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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

26º Domingo após Pentecostes, 17.11.2013

Predigt zu Lucas 21:5-19, verfasst von Cláudio Kupka


 

1. A vida cristã acontece em diferentes tempos. Há tempo de conhecer a Deus, de crer e aprofundar-se na fé. Há tempo de congregar em comunidade, de viver comunhão com irmãos e irmãs na fé. Há tempo de ler e ouvir a Palavra de Deus, de aprender e compreender como esta Palavra atua no contexto de nossa vida. A nossa fé vai se fortalecendo na medida em praticamos esta fé na relação com Deus e nosso próximo. Assim o nosso fundamento se transforma de areia em rocha, como Jesus nos ensina em Mateus 7.24-27 através da parábola dos dois fundamentos.

Vários são os tempos em que esta fé é provada. Pode ser no contexto de uma doença ou perda de algum familiar. É o tempo de aprender que Deus continua mostrando seu amor e cuidado, mesmo em meio a sofrimentos e dores.

Mas Cristo nos alerta que há um tipo de tempo especial para o qual devemos nos preparar, o tempo do caos, da destruição e o fim dos tempos.

A Bíblia trata desses períodos sem uma clareza cronológica. Isto tem um motivo. Esses anúncios têm endereços históricos precisos, exílio de Israel, destruição de Jerusalém e a perseguição romana, mas simultaneamente possuem uma abertura para o futuro. O tempo pode se mostrar caótico numa perspectiva histórica próxima, mas também numa perspectiva futura mais ampla. A novidade do Novo Testamento é que não se tem mais a história de Israel como referência maior, mas sim a do mundo inteiro na perspectiva do reinado de Cristo sobre toda criação e a vitória sobre o mal. Os vários discursos apocalípticos encontram no Apocalipse de João o tempo apocalíptico mais sublime e definitivo.

A leitura desses textos, portanto, quer nos ajudar tanto a lidar com as crises e caos do tempo presente e o do futuro.

Mas que lição é essa que devemos passar e como nos preparar para encará-la?

 

2. O templo de Jerusalém, citado no início do texto, é uma metáfora importante. O templo é feito de pedras assentadas umas sobre as outras formando uma sólida e firme construção. A vida cristã é também formada por experiências "construtoras da fé". Reconhecer o amor de Deus revelado a nós no batismo, ouvir e reconhecer a voz de Deus nas Escrituras, exercitar a fé na oração e na confiança diária em Deus, viver a comunhão cristã ocupando o nosso espaço nesta família, testemunhar a nossa fé no mundo em palavra e ação no espírito do amor e da graça de Deus são algumas delas. São experiências que fortalecem a fé especialmente nos ajudando a enfrentar crises futuras. Quando a crise chegar não nos desanima ou enfraquece nossa fé, ela pode inclusive nos fortalecer.

O templo também é metáfora da transitoriedade da vida. Mesmo o templo, com toda a sua solidez, pode ser destruído. Há coisas na nossa vida e ao nosso redor que podem e vão ruir um dia. Não percebemos isso, pois damos importância relativa a muitas coisas sem perguntarmos pelo mais importante. Não exercitamos muito a arte de estabelecer prioridades e noções de maior ou menor valor as diferentes áreas da vida. Somente na crise que esses valores diferentes se revelam.

Cremos que a ordem social e familiar é fundamental para o desenvolvimento humano. Imaginar a nossa sobrevivência em meio à fome, à morte, à destruição, à calamidade, à perseguição, à traição, à falta de liberdade é algo difícil para nós.

Cremos também que a dimensão humana e institucional do ser igreja é necessária e tem o seu valor. Mas admitir que haverá um tempo em que nada disso existirá é complicado. Admitir que nossa fé poderá sobreviver quando não houver mais nenhuma igreja, nem comunidades, nem pastores, nem Bíblias, nem liberdade religiosa, é algo difícil.

A crise serve para nos ajudar a focar no mais importante, a não esquecer o essencial. Se nos tirarem tudo, o que permanece? O que não podem nos tomar de nós?

É sobre esta crise de nosso texto trata. Falsos cristos, guerras, catástrofes, perseguições, divisões nas famílias não têm o poder de nos afastar de Cristo. Tudo pode ruir ao redor e nossa fé permanecerá forte nos conectando a Cristo. Será um tempo em que falar de Cristo pode implicar em pena de morte, mas será um tempo em que se poderá falar de Cristo às autoridades. Enfim não é a circunstância que define nossas convicções interiores. É o movimento contrário que se estabelece.

Victor Frankl, um médico psiquiatra austríaco que sofreu os horrores dos campos de concentração nazistas, disse: "Quem tem um PORQUE na vida, enfrenta qualquer COMO."


3. Vivemos tempos em que há uma confusão muito grande de valores. As pessoas correm atrás de muitas coisas sem valor. Preocupam-se com o consumo, com as novidades, com a aparência, competição, com a justiça, com a com a intensidade da vida e pouco com a saúde, com a qualidade das relações humanas, com a vida em sociedade, com a religiosidade, o respeito e a solidariedade. Isto é perigoso, pois dificulta ter uma noção melhor do que é mais importante. Se isso já é difícil para uma vida despojada e simples, muito mais o é para quem cede a muitos apelos atraentes.

Vivemos um tempo de muita ansiedade. Não damos conta das dimensões mais básicas da vida e ainda nos impomos novas demandas da vida moderna. Queremos tudo e não temos nada. A ansiedade nos castiga a saúde, mina nossas relações humanas e nos afasta de Deus.

Nossa fé precisa nos preparar para uma atitude serena e confiante diante do futuro. Nossa falta de prioridades e a ansiedade precisam ser alvo de nossa construção da fé. Um dia seremos testados ao extremo. Que Deus nos preserve fortes, confiantes e firmes na fé.

 



Cláudio Kupka
Porto Alegre/RS – Brasil
E-Mail: claudiokupka@yahoo.com.br

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