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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

18° Domingo após pentecostes, 22.09.2013

Predigt zu Lucas 16:1-13, verfasst von Harald Malschitzky



Irmãs e irmãos em Cristo.

A imagem que geralmente se tem de Jesus é linear, sem arestas, imagem de uma pessoa tranquilona, comedida. Talvez por isso literatura e filmes que mostram um Jesus diferente costumam causar confusão. Não que eles sempre estejam certos, mas são diferentes. Mas se a gente lê espaçadamente os quatro evangelhosvai notar não só diferentes formas de apresentar Jesus, mas vai descobrir algumas passagens muito incômodas.

Conta-se que em um grupo de estudo bíblico, quando apareceu um texto não tão conhecido, alguém teria perguntado: Vem cá, gente, será que Jesus não era muito liberal?

Um outro leitor do texto fez de conta que ele era o redator de um jornal e que Lucas escrevia uma coluna semanalmente. Quando ele leu a passagem para a nossa reflexão de hoje, ele escreveu a Lucas dizendo: " Caro Dr. Lucas. Acabo de ler o texto para a coluna. O Sr. tem certeza de que quer publicá-lo assim? Eu o mostrei a mais algumas pessoas aqui na redação e ele causou um grande alvoroço!"

É muito provável que Jesus- como o fazia tantas vezes - que Jesus tenha ouvido a história de um administrador que fora trapaceiro e desonesto com os bens que lhe foram confiados para administrar. Sabe-se que, na época de Jesus, havia muitos senhores, donos de terras, que moravam em outros lugares. Na terra deixavam um administrador, o que é mencionado em mais passagensdos evangelhos. Esses administradores podiam contratar empregados ou empreitar parte da terra. Para ter o seu próprio ganho, eles acrescentavam juros ou taxas especiais. E era aqui que se instalava a grande corrupção: Muitos administradores praticavam verdadeira usura, que não raro levava os trabalhadores à ruína!

Baseado em acontecimentos assim que Jesusconta a parábola, mas com uma agravante: O administrador fora denunciado porque estava dilapidando o patrimônio que lhe fora confiado para administrar e - obviamente - ter algum rendimento. Flagrado, vem o duro veredito: " Presta contas da tua administração porque já não podes mais continuar nela" (v.2b). Demissão sumária! E agora? Trabalhar na terra ele não quer ou não pode, mendigar lhe dá vergonha. Quase que num lampejo ele tem uma ideia e toma uma decisão radical: Ele chama os devedores e os convence a modificar o documento de sua dívida em valoresconsideráveis. Mais uma trapaça? Agora não. O administrador abre mão daquela parte que lhe cabia, na clara esperança de com isso ter a amizade e a consideração deles. Seu ex-patrão, quando ouviu isso, elogiou a sua atitude. Por que? Porque esse homem colocou em jogo toda a possível fortuna só para ter algumas pessoas a quem recorrer em sua - mais do que possível - miséria.

Nas passagensanteriores e posteriores da nossa passagem Jesus está falando do discipulado e do preço desse discipulado. Sempre havia gente que queria seguir Jesus com muito entusiasmo, no oba-oba, alguns até pensando que levariam alguma vantagem. Jesus, usando diversas comparações, parábolas, observações de acontecimentos , tenta deixar claro que o discipulado tem preço, principalmente o preço de abrir mão de vantagens e privilégios. Como era de se esperar, nessa caminhada muita gente caiu fora, tanto que em outra oportunidade Jesus pergunta aos seus discípulos mais próximos se também eles iriam embora.

A questão do discipulado coerenteperpassa a história da igreja nos dois milênios de sua existência. Assim como registra, aos milhares,exemplos de desapego, de discipulado radical com todos os riscos, há exemplos incontáveis de discipulado interesseiro, egoísta, guloso e sem escrúpulos que não merece a designação. Lamentavelmente muitos tesouros acumulados por igrejas pelo mundo afora são fruto de um agir sem escrúpulos, muito semelhante ao jeito do personagem da nossa história. "Mamom", o deus da riqueza, do dinheiro, da cobiça não se manifesta e age somente lá fora, longe dos cristãos e das igrejas. Ele também não ficou no passado, mas está muito vivo e muito presente. Nessas semanas, enquanto vemos o empenho do Papa Francisco em um caminho de humildade, corre pela imprensa internacional um exemplo contrário. O bispo de uma cidade alemã não esconde o seu gosto pela suntuosidade (construiu um palácio episcopal majestoso), pela aparência pessoal (se traja muito bem e caro), pelo conforto quando viaja (evita a classe econômica). A bem da verdade,é preciso mencionar que um número enorme de cristãos de sua diocese, bem como outros bispos, estão indo a público com suas duras críticas. Tem gente entendendo que discipulado e testemunho cristão têm outro formato!

Entretanto, olhemos para nós mesmos, olhemos para as nossas próprias comunidades: Como é difícil abrir mão de si mesmo. Como algumas comunidades têm dificuldade de usar o que têm a serviço desinteressado de outros; de abraçar ações que não acrescentam nada ao seu "patrimônio". Não que as comunidades não devam ter os seus espaços agradáveis para celebrações e encontros. A pergunta é simples: Eles estão a serviço das pessoas, dos grupos, de outros? Ou, de forma egoísta, só servem a nós mesmos!

O apóstolo Paulo diz que o cristão deve ter como se não tivesse, quer dizer, sem apegar-se, sem transformar os bens (o alto ganho do administrador infiel) em centro e objetivo da vida. Felizmente temos muitos exemplos de cristãos em particular e de comunidades inteiras que puseram tudo em risco em favor da vida de outros. A visão de discipulado no espírito de Jesus também traz seus frutos. Pessoas e comunidades que se desapegam dão um testemunho mais forte e mais convincente do que muitas prédicas.

É claro que nos vem a pergunta pelo "resultado" desse jeito diferente de ser e agir. O resultado é uma nova relação entre as pessoas e também com o mundo, um relação de amor e solidariedade e uma relação de amor e, ao mesmo crítica, em relação ao mundo, quando se compreende que as pessoas são mais importantes do que as coisas, do que o dinheiro e tudo que por ele é representado. Justamente hoje, no nosso mundo consumista, temos que reaprender a usar as riquezas iníquas para os outros, temos que reaprender a distribuir, temos que aprender que a ganância não prejudica somente a nós mesmos, mas a toda uma sociedade.O exemplo mais contundente parece ser o Natal: A partir de outubro o comércio faz as contas de quanto a mais vai lucrar neste ano e o número de devedores e inadimplentes sobe assustadoramente. Usar as riquezas - grande e pequenas - para que muitas tenham alegria e vida plena: É isso que gera comunhão e uma vida nos "tabernáculos eternos".

O chamado de Jesus incomoda por sua radicalidade, e é bom que assim seja. Desafios incomodam, mas também dão plenitude e razão para as nossas vidas. Amém

Oração: Senhor nosso Deus, através do teu Cristo nos chamas ao discipulado para colocarmos sinais do teu reino já agora no mundo no qual estamos. Dá-nos o desprendimento, dá-nos alegria em seguir os passos de teu Filho, nosso Salvador. Amém.




Pastor Harald Malschitzky
São Leopoldo – Rio Grande do Sul (Brasil)
E-Mail: harald.malschitzky@terra.com.br

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