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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

19° Domingo após Pentecostes, 07.10.2007

Predigt zu Lucas 16:19-31, verfasst von Lindolfo Pieper

  

DUAS VIDAS, DUAS ESCOLHAS E DOIS DESTINOS

Lucas 16.19-23: "Ora, havia certo homem rico, que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e que todos os dias se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio".

Havia certa vez um rei muito alegre e carinhoso, que procurava governar seu país da melhor maneira possível. Tinha ele na sua coorte um bobo, a quem muito amava. Quando o rei ficava preocupado com os problemas do estado, o pequeno bobo sempre conseguia fazer com que ele risse e se alegrasse um pouco.

Um dia, porém, já cansado com as brincadeiras do bobinho, o rei teve uma idéia. Chamou o bobo para o seu quarto e lhe entregou um bastão de ouro, dizendo: "Meu querido bobinho, quando você encontrar um bobo mais bobo que você, você deve dar-lhe de presente este bastão de ouro".

E assim o pequeno bobo saiu pelo mundo afora, à procura de um bobo mais bobo do que ele. Ele andou, andou. Procurou por todos os lugares, e não encontrava. Até que foi chamado de volta para o palácio.

No palácio ele encontrou o rei gravemente enfermo, que o mandou chamar para se despedir dele, dizendo: "Meu querido bobinho, estou de partida para uma jornada muito longa, da qual nunca voltarei". Ele se referia à sua morte. O pequeno bobo, muito sentido, lhe pergunta: "E vossa alteza está preparado para esta jornada?" "Não, não estou", respondeu o rei. Então disse o bobinho, meio surpreso: "Nesse caso devo de lhe presentear este bastão de ouro, pois encontrei o bobo mais bobo do que eu!".

Quantas pessoas, a semelhança desse rei, não estão se divertindo por este mundo afora, sem se preocupar com o seu destino eterno, com o encontro que terão com Deus! Estão para, a qualquer momento, fazer uma viagem, de onde nunca voltarão, sem, no entanto, estar preparado. Diz Jesus numa parte dos Evangelhos: "Louco, esta noite te pedirão a tua alma. E o que tens preparado para quem será?" (Lucas 12.20).

Nós não sabemos o dia e nem a hora da nossa partida. Por isso devemos estar preparados sempre: preparados para nos encontrar com Deus na eternidade na hora da morte e do Juízo Final.

O Evangelho deste domingo traz um dos mais notáveis discursos de Jesus. Jesus fala de duas pessoas, de duas escolhas e de dois destinos. Ele fala de um homem rico e de um homem pobre, de como eles viveram diferentemente aqui na terra e onde cada um foi parar no final da viagem dessa vida.

A história desses dois homens é a história de cada um de nós. Cada um de nós está representado num desses dois personagens: ou somos o rico que está indo para o inferno, ou somos o pobre que vai para o céu. Não há uma terceira alternativa. Diz Jesus: "Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e que todos os dias se regalava esplendidamente".

O nome do rico não é mencionado. Ele é apenas chamado de rico. Era um homem da alta sociedade, que morava numa casa luxuosa, que possuía muito dinheiro, que se vestia bem e comia do melhor. Era alguém que fazia da sua vida uma festa.

Bem em frente de sua casa se encontrava um outro homem, cujo nome é Lázaro. Lázaro, com o corpo todo coberto de feridas, passava o dia inteiro junto à porta do rico, a espera de comida. Ele catava no lixo o que o rico jogava fora para se alimentar. Era a única coisa que ele podia fazer, já que a sua saúde não lhe permitia trabalhar.

Que boa oportunidade do rico mostrar a sua bondade, de que tinha um bom coração. Mas ele tinha um coração duro, não se importava com ninguém, a não ser consigo mesmo. Os seus cachorros eram mais caridosos do que ele, pois ao menos eles vinham lhe lamber as feridas, a fim de amenizar a sua dor. Mas o rico nem remédio lhe dava.

Porém um dia o mendigo morreu. A morte pôs fim ao seu sofrimento. Não nos é dito o que foi feito com o seu corpo. Provavelmente os empregados do rico deram um jeito nele, enterrando-o numa vala qualquer.

Mas não foi apenas o mendigo que morreu. O rico também teve que passar pela morte. A riqueza não é uma garantia contra a morte. O homem pode ser rico como for, pode ter todo o poder na mão e dispor dos melhores médicos, que ele morre assim mesmo. Não foi assim com Alexandre o Grande, Adolfo Hitler, John Kenedy, Tancredo Neves, Mario Covas, Airton Senna e João Paulo II?

Enquanto que Lázaro, numa vara de bambu, era levado para ser enterrado num buraco qualquer; o rico, com certeza, teve um grande funeral.

Num caixão de primeira, com um belo terno, rodeado de altas personalidades da época; e, ao som de uma marcha fúnebre, desceu à sepultura. E, como sempre, todo mundo lamentando a sua morte, dizendo: "Ele era um homem muito bom. Ele não devia ter morrido. Vamos sentir muito a falta dele".

Mas a história dos dois não termina aí. Ela continua, pois a vida não termina com a morte. Depois da morte vem a eternidade. Diz Jesus: "Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim e mande a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama".

Assim como na vida os dois tiveram sorte diferentes, assim também na eternidade os seus destinos foram diferentes. Enquanto que Lázaro, que não tinha nada na vida, foi para o céu; o rico, que tinha tudo, foi para o inferno. Por que isso? Será que é pecado ser rico, que o lugar de rico é no inferno?

Não. Não é pecado ser rico. Os ricos também podem ir para o céu. A Bíblia cita vários exemplos de pessoas que foram muito ricos e que, no entanto, foram para o céu, como: Abraão, Isaque, Jacó, Davi, Salomão, Jó e muitos outros.

A riqueza, no entanto, pode representar um grande perigo para o ser humano. Tanto assim que a Bíblia em vários lugares nos exorta para cuidar-nos com a riqueza. Diz Jesus em Lucas 12.15: "Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza, porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. Pois o que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?"

E o apóstolo Paulo, em 1 Timóteo 6.9,10, acrescenta dizendo: "Os que querem ficar ricos caem em tentações e ciladas, e em muitas concupiscências perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males".

Esse foi o problema do homem rico da história que Jesus contou. Ele apenas se preocupou com a riqueza quando estava vivo e se esqueceu da sua alma. Não tinha tempo para Deus, pois os negócios terrenos tiravam todo o tempo dele.

Mesmo que tivesse tempo, ele não se preocupava com ele. Tinha tudo o que precisava para a vida, porque se preocupar com a eternidade, pensava ele.

Em resumo, podemos dizer que o rico não era cristão, não tinha fé no seu coração. Pois se tivesse fé, teria socorrido a Lázaro, dando-lhe comida, remédio e roupa. A fé sempre vem acompanhada de obras, dentre as quais se destacam o amor e a hospitalidade.

Jesus, no dia do Juízo Final, ao julgar o mundo, vai usar as obras como provas da fé. Neste dia, todos aqueles que procederam como o rico, vão ter que ouvir da sua parte: "Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer. Tive sede e não me destes de beber. Sendo forasteiro, não me hospedaste. Estando nu, não me vestiste. Achando-me enfermo e não fostes ver-me" (Mateus 25.41-43).

E Lázaro, por que ele foi salvo? Por que ele era pobre? Não. A pobreza não salva ninguém. Muitos pobres já foram para o inferno porque, como o rico, não tiveram fé.

Lázaro foi salvo e está no céu porque tinha fé, porque ele era uma pessoa cristã. O seu próprio nome diz isso, pois Lázaro significa "o Senhor é a minha salvação".

Como cristão Lázaro carregou com paciência a sua cruz. Não murmurou, até ser levado pelos anjos para o seio de Abraão, onde se encontra até hoje.

A história do rico e Lázaro nos ensina três coisas muito importantes.

Primeiro: o destino de uma pessoa se traça aqui na terra, depois da morte é tarde.

Conforme Jesus, no momento em que Lázaro morreu, ele foi para o céu e o rico para o inferno. Depois, quando o rico pediu a Abraão que lhe mandasse um pouco de água, este lhe respondeu dizendo que isso não era possível, pois um grande abismo os separava, de sorte que os que estavam no céu não podiam ir para o inferno, nem os que estavam no inferno ir para o céu. E isto está de acordo com Hebreus 9.27, que diz: "Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo".

Se de fato é assim, como realmente é, preparemos-nos enquanto estamos no mundo para a outra vida, a fim de não irmos também para o inferno.

Em segundo lugar: o inferno existe, e é um lugar horrível. Devemos fazer de tudo para evitá-lo.

A Bíblia fala muito em inferno. E, sempre quando fala dele, ela usa uma linguagem terrível, como: o fogo que nunca se apaga, lugar de trevas e ranger de dentes, tormento eterno e assim por diante.

Na história que Jesus contou, o rico sofria tanto que ele se contentava com uma gota de água, pois estava atormentado em chamas.

Muitas pessoas negam a existência do inferno, afirmando não existir tal lugar. Elas fazem Jesus de mentiroso, pois ele ensinou claramente que o inferno existe. Em vez de negar a existência do inferno, essas pessoas deviam prevenir aos outros para não irem para esse lugar.

Negar a existência do inferno não resolve o problema. É preciso ensinar a verdade sobre o assunto, mesmo que não gostemos desse lugar.

Em terceiro lugar: o que leva muitas pessoas para o inferno é o desprezo para com as coisas de Deus e a excessiva preocupação com a riqueza. Devemos de nos cuidar para não cair nesse erro.

O homem rico foi para o inferno porque desprezou a palavra de Deus, só se preocupando com os bens materiais. Que esse foi o seu problema, vemos na história que Jesus contou.

Quando o rico pediu que Abraão mandasse alguém dentre os mortos para avisar aos seus irmãos para que não viessem também para o inferno, este lhe respondeu: "Eles têm Moisés e os profetas, ouçam-nos". Isto é: eles têm a Bíblia, por que não escutam o que ela diz?

Muita gente não consegue tempo para Deus por causa dos prazeres da vida. Querem aproveitar tudo o que o mundo lhes oferece, e acabam perdendo a sua alma.

É preciso que cuidemos. Temos um corpo, mas temos também uma alma. Se não cuidarmos da nossa alma, alimentando-a espiritualmente, vamos acabar indo, como aquele rico, de corpo e alma para o inferno.

Por isso, cuidamos-nos um pouco mais, pois o inferno não é brincadeira. Muitas já foram para lá, e outros tantos estão a caminho dele. Não deixemos que os bens materiais e os prazeres da vida nos atrapalhem espiritualmente. Coloquemos as coisas no divido lugar: em primeiro lugar a nossa alma, depois as coisas da vida.

Se assim o fizermos, preparando-nos espiritualmente, em lugar de inferno, teremos o céu. E, às portas da eternidade, Jesus nos dirá: "Vinde, benditos de meu Pai, entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo".

Que Deus nos conceda esta graça. Em nome de Jesus. Amém.

 



Lindolfo Pieper
Jaru, RO ? Brasil
E-Mail: : piperlin@uol.com.br

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