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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Semana Santa (6ª-feira santa), 18.04.2014

Predigt zu Mateus 27:27-32, 33-50, 51-56, verfasst von Scheila dos Santos Dreher

 

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja conosco! Amém.

A expressão mais visível e palpável da Sexta-feira Santa é a cruz. Em nosso cotidiano estamos cercados e cercadas por cruzes: Nos cemitérios, à margem das estradas, em acessórios como brincos e gargantilhas, como ornamento em muitas casas. Especialmente nas igrejas cristãs, a cruz ocupa lugar de destaque. Todas estas cruzes aludem à crucificação de Jesus. Sem o amor de Deus, o Cristo na cruz escancara - põe às claras - o nosso pecado. Sem o amor de Deus, a cruz de Jesus nos condena. Pelo amor de Deus, a cruz de Jesus revelou seu profundo amor por nós, permitindo que Jesus tomasse sobre si todo o pecado da humanidade. Nesse sentido, a cruz de Jesus escancara - põe às claras -, também, o amor de Deus!

Originalmente, a crucificação era a pena de morte prevista a toda pessoa que se opunha à autoridade política do Império Romano. A liderança judaica entregou Jesus às autoridades romanas e apoiou a crucificação de Jesus. De certo modo, fez isso em defesa própria, porque a religião judaica só era tolerada pelo Império Romano, caso não perturbasse a ordem política do Império. Com seus milagres e curas, com sua postura e ações amorosas em favor das pessoas excluídas, com a oferta de perdão fora do templo de Jerusalém e sem qualquer necessidade de oferecer sacrifícios para tal, Jesus estava causando "tumulto", agrupando pessoas, provocando o surgimento de uma nova ordem social e de uma nova relação com Deus. Nesse sentido, a crucificação não foi o destino premeditado por Deus para Jesus; antes, foi conseqüência da obediência total de Jesus ao projeto do Reino de Deus e o resultado da negação de pessoas e da liderança judaica a esse projeto. A liderança judaica não aceitava que Jesus fosse o Messias - o Salvador - tão esperado. Para os romanos, por sua vez, que não compreendiam o que era o Reino de Deus e que temiam o surgimento de um novo rei político, Jesus e o movimento que se formara ao seu redor deveriam ser descartados. Jesus não recuou no anúncio do Evangelho mesmo diante das ameaças das lideranças políticas e religiosas da sua época. Sua obediência ao projeto de instauração do Reino de Deus, ainda que não em sua plenitude, o levou até a cruz. Pela cruz de Jesus, Deus criou a possibilidade de transformar aqueles e aquelas que se mostravam inimigos em amigos e amigas.

Impressionam e horrorizam os acontecimentos descritos pelo Evangelista Mateus. A sequência de atos violentos nos incomoda e traz inquietação aos nossos corações: Naquela sexta-feira Jesus foi levado ao Lugar da Caveira - o Gólgota, fora dos muros da cidade. Ele foi crucificado pelos soldados romanos, suas roupas viraram motivo de disputa e de risos, o letreiro fixado à cruz, sobre sua cabeça, zombava descaradamente do próprio Jesus e do povo judeu. Um rei pregado à cruz? Um povo que tem por rei um crucificado? Inconcebível! Quem deseja ser identificado ou identificada como seguidor ou seguidora de um rei que sequer pode salvar a si próprio? Jesus foi rejeitado por quase todas as pessoas que por ali estavam: Os principais sacerdotes, outras lideranças judaicas, soldados e autoridades romanas, inclusive pessoas que por ali passavam zombavam dele. Virou motivo de chacota! "Eles queriam um grande rei que fosse forte, dominador, e por isso não creram nele e mataram o Salvador", diz uma canção de autoria desconhecida. O grupo de discípulos mais próximo fugiu; somente algumas mulheres que seguiam a Jesus desde a Galileia permaneceram, olhando tudo de longe. Com elas, a história de salvação teve continuidade no Domingo da Ressurreição!

Na cruz Jesus não perdeu a ternura. Alguns evangelistas inclusive testemunham sobre palavras de Jesus intercedendo pelos criminosos que estão sendo crucificados ao seu lado e pelo perdão de quem comandou a crucificação. É espantoso! Apesar da dor e da condenação injusta, Jesus não reagiu com violência em momento algum. Ele vivenciou a cruz em absoluta solidão. Clamou, num grito de profunda dor: "Eli, Eli, lema sabactani?", que quer dizer: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" - palavras do Salmo 22 - mas as pessoas que estavam por ali não o entenderam e pensaram que estava chamando pelo profeta Elias. Nem mesmo a língua lhe serviu de auxílio para comunicar-se nesse momento. Estava sozinho. Mas no seu clamor havia confiança! Meu Deus - disse Jesus! Jesus morreu em comunhão com Deus; morreu orando!

Percebo e reconheço na convivência com as pessoas o amor entre um casal, o amor entre pai, mãe, filhas e filhos, o amor entre avós e seus netos, o amor entre verdadeiros amigos e amigas. Mas um amor como o manifesto por Jesus na cruz não encontro paralelo. Estamos acostumados, em nossa sociedade, a fazer algo para merecer algo. Por exemplo: quem se esmera no estudo recebe boas notas e tem bonificações; quem se dedica em sua profissão é reconhecido e suas possibilidades profissionais se ampliam. Com Jesus acontece diferente. Ele foi motivo de zombaria, foi abandonado pela maioria das pessoas que o seguiam e sentiu-se até mesmo abandonado por Deus; foi humilhado, foi fisicamente machucado e aceitou humildemente o seu sofrimento - sua paixão -, assumindo sobre si todo o pecado das pessoas oferecendo-lhes a possibilidade de receber o perdão e a promessa da vida eterna, unicamente por fé. Na cruz Jesus cumpriu com sua palavra: "O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente". Na cruz de Jesus não existe o "toma lá, dá cá", ao qual nós estamos acostumados em nossa sociedade. Se assim fosse, só restaria condenação para o ser humano. Mas, pela ação de Deus, na cruz de Jesus só há amor. Isso é justificação por graça e fé! Porque Deus ama e quer redimir a sua criação do pecado no qual ela própria se afunda ele sofreu a morte de Jesus na cruz e, através da crucificação de Jesus, criou um canal de reconciliação, chamando-nos a sermos seus amigos e suas amigas. Por isso a cruz não é sinônimo de fracasso para quem crê, mas é sinal visível da abundante graça de Deus! Não há amor igual.

Assim como uma cruz é formada pelo encontro de duas hastes de madeira que se unem na vertical e na horizontal, simbolicamente, assim também Deus se encontra conosco, em Jesus. Jesus age como ponte da reconciliação nos tornando amigos e amigas de Deus, fazendo-nos superar a inimizade com Deus que naturalmente existe porque nós nos distanciamos diariamente e frequentemente de Deus e agimos, tantas vezes, como se nós mesmos nos bastássemos e não carecêssemos de Deus. Ao mesmo tempo, a cruz na horizontal expressa a comunhão de Deus conosco e entre nós, pela qual somos chamados a trabalhar, anunciando a outras pessoas a mensagem da cruz e tornando-as também amigas de Deus. Assim como o apóstolo Paulo nos diz, na leitura de 2 Coríntios: "Deus nos deu a tarefa de fazer com que as outras pessoas também sejam amigas dele. Nos mandou entregar a mensagem de que ele não leva em conta os pecados humanos, porque ele colocou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados para que nós, em união com ele, vivamos de acordo com sua vontade" (2 Co 5.18-21).

Nosso testemunho sobre o amor de Deus manifesto na cruz de Jesus acontece no dia a dia, pelo caminho da não violência, a exemplo do próprio Jesus, quando seguimos seus passos. Pessoas em nosso país, que durante todo o período da conquista foram obrigadas a deixar-se batizar e tornar-se cristãs não assumiram o cristianismo. Pela violência também a liderança judaica e romana não conseguiu abafar o movimento messiânico de Jesus. O amor de Deus pela humanidade foi mais forte. Deus transformou o mal em bem e se colocou, definitivamente, ao lado de toda pessoa que sofre. Por isso a cruz é sinal de vitória. O Domingo da Ressurreição só existe por causa da crucificação.

Bendito seja Deus que não pagou o mal com mal, mas transformou a crucificação de Jesus em vida e salvação!




P. Scheila dos Santos Dreher
Campo Novo do Parecis/MT
E-Mail: drehersantos@uol.com.br

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