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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

3º Domingo da Páscoa, 04.05.2014

Predigt zu Lucas 24:13-35, verfasst von Horst Kuchenbecker

Análise do texto.

 

1. Lucas 24.13-35. Os discípulos de Emaús.

     O termo ABLAZE é uma palavra inglesa, tomada da história dos discípulos de Emaús: não nos ardia o coração (RA) – não parecia que o nosso coração queimava no peito (NTLH) – nosso coração queimava em nós (original) (v.32). Vejamos a história.

- v.13. Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia, chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios (10km).

     Era domingo da Páscoa, à tarde. Dois discípulos, que eram do círculo maior dos 70. O nome de um era Cléopas (v.18). O historiador Eusébio (AD 280-339) diz no 3° vol. de sua História da Igreja, que Cléopas era irmão de José, esposo da virgem Maria. E a irmã da virgem Maria, também chamada Maria (João 19.25), era sua esposa. O outro discípulo era, provavelmente, o próprio Lucas, porque relata a história com muitos detalhes.

     Emaús não existe mais. Ela tinha também o nome de Nikópolis, cidade da vitória, onde os Macabeus derrotaram o exército de Antíoco. Uma aldeia há uns 10km de Jerusalém. Emaús significa Mãe da Força ou Alvorada do Consolo. Provavelmente Cléopas residia ali.

 

- v.14,15. E iam conversando... Que caminhada! Que conversas! Eles estavam no fundo do posso. Conhecemos estes sentimentos quando um desastre nos prostra ao chão, nossos sonhos se foram, nossas esperança se quebraram. Neste espírito esses dois discípulos caminhavam ainda inconformados com os acontecimentos da Sexta-feira Santa. Eles conversam sobre os acontecimentos, procurando vislumbrar em algum detalhe uma esperança, algo em que pudessem se agarrar. Foi neste momento em que Jesus, na forma de um peregrino, se juntou a eles. Jesus queria reorientar esses seus discípulos desesperados. Eles não o reconheceram.   

     Que bom relembrar: Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. (Mt 28.20) Ele está, ainda hoje, ao lado de todos os seus discípulos, especialmente nos momentos de dor, desespero e desorientação, nos momentos de fraqueza de fé, nas lutas, nas catástrofes, nas dúvidas, para consolar, guiar e fortalecer.

- v.17. Então lhes perguntou: Que é isso que vos preocupa... Interessante a pergunta. Jesus não sabia o que se passava nos corações desses dois? Sem dúvida que sim. Mas ele pergunta para que eles abram seus corações. Que formalizem sua dor. Para que eles próprios pudessem reconhecer melhor suas necessidades, para que Jesus pudesse pegar um gancho por onde começar. Aqui temos o caminho para o verdadeiro cura d´almas e o evangelizador.

      E a propósito disso, você dá atenção ao rosto de seus familiares e amigos, colegas de trabalho, patrões ou empregados, de seus vizinhos, para ver como estão? Evangelismo começa com o interesse pelas pessoas que nos cercam. Pergunte pelo seu bem estar? Mostre interesse em suas vidas, suas lutas, seus problemas e suas frustrações e desilusões. Comece uma vez a observar e perguntar. Você ficará surpreso com a possibilidade de testemunhar.

 

- v.18. Um, porém, chamado Cléopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias? – Ele expôs a razão de sua tristeza e desolação. Os acontecimentos de Sexta-feira Santa. Nota-se pelo relato que a fé não esmoreceu completamente. Ela está como uma brasa sepultada pelas cinzas dos chocantes acontecimentos dos últimos dias. Eles falam de Jesus e o que esperavam deste varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. (v.19). Nenhuma palavra em desabono a Jesus. Esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel... é já este o terceiro dia desde que... É verdade também que algumas mulheres... nos surpreenderam... dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive. Que luta interna na alma desses discípulos. Que esperança era essa? Jesus como libertador nacional? Mas ele morreu! E agora?

     Quando começamos a perguntar as pessoas sobre suas esperanças, ouviremos muitas vezes que as pessoas têm certo conhecimento de Jesus, da religião cristã, mas falta-lhes o verdadeiro conhecimento da salvação de Cristo, sobre pecado e graça. Especialmente em nossos dias, quando tantas pessoas são enganadas pela pregação do positivismo, da auto-ajuda, como expresso pelo hino: “Esta tarde vai ser maravilhosa, pois Jesus vai revelar o seu poder.” E depois se desiludem quando não vêem suas orações cumpridas ao pé da letra, quando não experimentaram o poder que imaginavam. Experimentaram sim, um breve sentimento emocional que se evapora fácil. Isto era também o problema dos discípulos de Emaús. Interpretaram as profecias de forma material, pensando mais em termos terrenos do que nos verdadeiros termos espirituais.

 

- v.25. Então lhes disse Jesus: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram... – Jesus repreende a incredulidade deles com palavras duras. Ele os repreende, em primeiro lugar, pela falta de conhecimento: Tudo o que os profetas disseram; segundo, pela falta de fé nas palavras dos profetas: tardos para crer tudo. E a terceira parte, vocês não compreenderam que tudo isso, que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória, tinha que acontecer.

     Essa falta de compreensão, a interpretação errada da Escritura e a falta de fé provém de nossa natureza corrompida. Existe loucura maior do que não conhecer, não aceitar e não confiar na palavra de Deus? Ao mesmo tempo vemos aqui a verdadeira natureza da fé que não é somente conhecer e aceitar a palavra com a razão, mas confiar de coração.     

     Ao mesmo tempo, evangelistas, professores e pastores têm aqui um exemplo de como admoestar e repreender, mesmo se nós teremos que usar palavras duras, o faremos com cordialidade e amor como Jesus o fez, colocando-se ao lado deles, caminhando com eles, perguntando por seus problemas. Pois mesmo usando a palavra “néscios”, Jesus não ralha, não xinga, nem grita com eles.

    Então Jesus passa para a segunda parte, a edificação dessa fé que estava por esmorecer.

- v.27. E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras. – Vamos de forma breve arrolar aqui as profecias, figuras e símbolos que apontam para Jesus.

a) Profecias: Gn 3.15; 12.3; 49.10-12; 2 Sm 7.12,13; Sl 2.7; 8.6; 16.9,10; Sl 22; 31; 41.10; 68; 69; 109; 110.7; Is 43.24; 50.6,7; 53; 55.3; 63.1; Dn 9.26; Os 13.14; Mq 2.13; Sc 9.11; 11.12; 12.10; 13,7. Na Bíblia de estudos encontrarão os versículos correspondentes no Novo Testamento. (Estas profecias podemos usar especialmente no tempo quaresmal e de advento).

b) Figuras: Algumas figuras nos são bem conhecidas, outras talvez possam nos parecer um pouco forçadas, mas nossos pais os interpretaram assim. Gn 4.4; Hb 11.4; 12.14; Noé. Agostinho compara a arca de Madeira à cruz. Gn 22, o sacrifício de Isaque. Gn 39, José vendido por seus irmãos, figura de Cristo morto pelos principais dos judeus. Ex 2.2, Moisés no balaio de junco é resgatado e torna-se libertador do povo. Jesus exclama: que água me sobem até à alma (Sl 69.1). Ex 3.2, a sarça não é consumida, assim os sofrimentos não consumiram a Jesus (Lc 23,31). Ex 12, a páscoa judaica. Jo 19.36; 1 Co 5.7. Levíticos descreve os muitos sacrifícios, símbolos de Cristo, Ef 5.2. Lv 16.21, o bode da expiação, símbolo de Cristo. Nm 16.48, Arão se coloca entre vivos e mortos e aplaca a ira de Deus, assim Jesus, Rm 5.10. Nm 17.8, a vara de Arão, símbolo da ressurreição: Is 11.1;  Sl 22.16. Nm 19.2, a água purificadora, símbolo de Jesus, que suportou o fogo da ira de Deus, e agora nos purifica. Hb 9.18; 13.13. Nm 21.8, a serpente de bronze, simboliza Jesus. Jo 3.14; Rm 8.3. Nm 28.3, ofertas diárias de manhã e à noite um cordeiro, simboliza Jesus, Jo 1;29; Ap 13.8. Nm 35.38, o assassino deve ficar fora de sua pátria até a morte do sumo sacerdote. Jesus, nosso sumo sacerdote saiu de sua pátria o céu e nos abriu a porta à pátria celestial. Js 10.26, Josué mata os cinco reis, simboliza Jesus que matou nossos inimigos. Jz 7.20, Gideão vence. Isto é aplicado à vitória Jesus, Jo 9.4; Sl 22.16. Jz 16.3, Sansão arranca as portas da cidade de Gaza, simboliza Jesus, o verdadeiro nazireu, que destruiu as portas da morte. 1 Sm 17.49, Davi enfrenta Golias, simboliza Jesus vencendo nossos inimigos. Dn 6.22 Daniel, libertado da boca dos leões proclama a Deus. Jesus, liberto dos inimigos (Sl 22.14), proclama a graça, Lc 24.47. Jn 2.1, Jonas na barriga do peixe, simboliza Jesus na sepultura. Mt 12.40.

    Qual é nossa capacidade de expor a salvação que Cristo nos preparou para levar às pessoas para dentro da Escritura, abrir-lhes a Escritura para que entendam. Isto requer de nós leitura da Bíblia, especialmente do Novo Testamento; e para compreendermos melhor a doutrina, vamos reler nosso Catecismo Menor e participar dos estudos bíblicos, etc. 

     Aqui algumas dicas de como podemos transmitir o evangelho. Aproveite os dias de aniversário para convidar pessoas para sua casa. Faça uma devoção, expondo (ou lendo) o Credo Apostólico, mostrando que no dia do aniversário agradecemos a Deus Pai que nos criou e mantém, a Jesus que nos salvou e ao Espírito Santo que nos santifica. Se ficares sabendo de que um dos seus vizinhos (colegas de estudo, de trabalho, etc) está doente, sofreu a morte de um parente, aproveite para visitá-lo e levar-lhe a mensagem de Cristo. – Certo dia o pastor Herberto Hoerlle, de Brasília, chegou ao anoitecer cansado em casa. Iria descansar, quando ouviu nas notícias da noite sobre o falecimento do filho de uma pessoa da alta sociedade que conhecia. Ele se perguntou: Será que essa pessoa ouviu a mensagem da ressurreição? Arrumou-se e foi visitá-lo, para lhe expressar os pêsames. A pessoa ficou muito agradecida e disse: São as primeiras palavras de um consolo real que recebo. E dali em diante começou a freqüentar nossa igreja.     

 

- v.28,29. Quando se aproximavam da aldeia para onde iam... eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina. – Eles gostaram da conversa com Jesus e o convidaram para vir à sua casa. Enquanto Jesus lhes expunha as Escrituras, eles confessam depois: não nos ardia o coração. Em primeira linha, este arder era a dura lei. Este é, também, o primeiro significado da palavra grega. A consciência os acusava: Como não vimos tudo isso antes? Porque não compreendemos e confiamos? Nossa tristeza e desespero não fazem sentido? Mas o principal ainda não aconteceu: de reconhecerem no peregrino, o Salvador Jesus, o ressuscitado. Mas eles querem ouvir mais a respeito e convidam a Jesus para ficar com eles..

     Que maravilha, quando pessoas, à quem falamos de Jesus, seja após a primeira conversa, a quinta, a décima, ou até mais tarde, de repente nos convidam, mostrando interesse de conhecerem mais a respeito de Jesus. Certa vez perguntei ao Rev. Paulo Hasse, missionário na Lapa, SP: Até quando insistes com uma família na visita missionária? Ele respondeu: Enquanto não me fecham a porta, insisto. Mesmo as que me dizem: Obrigado. Não quero mais sua visita. Deixo passar um ou dois meses e volta a contatá-las para lhes entregar folhetos e procurar falar. Realmente, precisamos de perseverança. Jesus já havia trabalhado três anos com esses dois. E ainda vai atrás deles.    

- v. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o, e, tendo-o partido, lhes deu; então se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles. – Jesus aceitou o convite. Em casa, após terem-se lavado, sentaram à mesa. Normalmente, o chefe da casa fazia a oração na mesa. Se havia como visita uma pessoa mais idosa ou honrada, davam ao visitante a honra de dirigir a oração. Eles deram a honra a Jesus, o qual tomou o pão, quebrou-o, o levantou para fazer a oração para então alcançá-lo a eles. (Não era a Santa Ceia) Neste momento foi reconhecido por eles. Então se lhes abriram os olhos. Talvez alguém pudesse perguntar: Por que o reconheceram no partir do pão e não antes, durante a exposição das Escrituras? Precisamos dar atenção à afirmação: Seus olhos foram abertos. A razão porque o reconheceram não foi na forma de quebrar o pão, nem em alguma força humana, mas unicamente na ação milagrosa de Jesus, do Espírito Santo, que lhes abriu os olhos. A frase “no partir do pão” indica somente o tempo em que o reconheceram. É preciso lembrar o que a Confissão de Augsburgo afirma: Deus nos dá o Espírito Santo pelos meios Palavra e sacramentos, mas o Espírito Santo não confere seu poder aos meios. Ele permanece com sua liberdade de agira “onde e quando lhe aprouver”. Lutero afirma acertadamente, por vezes a palavra precisa espera no coração 10 ou mais anos, até o que o Espírito Santo a toma e aciona. A Palavra precisa preceder à ação do Espírito Santo, que age “onde e quando lhe aprouver” (CA V), isto é a seu tempo.

     Na eternidade, todos os que confiam na graça de Cristo, o verão face a face. 1 Co 13.12; 1 Jo 3.2).

- v.33. E, na mesma hora, levantando-se voltaram pra Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles. – Que alegria, que júbilo. Esta alegria, apesar de todo o cansaço, não poderia ficar retida só no coração deles. Podemos esconder nossa tristeza, mas a alegria não. Mesmo sendo já noite escura, puseram-se a caminho e voltaram os 10 ou 12 km, para repartir a alegria com os outros discípulos, que imaginavam estarem ainda envoltos na tristeza. Quantas coisas devem ter conversado nessa caminhada, revendo, recordando, analisando as palavras de Jesus. Agora sim, seus corações estavam repletos, não de um ardor da lei, mas do santo fogo de amor, do alegre calor e júbilo que o Espírito Santo concede. Aquecidos pela esperança da salvação e ressurreição, com profunda alegria e amor aos irmãos.

     Que este calor perpasse também nossos corações para louvor, e encher nosso corações de verdadeiro amor ao nosso próximo, no transmitir-lhe a vitória e ressurreição de Jesus, para que desfrute da verdadeira paz e esperança da vida eterna.    

                                                                                 

             



p Horst Kuchenbecker
São Leopoldo-RS
E-Mail: horstkuchenbecker@gmail.com

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