar. Aponta para uma nova cosmologia, um novo mundo, com novas relações, onde o Filho do homem irá reinar. O evangelista Marcos aponta para a tradição profética, lembrando o profeta Daniel (7.13-14) que já anunciara a vinda do Filho do Homem e a construção de um novo poder, de uma nova história. É nesta direção que o evangelho quer apontar, pois, acreditava-se, no tempo de Marcos, que o sol, a lua, as estrelas eram poderes celestiais. O Evangelho anuncia que estes poderes cósmicos desaparecerão e reinará definitivamente o Filho do Homem, com grande poder e glória, isto é, um mundo novo será criado a partir das ruínas do mundo velho.

Para Deus, o fim não é o fim, mas sim, o início de uma nova história. O Evangelho não faz previsões do fim do mundo, mas quer conscientizar a comunidade da sua transitoriedade e do seu papel histórico, de sua função enquanto comunidade de Jesus Cristo. Por isto, é importante, perceber que o texto de Marcos não fala somente que tudo ficará escuro, mas ele anuncia a grande esperança: Então verão o Filho do homem vir nas nuvens, com grande poder e glória. O Filho do homem é título que remete a Jesus, o Cristo, o Messias, o esperado: que já veio, que já está entre nós e que virá de forma definitiva!

Hoje, com o primeiro domingo de Advento, inicia também um novo ano na Igreja. Então, é necessário ter clareza que nem tudo no futuro será cor-de-rosa. Também no novo ano teremos dores e medos. Haverá momentos de escuridão e trevas em nossa vida. Vivemos em um mundo de injustiças e de falta de paz. Como cristãos e cristãs continuamos a caminho. Vivemos no entrementes, no meio-tempo! Por isto, o Evangelho de Marcos, nos convida a olhar para frente com sobriedade, com esperança, com fé, pois, "ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra e até á extremidade do céu". Jesus nos convida a aprender a ler sinais e a olhar para a vida com o coração. Assim, como diz o poeta Antonio Machado: "Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar. Se não podes mudar o caminho, muda o jeito de caminhar". O nosso reformador Martim Lutero sempre de novo nos desafia: "Se soubesse que o mundo acabaria amanhã, ainda hoje eu plantaria um pé de maçãs". O tempo de Advento nos convida para assumirmos compromissos em favor da Vida e vivermos a partir da Esperança ativa: da presença iniciada do amoroso Deus.

Amém.



Pa. Dra. Claudete Beise Ulrich
Wunstorf - Alemanha
E-Mail: claudetebeiseulrich@hotmail.com

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