Göttinger Predigten

Choose your language:
deutsch English español
português dansk

Startseite

Aktuelle Predigten

Archiv

Besondere Gelegenheiten

Suche

Links

Konzeption

Unsere Autoren weltweit

Kontakt
ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

14. Domingo após Pentecostes, 02.09.2007

Predigt zu Lucas 13:22-30, verfasst von Horst R. Kuchenbecker

A PORTA ESTREITA

Todos nós gostamos, uns mais outros menos, de ver televisão. Assistimos notícias, reportagens, filmes, etc. Somos expectadores. Alguém disse certa vez: "Como expectadores, vivemos uma vida de segunda mão".    

Infelizmente, também em matéria de religião, muitos não passam de expectadores. Assistem aos cultos. Se gostaram, se ficaram emocionados, se houve algo de novo, dizem: Foi ótimo, maravilhoso!

Gostamos também de participar de algumas discussões religiosas; mas, eles próprios, não vivem em diário arrependimento e fé na graça de Cristo. Nunca experimentaram a verdadeira paz de Cristo; também não têm certeza de sua salvação, por não viverem, pela fé em Cristo, em comunhão com Deus.

Uma situação assim ocorreu com Jesus em sua última viagem para Jerusalém. Ele foi de cidade em cidade, pregando sobre o reino de Deus, chamando pessoas ao arrependimento e à fé na graça de Deus. Então uma pessoa do meio da multidão lhe perguntou: "Senhor, são poucos os que são salvos?"

A pergunta tinha certa razão de ser, pois o número de seguidores de Jesus estava diminuindo. Mas, em si, era uma pergunta especulativa. E "não nos cabe perscrutar o abismo da oculta presciência de Deus" (Livro de Concórdia, Declaratio Solida XI, 33).

Jesus não respondeu a pergunta, mas procurou guiar a pessoa e a multidão de expectadores para a comunhão com Deus, e lhes disse: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita!"

Vejamos o que Jesus quer dizer a nós hoje, com estas palavras. O evangelho nos alerta contra uma falsa segurança, de sermos simplesmente cristãos expectadores, sem verdadeira fé, nem frutos da fé.

1. "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita". Não se trata aqui de conquistar a salvação. Por natureza somos espiritualmente cegos, mortos e inimigos de Deus (Ef 2.1; 1 Co 12.3).

Jesus está falando para pessoas que ouviram ou estão ouvindo a palavra de Deus, pela qual o Espírito Santo atua. Pessoas às quais o Espírito Santo chamou ou está chamando, iluminando com seus dons. Pessoas que reconheceram a Cristo como seu Salvador, para que agora não desperdicem esta oportunidade e salvação. Ele está falando a todos nós.

1.1. E o que ele nos diz? "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita" (v.24). Que porta?  Jesus compara o reino dos céus a uma mansão com uma porta. E convida a entrar. Jesus mesmo diz: "Eu sou a porta, se alguém entrar por mim, será salvo" (Jo 10.9).

Jesus é a porta. A única porta. O apóstolo Pedro afirma: "E não há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos" (At 4.12).

Entrar por ela significa vir a Jesus, confiar na sua graça, no seu perdão; e pela fé na graça de Cristo estar em comunhão com ele. Deixar-se guiar por ele.

1.2. Esta porta está bem aberta. Jesus tornou o acesso ao reino de Deus possível a todos. Conhecemos os versículos: "Deus amou o mundo..." (Jo 3.126). "Pela graça sois salvos..." (Ef 2.8,9). E o convite de Jesus: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei" (Mt 11.28). E: "Quem vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" (Jo 6.37). "O qual (Deus) deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade" (1 Tm 2.4).

Todos são convidados a entrar e podem entrar por ela, quer gordos ou magros, altos ou baixos, ricos ou pobres, crianças, jovens e adultos.

1.3. Mas porque Jesus a chama de porta estreita? Ela é estreita para quem? Ela é estreita para aqueles que querem entrar nela com toda sua bagagem, com mochila e malas na mão. Estas mochilas e malas se chamam amor próprio, justiça própria, amor ao mundo, de que não querem abrir mão.

Os profetas, João Batista, Jesus e os apóstolos pregaram: "Arrependei-vos" (Mc 1.15). Jesus disse: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue" (Mc 8.34).

Lutero resumiu isto na primeira das suas 95 Teses, onde afirma: "Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos, etc., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo e ininterrupto arrependimento" (95 Teses). E na quarta parte do Batismo: "Significa que o velho homem em nós, por contrição e arrependimento diário, deve ser afogado e morrer com todos os pecados e maus desejos, e, por sua vez, sair e ressurgir diariamente novo homem, que vive em justiça e pureza diante de Deus eternamente" (Catecismo Menor, 4ª Batismo).

Nossas Confissões afirmam: "Com esta vontade revelada de Deus é que devemos ocupar-nos, para que sigamos e nela sejamos diligentes, porque o Espírito Santo confere graça, poder e capacidade por intermédio da palavra, pela qual nos chama. Não devemos perscrutar o abismo da oculta presciência de Deus, como está escrito em Lc 13, onde alguém pergunta: Senhor, são poucos os que são salvos? E Cristo responde: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita. Lutero diz assim: Segue a ordem na epistola aos Romanos, ocupa-te primeiro com Cristo e seu evangelho, a fim de reconhecer o teu pecado e a graça dele, e em seguida luta com o pecado, conforme Paulo ensina no primeiro ao oitavo capítulo, quando no oitavo capítulo entrares em tentações sob a cruz e aflições, os capítulos nono, décimo e undécimo hão de ensinar-te quão consolador é a predestinação" (DS XI, 33).

Conclusão. "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita". Significa dar ouvidos à voz de Deus, apegar-se à sua palavra, meditar com oração. Viver em diário arrependimento diante da face de Deus, em comunhão com ele pela consolação da graça de Cristo.

2. Jesus continua: "Pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão" (v.24). Muitos procurarão! Vejam, aqui mudou o verbo. Jesus não disse que muitos se esforçarão e não poderão. Não! Eles procurarão. Quando? E porque não podem entrar?

Porque a porta está fechada. Eles rejeitaram a oportunidade da salvação. Agora, terminado o tempo da graça, procuram em vão. Clamam: "Abre-nos", é tarde demais. Jesus lhes responde: "Não sei donde sois... Não vos conheço". Eles ainda argumentam: "Comíamos e bebíamos na tua presença, e ensinavas em nossas ruas".

Sim, eles o conheciam, eles o ouviram, mas não deram crédito, não se arrependeram, não creram, não tiveram comunhão com ele, não viveram vida santificada.  Nada mais sabem dizer do que isto: "Nós te conhecíamos, comíamos contigo". Nada mais.

Jesus se refere aos judeus que o conheceram, que ouviram suas mensagens, muitos deles talvez comeram o pão na multiplicação dos pães, mas não se arrependeram, não creram.

Quantos de nós vão, um dia, clamar assim? Foram batizados, confirmados, foram à santa ceia, mas não se arrependeram, continuaram a amar o mundo.

Jesus ainda lhes diz: "Vós que praticais a iniqüidade." Indicando claramente que eles não vivem em arrependimento e fé, mas continuaram vivendo em pecado, enganaram-se a si mesmo com um cristianismo superficial e mundano. Como simples expectadores.

"Apartai-vos de mim... Ali haverá choro e ranger de dentes". Terrível. Os incrédulos serão condenados ao fogo eterno.  Por isso, "hoje ao ouvirdes a sua voz não endureçais os vossos corações" (Hb 3.8).

3. "Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e tomarão lugares à mesa no reino de Deus. Contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos" (v.29,30).

Finalmente, após exortação bem pessoal para arrependimento e fé, Jesus responde a pergunta: Serão poucos? E diz: Muitos virão.

Aqui Jesus aponta para os dias após Pentecostes, para a grande missão até o dia do juízo final. Muitos virão. Muitos ouvirão o evangelho e se converterão, quer pequenos ou grandes, jovens ou idosos, ricos ou pobres. A sala ficará cheia. Que alegria.

Contudo, há últimos. Estes são os gentios, que os judeus desprezavam. Eles aceitarão e crerão no evangelho. E os primeiros, os judeus, a quem Deus chamou e constituiu, mas que rejeitaram a Jesus, e por isso serão rejeitados. Mas alguns deles se converterão e serão, neste sentido, últimos.

Como hoje muitos que foram batizados, recebendo cedo o evangelho, mas depois o rejeitam na vida adulta; e outros que, no último momento, como adultos, alguns só no leito da enfermidade ouvem o evangelho, crêem e são salvos. 

Ainda é tempo da graça. Esforcemos-nos pelo apego à palavra e sacramentos, lendo e meditando, orando: "Cria em mim ó Deus um coração puro, e renova dentro de mim um espírito reto". Amém.  

 



Horst R. Kuchenbecker
São Leopoldo, RS ? Brasil
E-Mail: horsrk@cpovo.net

(zurück zum Seitenanfang)