Göttinger Predigten
Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach
17º Domingo após Pentecostes, 23.09.2007
Predigt zu Lucas 15:1-10, verfasst von Lindolfo Pieper
1PERDIDOS E ACHADOS
Lucas 15.3-7: "Então Jesus lhes propôs esta parábola: Qual dentre vós é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento".
Certa vez um menino, de mais ou menos cinco anos de idade, se perdeu na mata. Os seus pais, desesperados, saíram à sua procura. Amigos, vizinhos, solidários, ajudavam na busca. Já se fazia noite e todo o esforço parecia em vão. O menino, cansado e com frio, juntando folhas secas junto a uma árvore caída, adormeceu tranqüilo. Enquanto isso, a busca continuava noite à dentro.
Já amanhecia quando o pai, quase sem esperanças e vencido pelo cansaço, sentou-se sobre o tronco daquela árvore caída. O menino, acordando e vendo o pai, exclamou cheio de alegria: "Papai, até que enfim eu encontrei o senhor".
Este episódio nos leva à pergunta: Quem achou quem? Muitas vezes ouvimos alguém dizer: "Até que enfim eu encontrei a Deus. Eu estava perdido, porém agora encontrei a Deus". Mas será que essa pessoa encontrou realmente a Deus ou foi Deus quem encontrou ela?
Na verdade, não foi Deus quem se perdeu. A realidade é que nós nos perdemos. Nem tampouco somos nós que achamos a Deus. É Deus quem nos procura e nos acha. Diz a Palavra de Deus em Lucas capítulo 19: "Porque o Filho do homem (Jesus) veio buscar e salvar o perdido".
Se hoje estamos nos braços protetores de Deus, é porque Jesus nos procurou e achou. Desde a eternidade Deus decidiu nos buscar e salvar. E Jesus, o Filho de Deus, não se sentou sobre o tronco de uma árvore, esperando que nós o achássemos; mas ele se deixou pendurar no madeiro da cruz a fim de nos livrar da perdição do pecado.
Como uma ovelha perdida, Jesus toma-nos nos seus ombros e nos conduz de volta ao aprisco de Deus. Toda a distância entre Deus e o homem foi percorrido por Jesus, pelo que ele diz: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14.6).
Não estamos mais perdidos. Deus nos achou. "Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou", diz o apóstolo João.
O Evangelho desse domingo fala de perdidos e achados. Jesus conta uma história, onde ele usa como exemplo uma ovelha que se perdeu; mas, depois de muita procura, foi encontrada pelo seu dono. É a parábola da ovelha perdida.
A parábola da ovelha perdida é, sem dúvida, uma das mais bonitas e comoventes histórias que Jesus contou; pois ela se refere a nós, seres humanos, que, perdidos no pecado, fomos salvos por Cristo.
Jesus estava na companhia de pessoas odiadas e desprezadas pelos judeus: publicanos e pecadores. Os judeus, vendo isso, começaram a criticá-lo, dizendo: "Este recebe pecadores e come com eles".
Jesus, então, para se justificar, conta a parábola da ovelha perdida. Diz ele que um homem tinha cem ovelhas e uma delas se perdeu.
O homem, aqui nesta história, representa a Deus; a ovelha representa o ser humano. Todo ser humano pertence a Deus, pois ele o criou e o sustenta.
Também nós, querendo ou não querendo, pertencemos a Deus, pois ele nos criou. E como tal, fazemos parte do grande rebanho de Deus. Diz a Bíblia no Salmo 100: "Foi ele quem nos fez e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio".
E, como ovelhas de Deus, nós temos a necessidade de um pastor, de alguém que cuide de nós. E isso Deus faz através de Jesus, que é o nosso bom Pastor.
Na história que Jesus contou, das cem ovelhas, uma se perdeu.
Por natureza, somos ovelhas perdidas: nascemos e somos concebidos em pecado. Mas Cristo veio ao mundo e nos salvou de todos os pecados, da morte e do poder do diabo. Agora, pela fé nele, temos a salvação, somos ovelhas achadas.
Porém, apesar da obra redentora de Cristo, muitos continuam ainda perdidos, que não conhecem o bom Pastor, que é Jesus. A esses Jesus procura, pois quer salvá-los também.
Estes perdidos são aqueles que, como o filho pródigo, abandonam o lar paterno para, longe de Deus, satisfazer os prazeres da carne.
São aqueles que, como os discípulos, acham duro demais o ensino de Jesus que exige sacrifício e espírito de renúncia e, por preferirem viver livremente, se afastam dele.
São aqueles que, como aquele homem rico que Jesus chamou de louco, apenas se preocupam com as coisas da vida, como acumular riquezas, e se esquecem de Deus.
São aqueles que, cujo amor pela palavra de Deus se esfriou na medida em que os seus corações foram sendo dominado pelo espírito deste mundo, um espírito materialista e anticristão.
Enfim, perdidos são todos aqueles que se afastam de Jesus e do seu rebanho para seguir os seus próprios caminhos.
Muitas pessoas, a exemplo da ovelha perdida, se deixam enganar facilmente, perdendo-se por qualquer motivo. Por isso mesmo Jesus, na história que contou, usa a figura da ovelha.
A preocupação da ovelha é encontrar boas pastagens, sombra e água fresca. Ela arrisca a sua vida por essas coisas. Se ela vê diante de si alguma grama verde, ela vai em sua direção, não importando se lá na frente tem um precipício, galhos, animais ferozes ou outro perigo qualquer.
Assim é também o ser humano. Ele dá tudo que tem em troca de alguns momentos de prazer aqui na terra, até mesmo a sua alma. Quando se trata de satisfazer a sua carne, ele não olha se isso ou aquilo é pecado, se isso o pode levar ao inferno.
E Satanás sabe disso e se aproveita de tudo para seduzir o ser humano ao pecado. Ele prepara a isca e a lança para o homem cair. No começo, como uma boa pastagem, parecem coisas boas. Mas, como a isca do anzol que prende o peixe pela boca, essas coisas tornam a pessoa prisioneira de Satanás.
E a própria Bíblia nos registra exemplos como Satanás seduziu muitas pessoas com as suas iscas venenosas.
Lá no jardim do Éden ele usou a fruta para enganar Adão e Eva.
No Dilúvio ele usou a descrença e a indiferença para com Deus, fazendo com que os seus corações estivessem mais voltados para a comida e a bebida, do que para Deus.
Na torre de Babel ele usou o orgulho, colocando no seu coração a idéia de tornar grande o seu nome.
Em Sodoma e Gomorra ele usou o mundanismo e a prostituição para afastar o homem de Deus; a esposa de Ló estava tão agarrada ao mundo que ela não quis sair da cidade, preferindo morrer que obedecer a Deus.
Com o rei Davi ele usou o sexo, seduzindo-o ao adultério; com Judas ele usou o dinheiro, fazendo-o vender o seu Salvador; com Ananias e Safira ele usou a falsidade, fazendo-os enganar a igreja.
Com Marta ele usou os afazeres domésticos, a preocupação com os serviços de casa, fazendo-a desprezar os ensinos de Jesus. E assim por diante.
E hoje ele continua a usar as mesmas iscas, levando muitas pessoas à perdição.
O que é triste nisso tudo é que o homem não percebe as sutilezas de Satanás; parece até que ele gosta de ser enganado e de trilhar o caminho da perdição.
Também não percebe o perigo que está correndo. Como a ovelha que caminha em direção ao precipício, sem perceber o perigo, o homem caminha em direção ao inferno sem pressentir o perigo. Segue alegre e feliz o seu caminho em direção à condenação eterna.
E é este homem que Deus procura. Ele se torna alvo da atenção de Deus. Deus poderia dizer: "Bem, lamento muito a perda dessa pessoa. Porém, tenho tantos outros que são salvos, deixa ela para lá!"
Mas Deus não se conforma com a perda de uma única alma. No seu procedimento pessoal, bem como nos seus ensinamentos, Jesus mostrou a sua constante preocupação pelo indivíduo, daquela uma alma que está perdida.
Freqüentemente vemos Jesus se dedicando a pessoas particulares, sejam homens ou mulheres, crianças ou jovens. Não que ele desprezasse a grande massa do povo, mas porque ele quer ser o Salvador de cada um em particular.
Por isso Jesus deixa as noventa e nove no deserto e passa pela coletoria de Cafarnaum, onde um publicano, de nome Levi, precisava dele.
Por isso ele chega ao poço de Sicar, na Samaria, onde uma mulher precisava da água da vida.
Por isso ele dá atenção a Nicodemos, que o procura em Betânia; ao cego no templo; ao paralítico deitada na maca; a Zaqueu, trepado numa árvore; e ao malfeitor na cruz. É que todos eles tinham uma alma preciosa, que não podiam perder.
Pois uma alma, segunda as palavras do próprio Jesus, vale mais do que o mundo inteiro. Para salvá-la foi preciso que o Filho de Deus derramasse o seu santo e precioso sangue.
É por causa do valor de uma alma e o seu amor pelo ser humano, que Jesus procura a ovelha perdida. Como o pastor de ovelhas, que sobe montanhas, atravessa ladeiras, passa por lugares difíceis e não desiste, até encontrar a ovelha perdida, assim também o Salvador Jesus procura por todos os meios ganhar de volta o pecador perdido.
E quando a encontra, coloca-a sobre os seus ombros, cheio de júbilo, e volta para casa, dizendo: "Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha perdida". E Jesus conclui, dizendo: "Assim há júbilo no céu por um pecador que se arrepende".
Sim, Deus se alegra com a salvação do pecador. Para Deus não existe maior alegria do que ver uma pessoa, que estava perdida no pecado, ser libertada das garras de Satanás.
Deus se alegra quando um pecador se arrepende porque é mais um que não precisa ir para o inferno; é mais um que pertence ao número dos salvos; e, conseqüentemente, é mais um que vai morar com ele no céu.
Prezados irmãos e irmãs. Quantos de nós já não andamos como uma ovelha perdida, desgarrada, afundado no pecado e longe das coisas de Deus. Se não fosse o pastor Jesus, estaríamos ainda hoje nessa situação.
Mas Jesus nos procurou, chamou-nos pelo Evangelho e nos trouxe de volta para Deus. E nós hoje somos agradecidos a Deus por ele nos haver salvado. E Deus também está alegre com isso, pois ele nos ama e nos quer ter um dia com ele no céu.
Porém muitas pessoas ainda continuam no caminho do pecado; como ovelhas perdidas, estão longe do pastor Jesus. São pessoas de todo tipo: pessoas ricas e pobres, amigos e vizinhos. Pessoas que até mesmo fazem parte da igreja.
São pessoas que continuam merecendo a atenção de Deus, que estão sendo procuradas pelo Salvador Jesus. Pessoas que devem merecer também os nossos cuidados, que devem ser alvos da nossa atenção.
Prezado amigo e amiga. Você que ainda não tem Jesus como o seu Pastor, faça o Senhor Jesus ficar alegre, aceitando-o ainda hoje como o seu Salvador.
E você, que já o aceitou como o seu Salvador e pertence ao seu rebanho, alegra o coração de Jesus, levando outros a Cristo.