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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

6º Domingo após Pentecostes, 08.07.2007

Predigt zu Lucas 9:51-62, verfasst von Marcôs Schmidt

É PRECISO ARRANCAR A MÁSCARA

Os filhos pequenos seguidamente nos fazem passar por situações constrangedoras. É que eles são muito espontâneos. Por exemplo: alguém faz uma ligação no telefone numa hora inconveniente, e a gente diz para o filho: "Atende ao telefone e diz que o pai não está em casa". O filho obedece e diz no telefone: "O pai mandou dizer que não está em casa".

Diferentemente acontece com nós, os adultos. Na verdade, nós adultos somos muito simulados. Somos uns verdadeiros artistas. Podemos sorrir para alguém, mas por dentro estarmos sem nenhuma vontade de dar um sorriso. Expressamos tristeza num velório, mas no fundo não estamos tristes. Isto faz parte de nós.

Existe também aquela simulação desonesta, que a gente vê bastante na política. Políticos que até choram e fazem cara de inocente, e todo mundo sabe que estão mentindo. Simulação também tem bastante em jogo de futebol. Para arrumar uma falta, os jogadores se jogam no chão e enganam o juiz. Mas hoje as câmeras de televisão mostram tudo.

No evangelho de hoje, percebemos que quando o assunto é o jogo da fé, é o "seguir Jesus", isto é: ser cristão, então o único caminho é deixar de lado as máscaras e ser inteiramente sincero.

Na verdade, o evangelho de hoje é uma prova com todos nós, a fim de analisarmos o grau de sinceridade da nossa fé e da nossa vida cristã.

Três pessoas que queriam seguir Jesus - ou que foram convidadas para segui-lo - tiveram que passar por um vestibular, uma sabatina. Podemos dizer que Jesus arrancou a máscara destas pessoas para que elas pudessem se conhecer a si mesmas.

Descreve o evangelista Lucas que "quando Jesus e os discípulos iam pelo caminho" para Jerusalém, o primeiro homem espontaneamente disse: "Eu estou pronto a seguir o senhor para qualquer lugar onde o senhor for". Então Jesus disse: "As raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar".

Este homem que queria seguir Jesus estava usando a MÁSCARA DA PIEDADE: "Eu estou pronto a seguir o senhor para qualquer lugar onde o senhor for".

Ele tinha um ideal: ser discípulo de Jesus. E estava muito entusiasmado. Acompanharia Jesus para qualquer lugar. O problema é que na sua decisão estava faltando seriedade, profundidade, "pés no chão".

Ele não tinha calculado os custos desta decisão. Tudo parecia tão bonito, tão maravilhoso, tão mágico. Mais ou menos como aquele que está apaixonado e diz: "eu te amo mais do que tudo neste mundo", e só vê flores, mas, esquece dos espinhos.

Podemos comparar isto aqui com aquela decisão que Pedro também tomou: "Senhor, eu nunca vou te abandonar, eu nunca vou te trair... eu vou estar contigo em todos os lugares...". Nós conhecemos o final desta história.

Com a resposta de Jesus dizendo que as raposas e os passarinhos têm lugar para descansar, mas ele não estava apontando para aquilo que já tinha dito várias vezes (e que ouvimos no culto passado): "Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto cada dia para morrer como eu vou morrer, e me acompanhe" (Lc 9.23).

Falando da nossa realidade hoje, até é muito bonito ser membro de uma igreja, ter uma religião.  Afinal de contas, a igreja nos ajuda em muitas coisas. Protege-nos contra tantas situações difíceis da vida moderna. Por exemplo, a igreja ajuda os jovens contra os vícios, as drogas, a violência. Não é assim que nós falamos: que é melhor ter os nossos filhos dentro da igreja do que lá fora, no meio de tantos perigos?

Não é isto que diz o Salmo 16 (5,9)?: "Tu, ó Senhor Deus, és tudo o que eu tenho. O meu futuro está nas tuas mãos... o meu coração está feliz e alegre, e eu, um ser mortal me sinto bem seguro".

No entanto, é preciso ouvir este Salmo com os pés no chão. Porque, se seguirmos Jesus, isto é: se formos membros da igreja, pensando que isto é a garantia de proteção contra todos os problemas, então estamos indo pelo mesmo caminho destas igrejas da prosperidade, que prometem o livramento de todos os males - coisas que Jesus nunca disse.

Podemos ter a certeza, sim, conforme o Salmo de hoje, de que "o Senhor está sempre comigo, ele está ao meu lado direito, e nada pode me abalar" (Sl 16.8).

Mas isto não elimina os custos para ser cristão.

Assim como no próprio casamento. É muito bonito, maravilhoso, saber que agora existe alguém com quem posso ter uma vida em comum - uma esposa, um marido, filhos, uma família. Mas É PRECISO calcular o preço do casamento.

Em muitos casos, por não se fazer esta conta e não assumir a vida matrimonial, casais então desistindo. E quando a Bíblia diz que o nosso relacionamento com Jesus é igual a um casamento, certamente é por isto que também muitos CRISTÃOS estão desistindo, abandonando a sua fé logo quando surgem as primeiras dificuldades.

Hoje Jesus nos diria: Siga-me, mas não se esqueça das dificuldades, provações, e sacrifícios? Siga-me, mas não se esqueça de testemunhar a fé lá fora além de simplesmente sentar no banco da igreja? Siga-me, mas não se esqueça de ofertar parte do seu tempo, dinheiro e dons para o serviço da igreja?

No evangelho aparece um segundo homem. Este também tinha uma máscara que precisava ser arrancada: a máscara da OSTENTAÇÃO RELIGIOSA.

Este recebeu o convite de Jesus: "Venha comigo!  Mas ele respondeu: Senhor, primeiro deixe que eu volte e sepulte o meu pai. Deixe que os mortos sepultem os seus mortos - respondeu Jesus. Mas você vá e anuncie o Reino de Deus".

É intrigante aqui a resposta de Jesus. Porque não deixar o pobre homem participar do enterro de seu pai? Ele tinha a intenção de seguir o Salvador. Apenas havia um compromisso familiar, e dos mais importantes. Depois voltaria para cumprir sua tarefa no reino de Deus.

Na verdade, é preciso entender o que está por trás destas palavras aparentemente duras de Jesus. O sepultamento naquele tempo era muito mais do que acontece hoje. Era uma cerimônia de vários dias, muitas homenagens, rituais. Enfim, sepultar alguém naquele tempo, dependendo da posição social de alguém, envolvia muito tempo e dinheiro.

Quando Jesus diz: "deixe que os mortos SEPULTEM os seus mortos... mas, você vá e anuncie o Reino de Deus", aponta para uma grande verdade que também hoje muitos cristãos esqueceram. A verdade que depois que uma pessoa morre nada mais pode ser feito para a salvação dela. E por isto, a urgência de levar o Evangelho.

Pois este é o grande perigo, de estarmos vivendo este engano, e nos escondendo atrás da máscara OSTENTAÇÃO RELIGIOSA. Podemos dar mais valor às cerimônias e aos costumes rituais do que a própria mensagem da igreja, que tem o poder de livrar as pessoas da morte.

Não é assim que acontece? Dá-se mais valor ao ritual do Batismo - fotos, padrinhos, festa etc... do que a mensagem do Batismo? Dá-se mais valor ao ritual da Confirmação - fotos, padrinhos, festa etc... do que o significado da Confirmação?

Dá-se mais valor ao ritual do Casamento - fotos, padrinhos, festa etc... do que a bênção de Deus na vida familiar?

Dá-se mais valor ao ritual do sepultamento - pastor, caixão, flores, homenagens, cemitério, culto em memória ... do que a mensagem de que Cristo é a ressurreição e a vida?

Com certeza Jesus não está dizendo para esquecermos nossos entes queridos que morrem, deixar de sepultá-los com cerimônia religiosa. Muito menos jogar fora nossos rituais e tradições litúrgicas. Ao contrário...

O que Jesus ainda hoje quer de seus seguidores, é que não se esqueçam do mais importante. E o mais importante é anunciar a mensagem de Deus. E isto com urgência, enquanto "é dia porque vem à noite (a morte) quando ninguém mais pode trabalhar", lembra a Bíblia.

Se isto não estiver em primeiro lugar, todas as cerimônias perdem seu valor.

Por isto, Jesus arranca esta máscara da ostentação religiosa, e diz: "vá e faça em primeiro lugar aquilo que é próprio da igreja. Vá e anuncie o Reino de Deus".

No evangelho aparece o terceiro homem, também com uma máscara - a máscara do FIEL CUMPRIDOR DE SEUS COMPROMISSOS.

Este homem diz para Jesus: "Eu seguirei o Senhor, mas primeiro deixe que eu vá me despedir da minha família. Jesus respondeu: Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus".

É interessante que lá com Eliseu (1 Reis 19.20), quando este homem foi chamado para ser profeta e pediu a Elias que o deixasse se despedir de seu pai e de sua mãe, para ele foi dito: "Está bem, pode ir. Eu não estou impedindo".

Porque será que Jesus aqui é tão radical?

Na verdade, Jesus estava enxergando o que coração deste homem queria. Lá no fundo ele estava indeciso em abandonar todos os seus negócios, suas propriedades, sua vida profissional e familiar. Este despedir-se implicava na preocupação indevida com as coisas materiais.

Ao Jesus dizer que "aquele que olha para trás não serve para o Reino de Deus", está na verdade alertando contra o cristianismo que tem um pé na igreja e outro no mundo.

Nada de errado nossas preocupações neste mundo - família, emprego, contas para pagar, negócios, enfim, todas estas coisas que vêm de Deus e que são necessárias para a sobrevivência.

Mas quando tais preocupações estão em primeiro lugar no coração, então as palavras de Jesus são um alerta: "Assim você não serve para o Reino de Deus. Deste jeito, sempre preocupado, súper atarefado, assim não funciona. Com a cabeça e o coração grudados neste mundo, você nunca vai conseguir fazer as pessoas acreditarem nas coisas do meu reino".

O evangelista Lucas não diz o que aconteceu depois com estas três pessoas, se elas seguiram a Jesus ou não. Mas elas tiveram que pensar bastante. Jesus não queria enganá-las, não queria fazer uma propaganda enganosa.

Se isto está nos Evangelhos, então também serve para nós. E a pergunta que precisamos fazer é esta: Arrancando estas máscaras, o que sobra de meu cristianismo? O que é verdadeiro e o que é simulado em minha vida cristã?

Antes de mais nada é preciso dizer que não conseguimos fugir destas máscaras. Porque isto faz parte de nossa natureza humana.

É isto que lemos em Gálatas: "Porque o que a nossa natureza humana quer é contra o que o Espírito Santo quer, e o que o Espírito Santo quer é contra o que a natureza humana quer" (Gl 5.17).

Desta forma, o único jeito é fazer aquilo que está em 1 João 1. (8 e 9): "Se dizemos que não temos pecados, estamos nos enganando, e não há verdade em nós. Mas, se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é correto: ele perdoará os nossos pecados".

Confessar e ter o perdão dos pecados é fazer aquilo que o apóstolo Paulo recomendou em Efésios: "Vistam-se com esta nova natureza que Deus criou - que Jesus Cristo" (Ef 4.24).

Este é o caminho. Depois disto podemos então seguir Jesus e servir no reino de Deus.

Ainda bem, caros irmãos e irmãs, que Jesus ainda hoje nos convida para segui-lo. Pior mesmo, se ele nem fizesse este convite. Ele nos conhece muito bem. Ele sabe que somos simulados, falhos, pecadores. Mas foi por isto mesmo que ele foi verdadeiro neste mundo e morreu na cruz. Para nos tornar verdadeiros e legítimos.

E hoje ele nos convida para arrancar qualquer máscara que tenta esconder a realidade do pecado e de uma vida simulada, para uma vida de cara e coração.

E assim, não teremos nenhuma preocupação em sermos nós mesmos, porque seremos o próprio Cristo que vive em nós. 

Este é o caminho para seguir Jesus. Amém.

[Textos: Sl 16; 1 Rs 19.14-21; Gl 5.13-25; Lc 9.51-62].



Marcôs Schmidt
Novo Hamburgo, RS ? Brasil
E-Mail: marsch@terra.com.br

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