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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

17º Domingo após Pentecostes, 15.09.2013

Predigt zu Êxodo 32:7-14, verfasst von Gottfried Brakemeier


 

Prezada comunidade!

Moisés ainda está no monte Horebe, onde Deus lhe revelara sua vontade. Recebeu ali as tábuas com os dez mandamentos como sinal da aliança que fizera com o povo de Israel. Deus seria fiel a este povo e o povo seria fiel a este seu Deus. São estes os termos do contrato firmado na oportunidade. Assim informa o livro do Êxodo. O povo de Israel, depois de libertado da escravidão do Egito, está no deserto, caminhando rumo à terra de Canaã. E durante esse trajeto acontece a calamidade de que fala o texto para a prédica de hoje. Moisés demora em voltar do monte, e o povo fica impaciente. Começa a desconfiar de Moisés e do próprio Deus. Onde está a proteção prometida? Será que também Deus nos abandonou?

Em sua angústia o povo se dirige a Arão, o irmão de Moisés. Quer que lhe faça um deus mais visível, palpável, concreto. O Deus da aliança parece por demais abstrato, fraco, oculto. Não satisfaz as expectativas das pessoas. O povo quer um outro Deus e pressiona Arão. E por incrível que pareça, este cede. Manda recolher as jóias, todo ouro que as pessoas guardavam, funde tudo e faz desse metal um "bezerro". Aliás, bezerro não é a palavra adequada. É a estátua de um touro que Arão mandou fazer. Touro é símbolo de força. E é assim que o povo imagina que deva ser o seu Deus. E então começa a festa. O povo dança em torno desse touro e o adora como divindade.

E a aliança? Pelo que parece tudo foi em vão. Já no primeiro teste de fidelidade a Deus o povo fracassa. Moisés ouve Deus dizer: "Vai, desce, porque o teu povo que fizeste sair do Egito se corrompeu." Religião é coisa volátil. As pessoas gostam de trocá-la, se ela não lhes atender os anseios. Trocam um deus por outro, uma confissão por outra, mudam de comunidade de fé. Aqui no Brasil falamos em migração religiosa. Assim aconteceu também naquela vez no monte Horebe. O povo de Israel abandona o Deus da aliança para substituí-lo por outro que lhe parece mais simpático. Mas cuidado! Com Deus não se brinca. O texto fala da ira de Deus que se acende contra essa gente perversa. Deus resolve castigar esse povo rebelde duramente.

Prezada comunidade! É claro que hoje não mais cultuamos estátuas de divindades em imagem de animais. Já não somos tão ingênuos assim. Os deuses modernos são mais sofisticados. É verdade que também o antigo Israel não achou que Deus fosse igual a um touro. Mas viu nesse animal o símbolo adequado para uma qualidade que em Deus não poderia faltar, a saber, o poder. As pessoas querem um Deus onipotente, capaz de vencer as forças do mal, um Deus sempre vitorioso. Por isto mesmo também se decepcionaram com Jesus. O povo se escandalizou em sua fraqueza. Zombaram do crucificado, gritando: "Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus e desce da cruz." As pessoas fazem depender a fé de demonstrações de poder, força e sucesso.

Em nossos dias o bezerro de ouro passou a ser símbolo de riqueza. De fato, há nada mais poderoso neste mundo do que o dinheiro, o ouro, o capital. Por dinheiro se compra quase tudo. Digo "quase" porque há algumas coisas que se subtraem a esta mágica. Penso no sentido da vida, por exemplo, na alegria ou mesmo na felicidade. Diz o provérbio: "O dinheiro não faz a felicidade, mas ajuda." Pois é, o dinheiro ajuda, sim, embora não seja tudo na vida. Ainda assim é pavoroso observar o fascínio que o dinheiro exerce. A ganância é uma das grandes causas dos problemas econômicos em todo mundo. Somos uma sociedade viciada pelo lucro. Sem perspectiva de lucrar, os projetos ficam na gaveta e o negócio não sai. O problema não é o lucro em si. Ele é necessário como estímulo à economia e como base do trabalho. O problema é a desproporção, o exagero, o excesso. Se o lucro vale mais do que vida humana, algo desandou.

"Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Mt 6.24). Assim falou Jesus. É um alerta altamente oportuno. O dinheiro pode transformar-se em ídolo, muito à semelhança do bezerro de ouro. Ele pode escravizar e exercer terrível tirania. Observando o comportamento do mercado e mais especificamente da bolsa de valores, pode-se perfeitamente concluir que a dança em torno desse ídolo está em pleno andamento. Quando a meta é enriquecer, tudo parece permitido. Também a corrupção tem aí a sua raiz. Aproveitar as chances que uma posição ou uma oportunidade oferece para faturar uma grana extra, tornou-se esporte coletivo. A ética passa a ser secundária. Todo truque parece válido. Mesmo as falcatruas, os golpes ao patrimônio público, as chantagens financeiras. As tábuas dos mandamentos de Deus já há tempo foram quebradas. Elas não mais importam. Quem ainda conhece os dez mandamentos?

A igreja não despreza a economia. Não transforma a riqueza em demônio. Mas ela deve à sociedade o alerta de Deus. Ídolos costumam conduzir à ruína. Também a idolatria do dinheiro não se exclui. Ela tem preço. É trágico quando tudo se transforma em mercadoria e quando responsabilidade social é confundida com sentimentalismo. Nessas condições também o ser humano não passará de um objeto descartável, cuja sorte já não interessa. Ademais o culto às posses costuma produzir a avareza indisposta a repartir. Ela promove a injustiça social, faz crescer a pobreza, estimula a defesa brutal dos interesses egoístas. De tudo isso somos lembrados quando o assunto é o "bezerro de ouro". A riqueza não se presta a servir de Deus. Ela não cumpre o que dela se espera. Não é capaz de produzir salvação.

Deus se irrita por sobre a infidelidade do povo. Ameaça acabar com os idólatras. Aliás, o castigo de Deus pode estar implícito nas consequências do próprio pecado. Deus simplesmente entrega o ser humano às consequências de seus atos. E estas podem ser catastróficas. Idolatria não compensa. Moisés não se conforma com isto. Empenhou-se em favor deste povo, libertando-o do jugo da escravidão no Egito. Deveria ser tudo isto em vão? E o pacto que Deus tão generosamente fez? Já não teria validade? Impensável! Moisés ama essa gente teimosa, quer reverter a desgraça e começa a interceder junto a Deus pelos infiéis.

E ele é hábil em sua argumentação. Ele pergunta: Que vão dizer os egípcios? Eles vão concluir que o Deus de Israel é Senhor não confiável. Primeiro ele salva e depois ele destrói? Isto não tem lógica. Além disto, Moisés lembra Deus das promessas feitas aos antepassados, a Abraão, Isaque e Jacó. Por acaso, tudo isto não mais vale? Se o povo é infiel, a fidelidade de Deus não deve cair por terra. E Deus se deixa convencer. Ele volta atrás. A intercessão autêntica é poderosa. Diz o texto que Deus se arrependeu. Deu nova chance ao povo, perdoou, possibilitou um recomeço. Não reconhecemos nisto o rosto do Pai de Jesus Cristo?

Deus desiste de punir, mesmo que tivesse todos os motivos de fazê-lo. Isto por intercessão de terceiros, neste caso Moisés. Mas Deus ouve também as nossas intercessões, se forem honestas. Nós agradecemos a Deus pela sua compaixão. Também a nós concedeu seu perdão, talvez por intercessão, talvez por súplica própria. Que bom que temos um Deus misericordioso. Mas temos que nos dirigir em prece a ele e renovar com ele o pacto de fidelidade. Então, vamos trocar este Deus por outro? Qual? Um bezerro de ouro não se arrepende, ele não perdoa, um bezerro de ouro "cobra". O evangelho diz que Deus dá nova chance a gente culpada. Portanto, vamos pedir, dizendo: "E perdoa-nos as nossas dívidas."

Amém

 



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasilien
E-Mail: brakemeier@tera.com.br

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