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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

4º Domingo após Pentecostes, 16.06.2013

Predigt zu Lucas 7:36-8.3, verfasst von Harald Malschitzky


 

 

Estimadas irmãs, estimados irmãos em Cristo.

Povos inteiros, grupos étnicos, grupos familiares e pessoas em particular: Todos têm características próprias, idiomas diferentes, nacionalidade, tradições, religião ou religiosidade. Sem dúvida, esse colorido de diferenças mundo afora cria dificuldades de comunicação e integração. Nenhuma dessas dificuldades, porém, é intransponível. O ser humano é capaz de viver em outro país, aprender outro idioma e adotar outros costumes. A diversidade toda não é má nem negativa de antemão. Ela se torna problemática quando assume formas dogmáticas rígidas e leis excludentes. Infelizmente esse tipo de procedimento marca a história da humanidade. Leis excludentes, tradições e costumes excludentes, religiões e religiosidade excludentes. Ora são povos inteiros que são rejeitados e, por isso, escravizados; ora são grupos marginalizados por raça, costumes e forma de vida. E na vida particular estamos cheios de preconceitos e exclusões.

No tempo de Jesus não era diferente: Havia marginalização dentro da comunidade de fé e na comunidade civil. Entre as pessoas marginalizadas estava a mulher, já pelo simples fato de ser mulher. Com o correr do tempo lhe foram sendo atribuídas diversas más qualidades, o que, num certo período, levaria à condenação por bruxaria (não se tem notícia de homens condenados pelo mesmo "delito"). Mas, é bom não ficarmos atirando pedras no passado: A lista de preconceitos e atitudes discriminativas em relação à mulher nas sociedades tidas por modernas, é enorme. E como isso se manifesta concretamente pode ser lido nos jornais.

O texto para nossa reflexão de hoje relata uma cena em que Jesus é confrontado com o preconceito em relação à mulher. Ele fora convidado por um fariseu para uma janta. O espaço era aberto e visível por quem passasse. De repente irrompe uma mulher, cai aos pés de Jesus em lágrimas, enxuga os pés com seus cabelos e ainda lhe derrama perfume. É claro que Simão e os demais ficaram estupefatos. Uma refeição era coisa de homens. A presença e o gesto da mulher bagunçaram a ordem vigente e tradicional. Interessante a associação de Simão: Esse Jesus não é o que se diz por aí, pois se fosse, identificaria a mulher - de vida duvidosa - e dela se distanciaria. Quem aceita um gesto assim se põe no meio dos "impuros". Jesus revida com uma pequena comparação de dois devedores, um grande e um pequeno, mas ambos na mesma situação de inadimplência, tanto que a dívida de ambos foi perdoada. A pergunta é simples; Qual dos dois será mais grato? Provavelmente Simão não percebeu a crítica de Jesus, porque ele mesmo tinha sido curado da lepra, ele mesmo, que fora marginalizado, ganhara de Jesus, através da cura, a chance de retornar à vida social e religiosa com seu povo e sua família. E Jesus se torna explícito, lembrando que ele, Simão, não tinha seguido o costume tradicional para receber os visitantes, costume, aliás, ainda mantido até hoje por diversos povos, qual seja, o de lavar os pés de quem chega. Jesus lembra a Simão que ele se descuidara do gesto, mas que a mulher - de certa forma - o estava recuperando de jeito muito mais expressivo. É interessante que Jesus não pergunta quem é a mulher, qual a sua procedência, como ela entra de repente em um ambiente puramente masculino, mas quase escandalosamente, aceita o seu gesto e o transforma em um exemplo para os demais, um exemplo de resposta ao perdão que ela parece que tinha certeza de receber de Jesus. Jesus não a decepciona quando confirma o perdão e a despede em paz, para escândalo dos presentes. A pergunta que fazem tem dois aspectos: Estupefação, admiração, mas ao mesmo tempo desconfiança, a desconfiança de que esse Jesus se arrogava um direito que não lhe cabia. Jesus não entra no mérito da questão, mas simplesmente confirma o que dissera pouco antes. Uma mulher de vida duvidosa, cuja procedência nem se conhece, é perdoada, lhe é dada a chance de recomeçar, a mesma chance, aliás dada a Simão através da cura. Mas Simão - e os outros - não se dá conta da semelhança!

Em pleno século 21 ainda não aprendemos a lição de Jesus. A discriminação da mulher tem matizes diferentes de um lugar ao outro, mas ela continua. É verdade que já houve muitos avanços. Temos até mulheres como chefes de estado. Isso, porém, não muda as coisas em tantas famílias onde a mulher é - literalmente - saco de pancadas, também quando isso assume formas menos agressivas. No mundo do emprego é comum o salário da mulher ser inferior pelo mesmo trabalho. Mais preocupante, no entanto, é a posição da mulher em muitas igrejas que, todas, pregam o evangelho de Jesus Cristo e por ele se desejam pautar. Em um número expressivo de igrejas a mulher não tem acesso ao ministério eclesiástico sob argumentos tantas vezes absurdos e insustentáveis. A crosta de costumes e tradições por vezes é de uma dureza ímpar. Um acontecimento tornado público há poucos anos ilustra o que digo. Quando foi eleita uma bispa para a presidência do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha, algumas igrejas ortodoxas pediram que, para as reuniões bilaterais, a igreja alemã enviasse o vice-presidente, um homem, pois elas não reconheciam uma mulher como autoridade eclesiástica! Mas mesmo em igrejas que ordenam mulheres ainda aparecem resistências em comunidades locais. Em caso de escolha entre um homem e uma mulher, a mulher perde pelo fato de ser mulher e não porque ela é menos qualificada para a função.

Não há dúvidas de que há jeitos e capacidades diferentes entre mulheres e homens, o que porém não torna nem um e nem outro melhor ou pior, superior ou inferior. Jesus, na passagem do Evangelho que ouvimos, bem como em outras passagens, deixa claro que todos são criaturas do mesmo Deus e destinatários do amor incondicional de Deus. Deus quer plenitude de vida para uns e para outros, para umas e para outras. E não só isso: Deus quer, desde a criação, que mulheres o homens partilhem e compartilhem a vida e juntos cuidem de criaturas e criação. No texto, quando Jesus despede a mulher dizendo "vai em paz" ele a está enviando para a vida. Biblicamente a paz é dinâmica e construtiva, é um âmbito no qual vida pode se desenvolver com dignidade.

Ainda temos muita lição de casa a fazer. Enquanto mulheres forem discriminadas de qualquer forma, cristãos em primeiro lugar não podem dormir sossegados. A discriminação - qualquer discriminação - é uma afronta a Deus e uma zombaria aos olhos do mundo. No mundo ecumênico entre as igrejas o tema não pode ficar fora da agenda. Simão e seus convivas continuam achando que têm graça privilegiada. Jesus deixou claro em palavras e vida que a graça de Deus não toma a sério as fronteiras que construímos.

Peçamos que Deus abra nossos corações e nossas mentes para compreendermos os seus desígnios para a humanidade de mulheres e homens. Amém.

ORAÇÃO: Senhor, obrigado por tua criação. Obrigado por nos teres criado mulheres e homens e nos destinado a partilhar a vida. Dá-nos o reconhecimento, a sabedoria e o amor para vivermos em paz uns com os outros. Por Cristo, Senhor e Salvador nosso. Amém.

 



P. Harald Malschitzky
São Leopoldo – Brasil
E-Mail: harald.malshitzky@terra.com.br

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