Göttinger Predigten
Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach
Primeiro Domingo na Quaresma, 09.03.2014
Por Jesus vencendo as tentações
Predigt zu Mateus 4:4-11, verfasst von Everson Block
Textos complementares: Gn 2. 15-17; 3. 1-7 e Hb 11.29 – 12.2
Introdução
Outro dia conversava com uma senhora que padece sob o diabetes. Durante a conversa sobre sua doença ela disse:
“- Pastor, depois que eu me descobri diabética o açúcar transformou-se em uma terrível tentação para mim! Antes eu não dava importância para os doces, mas agora...”
Essa conversa me lembrou de um texto bíblico, no qual o evangelista Mateus nos relata de um episódio na vida de Jesus Cristo, no qual ele foi tentado até suas últimas forças, mas resistiu firme. Trata-se do texto de
Mt 4.4-11
O texto precisa ser olhado desde o versículo 1 do capítulo 4 de Mt. Jesus é levado ao deserto para ser tentado pelo inimigo, o diabo. Muito interessantemente o texto da tentação está inserido no relato bíblico imediatamente após o batismo de Jesus Cristo por João Batista.
No batismo de Jesus, o Espírito Santo deixa claro que o Cristo é o filho de Deus por meio da voz que vem dos céus.
Logo em seguida, o Senhor Jesus é enviado ao deserto, onde ele é tentado. A primeira tentação quer satisfazer a necessidade básica de todo ser humano: matar a fome. Jesus estava há 40 dias e noites sem comer. O diabo afronta-o questionado, colocando em cheque, sua filiação divina: se ele fosse, de fato, o filho de Deus poderia usar seu poder para transformar pedras em pães de excelente qualidade. Mas ele não entra na jogada de satanás.
A segunda tentação tem a ver com colocar Deus a prova. Caso ele fosse o filho de Deus, de fato, ele poderia jogar-se do alto do templo e os anjos viriam ao seu encontro, livrando-o de uma queda que eventualmente resultaria em morte. Jesus não aproveita a oportunidade para realizar um show. Ele sabe da armadilha por trás da proposta.
A terceira tentação tem a ver com a glória dos reinos. Ele teria toda a glória dos reinos – seria admirado e grandioso perante todas as nações – caso Jesus se prostrasse à presença de satanás.
O que há por trás do texto?
Existe uma perversa idéia de satanás por trás deste episódio narrado nesta perícope. O diabo não está preocupado com a fome de Jesus, nem com a possibilidade do Cristo atirar-se da torre do templo ou não e nem com a propriedade da glória dos reinos. O inimigo de Deus, o diabo, tentador desavergonhado, está interessando em que Cristo transgrida o primeiro mandamento, a saber: “Eu sou o Senhor teu Deus, não terás outros deuses diante de mim”. Caso Jesus aceitasse uma dessas propostas satânicas, ele estaria negando sua essência, seu batismo, sua filiação. Logo, seu senhor não seria mais o Pai Celestial, mas sim o tentador.
Mas Jesus Cristo resiste às propostas e se mantém firme na sua resolução de viver sua filiação divina. Ao adotar esta postura, Jesus vence o maligno e aponta sinais de graça também para nós, hoje!
O que esse texto me ensina?
Ensina-me que não preciso nem devo me desesperar por também passar por tentações, pois elas fazem parte da condição humana!
Desde o Jardim do Édem estamos expostos às tentações. Adão e Eva foram tentados por uma distorção da verdade. O leitor atento de Gn (2. 15-17; 3. 1-7) há de perceber que uma das maneiras do diabo atacar o ser humano é por meio da dúvida. Lá no episódio do Édem o diabo coloca em dúvida a ordem de Deus. Aqui na tentação de Jesus também o diabo coloca em dúvida a filiação de Cristo.
Ser tentado é parte da condição humana. Desde os mais remotos tempos, o ser humano é levado a duvidar de Deus, de sua Palavra e de sua vontade. Ao longo de toda a história de Deus com seu povo, Israel, foi assim e ao longo de toda a caminhada da Igreja de Jesus Cristo na terra também foi assim. A história está cheia de momentos em que os seres humanos foram levados a pensar que Deus não era mais importante ou que poderia a vontade do Senhor ficar à margem de suas ações, tornando-se seus próprios senhores. Ser tentado a perpetuar essa corrente do mal, qual seja a de ceder às investidas do diabo cuja especialidade é levar o ser humano a duvidar de Deus, faz parte da essência humana.
O texto de Hb (11.29 – 12.2) nos apresenta uma série de “insights” na história do povo de Deus, oferecendo exemplos de homens e mulheres que foram provados em sua fé. Pessoas que também foram provados até as últimas conseqüências, mas que permaneceram de pé, que não se renderam as investidas do inimigo e que mantiveram seu testemunho da fé e esperança em Deus e sua poderosa salvação. (pode-se destacar alguns exemplos contidos nesta perícope!)
Esse texto da tentação ensina-me que não preciso nem devo me desesperar por também passar por tentações, porque este Jesus Cristo que venceu o tentador continua ao lado do ser humano e o fortalece na caminhada em fidelidade ao Senhor Deus!
Também hoje pessoas ao redor do mundo são tentadas a duvidar do amor de Deus e de sua presença poderosa entre os seus amados. Lembro especialmente dos países em que há perseguição aos cristãos e suas famílias. Neste contexto não é bem possível que fraquezas venham a solapar a fé, pois as ameaças de morte e sofrimento desencorajam facilmente a manter firme a confissão da fé em Cristo. Penso que neste quesito as experiências de salvação relatadas por Hb sejam fundamentais: o Deus que lá atuou, continua atuando na história dos seres humanos! Ele se manifesta, Ele socorre, Ele ajuda e sustenta!
Mas desconsiderando as situações extremas de perseguição que existem em alguns contextos, penso que também os cristãos de países livres estão correndo o risco sucumbir às tentações. Quero citar alguns exemplos:
- quantos são os cônjuges cristãos e com uma firme vivência comunitária que chegam a duvidar que Deus ainda possa ajudá-los a restaurarem seus casamentos...
- quantos são os pais cristãos e atuantes nas comunidades que já não acreditam mais que Deus possa ajudá-los a reconduzir seus filhos a caminhos de sobriedade e longe das pulsões de morte (drogas, lascívia, por exemplo)...
- quantas são as pessoas que tiveram uma caminhada com o Senhor Jesus Cristo que já não mais acreditam que Deus pode perdoá-los por conta da sua “lista” de pecados e sentimentos de culpa por seus tropeços e deslizes...
- quantas são as pessoas cristãs que ignoram a soberania de Deus e são tentadas a acreditar que são seus próprios senhores, afastando-se de Deus e vivendo sua própria vontade...
Todo cristão sincero e ciente de sua situação vai experimentar momentos de tentação, seja no caixa do supermercado ao constatar que o funcionário lhe devolveu troco a mais e ele é tentado a ficar com esse dinheiro que não é seu, seja na hora em que surge uma oportunidade de tirar vantagem em negócios que envolvem generosas quantias.
A boa notícia é que é possível permanecer firme diante das tentações, não por nossa própria força e capacidade, mas pela vitória que Cristo teve sobre o maligno tentador.
Se observarmos a estratégia de Jesus frente ao tentador, veremos que suas respostas às tentações são bíblicas: sempre ele responde com uma passagem da Escritura (pode-se relembrar os textos bíblicos que Jesus Cristo cita!). A conclusão que podemos tirar deste detalhe do texto é que para permanecer de pé diante das tentações é importante que o cristão seja alguém que “maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).
A tentação ganha mais força na vida do cristão quando há um descuido com a Palavra da Verdade, que quer ser lida e guardada no coração, quer ser recitada, meditada e vivida. A estratégia de Jesus foi essa, logo esse é nosso exemplo. Porém, resistir à tentação extrapola o apenas estar “afiado” na palavra de Deus, tem a ver também com estar perto de Deus, deixando-se atrair por Ele diariamente – aquilo que Lutero dizia: morrer para o mundo a cada dia - e ser por Ele alimentado, fortalecido e esclarecido, de maneira que não possam as dúvidas roubar o espaço do nosso coração que é reservado às certezas da vida aos graciosos pés de Jesus Cristo.
Que a vitória de Cristo sobre o tentador e a certeza da nossa filiação em Deus por meio de Cristo seja a âncora para resistir ao diabo!
Amém!