Desejo que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos nós. Amém.
Estimada comunidade! Estamos diante de mais um Natal. O que temos visto e ouvido nessa época? Certamente ruídos e vozes nas lojas e ruas. Música natalina nas praças e shoppings. Promoções na TV e nos alto-falantes. São muitas vozes, variadas vozes que procuram chamar nossa atenção!
Em reação a essas vozes do lado de fora, começam a brotar vozes dentro da gente: “E então, ainda não compraste o presente para .... , e o presente do amigo secreto?” “Para quando fica a faxina geral da casa? E a pintura da casa, ainda sai antes do Papai Noel?”
Daqui a pouco o ano termina e nossas as vozes interiores não querem calar: “Que tipo de pessoa tu és! O ano termina e onde ficaram aquelas metas propostas na virada do ano? Cadê os hábitos de saúde, de se alimentar melhor, fazer exercícios?” “O ano termina e de novo não fizeste aquele curso desejado! Não leste aquele livro? Não leste o devocionário, e a leitura da Bíblia?! Que tipo de pessoa cristã tu és!” Somos atormentados por vozes de cobrança! Vozes de fora, e vozes de dentro! Vozes por todos os lados!
Mas a voz mais importante, e a qual queremos dar atenção agora, é a voz de Deus que nos chama nesse tempo de Advento e Natal. E Deus chama para fazermos o quê? Ele também exige e cobra? Como comunidade, como ouvir o chamado de Deus em nosso tempo e em nossa cidade?
Vamos conferir isso no início da Carta de Paulo aos Romanos (Ler Rm 1.1-7).
Estimada comunidade amada, chamada por Deus! É com esses adjetivos que o apóstolo Paulo saúda as pessoas cristãs reunidas em Roma, na capital do Império. São palavras elogiosas! Palavras que ‘levantam o astral’. Quem não as precisa ouvir de vez em quando?! Mas Paulo não elogia os romanos, apenas para levantar o astral, para agradá-los com demagogia. A própria vida do apóstolo está marcada por estas qualidades. Como nas outras cartas, Paulo se apresenta com poucas palavras. Coloca o essencial: “Deus me chamou!” “Deus me separou para ser seu apóstolo”. Para Paulo estava claro: Ele não chamou a si mesmo. Não foi sua própria voz interior que o chamou! Não foi a voz de cobrança que o chamou. Essa vinha do judaísmo farisaico, e fez dele perseguidor do Evangelho. O novo Paulo sabe-se chamado pelo próprio Deus! É a voz do Bom Pastor, do próprio Jesus, que ele identifica. Não é voz de um estranho, de um empregado interesseiro, para usar a linguagem de João 10. E esse chamado dirigido a Paulo tem um claro objetivo: anunciar a boa notícia as salvação em Jesus Cristo a todas as pessoas que puder, e em todos os lugares que puder alcançar.
Qualquer chamado exige atenção, e uma pronta resposta. No final da manhã, a mãe chama o filhinho que está brincando no pátio do vizinho: “Venha logo! Tá na hora do almoço!”. No final do dia o agricultor chama os animais para a estrebaria. E quando somente a voz não basta, é só balançar um feixe de pasto, que o instinto de alimentação os faz se aproximar. Pra chamar galinhas, basta sacudir um pouco de milho num recipiente, fazendo o barulho típico, que você é quase atropelado...
Estimadas irmãs e irmãos! Nós somos chamados por Deus nesse tempo de Advento. Atendemos a sua voz não por instinto natural, mas pela percepção espiritual. E como reagimos a esta voz revelada nas Escrituras? Como nos portamos diante do chamado do Bom Pastor? Aliás, ninguém chama a si mesmo. Paulo e a comunidade de Roma sabem-se “chamados”. Isso é voz passiva. A ação de chamar é de Deus, é do próprio Jesus. Recebemos o chamado como dádiva e presente, assim como a voz passiva nos marca em tantos momentos especiais: somos nascidos, somos batizados, somos confirmados...
O apóstolo apresenta esse Jesus que chama, e que vem a nós no Advento e Natal. Ele é “descendente do rei Davi”. Tem uma história humana. Nasceu em Belém, no tempo do recenseamento de César Augusto. Andou por cidades e povoados que podem ser identificados no mapa da Palestina. E Jesus é Filho de Deus. Ressuscitou dos mortos. Reina em “grande poder”. Essa é sua história divina. Sua presença e atuação podem ser verificadas em cada encontro de sua comunidade, em qualquer parte do planeta!
Quando Deus chama, é preciso dar atenção à sua voz. Em meio a tantas vozes em nosso mundo, e já as mencionei no início, ainda conseguimos tempo e sossego para ouvir a voz de Deus? É necessário termos um lugarzinho sossegado pra leitura e reflexão. Como a oração nos é necessária! Tirar alguns minutos para agradecer e interceder não roubará muito do nosso curso tempo! Pelo contrário, deixar de cultivar a espiritualidade vai nos roubar a sensibilidade de ainda ouvirmos a voz de Deus em nosso tempo. É preciso aperfeiçoar essa percepção e sensibilidade espiritual. Podemos fazê-lo, prestando atenção às “vozes” da natureza. Nosso país tropical nessa época nos traz tantas parábolas da natureza. Basta ter percepção para ouvir o louvor dos pássaros ao amanhecer. Os grilos ao adormecer. Plantas verdes e exuberantes, brotos tenros, árvores retorcidas – parábolas de vitalidade, de renovação, de resistência!
Cara Comunidade amada de ................................... Comunidade chamada a ser de Jesus, chamada a ser povo de Deus! O que o chamado de Deus produz em nós ainda hoje?Cara Comunidade amada de ................................... Comunidade chamada a ser de Jesus, chamada a ser povo de Deus! O que o chamado de Deus produz em nós ainda hoje?
- o chamado de Deus une pessoas diferentes, muitos diferentes, algumas que antes não se conheciam e coloca-as todas no mesmo caminho de Jesus. Para os romanos, Paulo diz que Deus chama “para pertencer a Jesus”! O batismo é sinal de que não pertencemos a nós mesmos, mas temos um dono, ou melhor, somos ovelhas cuidados pelo olhar amoroso do Bom Pastor. Também a nossa confissão de fé, o nosso sim para Cristo é um sinal visível e audível de que pertencemos a Jesus.
- o chamado torna as pessoas humildes. É Deus que nos chama; não chamamos a nós mesmos, repito. Há muitas pessoas que se consideram “chamadas”, “escolhidos por Deus”, “eleitos” entre a multidão. Mas isso tem provocado nelas mania de grandeza. Acham-se melhores ou mais espirituais que os demais. Deus não chama para sermos mais e melhores que os outros. Pelo contrário, Deus chama para sermos “menos” diante do mundo, para sermos “pequenos” diante do mundo. Deus chama para servir, amar e ajudar onde for possível.
-o chamado de Deus pede por obediência na fé. Não dá para ficar indiferente ao seu chamado. Nossa resposta só pode ser obedecer, assim como não resta opção à criança convocada por sua mãe para voltar pra casa!
- o chamado de Deus estende a graça e a misericórdia aos que dão atenção à sua voz. O apóstolo o expressa no voto de bênção, que repito e estendo a vocês irmãos e irmãs:
“Que a graça e paz de Deus, o nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês!” Amém