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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

17º Domingo após Pentecostes, 23.09.2007

Predigt zu Lucas 16:1-13, verfasst von Guenter Karl Fritz Wehrmann

 

Graça e paz estejam com todos nós da parte daquele que é, que era e que há de vir, Amém

Estimadas irmãs e estimados irmãos em Cristo!

As leituras bíblicas desse domingo nos abrem os olhos para o Deus que se compadece dos esquecidos e excluídos. Segundo Sl 113, ele se importa com a humilhação dos pobres e tira da miséria os necessitados. Conforme Am 8, ele denuncia comerciantes que vendem o trigo, alimento básico, não só de má qualidade, mas ainda por preço extremamente alto. Por isso os pobres, por não terem dinheiro para pagar suas dívidas, são obrigados a vender o pouco que têm e se tornar meeiros ou mesmo escravos. Deus mesmo se sensibiliza com eles e anuncia um terrível juízo sobre os que arquitetam a injustiça.

Como se ajusta a isto Lc 16.1-13, o texto previsto para a prédica de hoje? Jesus conta a parábola do administrador desonesto. Observando o original grego, parece ser mais acertado falar no "administrador da injustiça". Realmente, o que ele faz não é apenas um gesto desonesto, um deslize moral, é crime. Está defraudando os bens de seu senhor. Está enriquecendo em cima de propriedade alheia. Nós interpretamos assim: Ele cobra juros sobre empréstimos tomados do senhor daquele administrador. Isso era proibido pela lei judaica. Mais escandaloso ainda é que ele explora e fatura em cima de trigo e azeite de oliva, que na Palestina eram tidos como alimentos básicos. Colocar sobre estes produtos elevadíssimos juros de 20 ou mesmo 50 %, isto era o cúmulo da injustiça. Dessa forma os devedores que não têm como pagar essa conta exorbitante, eram condenados à eterna dependência e escravidão.

É impressionante ver como esse sistema de injustiça se prolongou e aperfeiçoou até os dias de hoje! Ele se manifesta nas relações sociais em todos os níveis, tanto em nosso país quanto entre os países no mundo. Poucos se deixam servir pelos muitos e concentram a riqueza em suas mãos. Os muitos estão na dependência dos poucos. Parece que esse sistema de injustiça se reproduz com maior ou menor dramaticidade ou sutileza em todas as relações sociais.

Tal injustiça clama aos céus e comove o coração de Deus. Por isso Jesus conta na parábola que o patrão manda chamar o administrador dessa injustiça para que ele preste contas. Nesse fato se evidencia quem realmente tem a última palavra. Não são os administradores da injustiça que arquitetam os sistemas de exploração, marginalização e escravidão, nem são os seus executivos, seja em que nível for que atuem. Em termos da parábola, quem realmente tem a última palavra é aquele patrão ao qual tudo e todos pertencem. Diante dele nada subsiste, nem o sistema da injustiça por mais camuflado que seja. Fazendo uso de sua autoridade e de seu poder, anuncia ao administrador da injustiça a demissão.

Em vista disso, o administrador da injustiça começa a tremer. Contudo, logo começa a ponderar: O que vou fazer? Fazer trabalho braçal? - A isso não estou acostumado. Mendigar nas ruas? - Isso está abaixo da minha dignidade!... Já sei! E imediatamente ele chama os devedores de seu patrão, um por um, e manda diminuir os números da respectiva dívida. Por exemplo: Quem devia cem barris de azeite, devia transformar o número para cinqüenta. Assim a dívida diminuiu em 50%. Ou aquele que devia mil medidas de trigo, devia modificar o número para oitocentos. Desse modo a dívida diminuiu em 20%.

Com isso, o administrador não prejudicou o patrão. Pelo contrário, ele mandou cortar fora a percentagem de juros que ele, por conta própria e em interesse próprio, havia colocado em cima da dívida. Ele nada mais fez do que justiça, indo ao encontro dos devedores. E quando depois iria passar necessidade, eles iriam reconhecer o gesto e por gratidão o recompensariam. O patrão, por sua vez, ao ver que se fez justiça, elogia a esperteza do administrador. Pois este, devolvendo o que injustamente tirou dos devedores, deixou de ser egoísta e explorador. A parábola nos conta um caso de arrependimento.  

De modo muito parecido agiu também o publicano Zaqueu, quando devolveu o que injustamente havia cobrado a mais em impostos. Além disso, partilhou parte de seus bens com os pobres. Assim se arrependeu também o filho mais novo, que havia abandonado a casa do pai e gasto toda a sua herança. Voltou para casa e pediu ser aceito não mais como filho, mas apenas como empregado. São exemplos de mudança de atitude, de meia volta, ou seja, de arrependimento - não de boca para fora, mas com atos concretos, orientados pelo amor.

É por isso que Jesus diz em Lc 15.10: "Pois eu digo a vocês que assim também os anjos de Deus se alegrarão por causa de um pecador que se arrepende dos seus pecados." Aqui se manifesta algo do mistério do amor de Deus. Ele não ama o pecado, nem espalha "graça barata'. Pelo contrário, irrita-se com o pecado, não compactua com ele, ele o castiga e pune. Contudo, ama indizivelmente o pecador e a pecadora, a ponto de se sacrificar em favor deles. Toma sobre si mesmo o castigo que nós teríamos merecido. Lá, na cruz de Gólgota, onde Jesus clama: "Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?" sim, é lá que o próprio Deus justo sofre o abandono, a alienação, a morte em lugar de nós que somos injustos em maior ou menor grau.

É esse amor divino que toca e comove, liberta e transforma, seja o filho mais novo, seja  Zaqueu, seja, o administrador da injustiça em nossa parábola. Esse amor nos liberta de todos os tipos de desamor. Já que vivemos do perdão de Deus, somos constrangidos a perdoar o próximo não só duas vezes, mas sempre quando necessário. Vejamos que perspectiva e esperança se abrem aí para a vida em comunhão, por exemplo entre cônjuges e entre pais e filhos!

É essa justiça de Deus que também nos sensibiliza para com o sofrimento das pessoas esquecidas e excluídas. Ela nos faz valorizar pessoas idosas, doentes, dependentes e crianças sem lar. A justiça de Deus nos liberta da obsessão de acumular para nós mesmos e possibilita o partilhar com quem necessita. Imaginemos que perspectivas aí se abrem para as relações sócio-econômicas em nosso país e entre as nações! A justiça de Deus nos liberta de valores fatais como "lucro acima de tudo", e dirige a atenção à promoção de valores como "qualidade de vida e segurança para todas as pessoas". Imaginemos que perspectivas se abrem aí até mesmo para a reorganização de nossa aviação civil que tanto nos afligiu nos últimos tempos!

Essa libertação nos faz perceber que bens e riquezas não são valores em si mesmos. Eles possuem uma função social. Estão aí para possibilitar a sustentabilidade de tudo que existe e vive, também (!) para o nosso próprio sustento. Observemos bem! Também para o nosso próprio sustento, mas não só nem em primeiro lugar! É por isso que Jesus recomenda: "Usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno."

O que Jesus quer dizer com isso? Será amizade algo factível, algo a ser conquistada, comprada? Não será ela antes algo a ser recebido como dádiva? Provavelmente vocês já têm experimentado que as coisas essenciais da vida, tais como esperança, fé, amor, paz, amizade, não se pode produzir, comprar ou merecer. São dádivas que querem ser aceitas. Mas provavelmente também já experimentaram, com dor, que a gente pode rejeitá-las. Contudo, à medida que partilhamos tempo, ouvidos, dinheiro e outros recursos ideais e materiais, cria-se um ambiente em que amizade, esperança e amor possam surgir. Foi exatamente essa atitude esperta que o administrador da injustiça adotou. Foi por isso que o patrão na parábola o elogiou.

O mistério da vida é esse: Dando é que se recebe. Recebe-se muitas vezes já aqui na terra, embora nem sempre. Mas, com certeza, recebe-se lá na eternidade. É por isso que o evangelista Lucas conta também a história sobre o homem rico e o pobre Lázaro. O homem rico, depois de morto, queria que o pobre Lázaro lhe molhasse os lábios, quer dizer, queria receber um gesto de misericórdia. Mas era tarde demais. Não havia meios de comunicação de lá para cá. Por isso Jesus enfatiza a urgência de usar os bens e as riquezas em sua função social, a fim de que surja um ambiente de amizade. Então dará gosto de viver, já agora e ainda mais na eternidade.

Para tanto Deus nos ajude e nos use. Amém.

 

E a paz de Deus, que ultrapassa todo o nosso entender, falar e ouvir guardará os nossos corações e as nossas mentes, em Cristo Jesus, Amém.

 

 

 



Pastor Guenter Karl Fritz Wehrmann
Tramandaí RG, Brasilien
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