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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

4º Domingo após Pentecostes, 06.07.2014

Predigt zu Romanos 7:15-25a, verfasst von Marcos Henrique Fries

 

Estimado irmão, estimada irmã!

Infelizmente, já nos acostumamos com notícias a respeito de guerras e conflitos entre países. Elas nos chegam quase que diariamente através da mídia. Muitas vezes tais guerras resultam da disputa pela posse de algum território ou de alguma riqueza natural; outras vezes elas têm a ver com a tentativa de impor interesses ideológicos. Nós conhecemos essa realidade, embora o palco destes conflitos seja bem longe do Brasil. E, todavia, bem perto de nós acontecem guerras tão sangrentas quanto aquelas de outros continentes. Também já nos acostumamos com os conflitos entre facções criminosas, e destas com a polícia. A disputa pelo domínio deste ou daquele morro, e o controle sobre a venda de drogas cria os poderes paralelos com seus exércitos, que fazem centenas de vítimas todos os dias. E o que dizer daquelas guerras que estão ainda mais perto de nós - as que acontecem dentro de nossas casas? Maridos e esposas que não conseguem se perdoar, pais e filhos que não se entendem nem se respeitam mais, irmãos que disputam a maior parcela da herança... Sim, dentro de nossos lares, bem próximo de nós, são travadas dolorosas batalhas, que trazem consequências não menos nefastas quanto os grandes conflitos entre nações.

E, por falar em guerra, no texto previsto para a nossa reflexão hoje, o apóstolo Paulo menciona uma batalha, batalha esta que acontece constantemente dentro de nós: a disputa entre o querer e o fazer, a disputa entre a carne e o Espírito. Vamos deixar que Paulo nos fale melhor sobre isso.

Leitura do texto.

O apóstolo Paulo, partindo de seu próprio exemplo, revela uma guerra que se trava dentro dos homens e mulheres de Deus: a guerra da carne contra o Espírito. Para entendermos melhor como esta guerra acontece, é útil compreendermos quem são estes dois oponentes que lutam dentro de nós. Pois bem. A carne é o ser humano pecador, naturalmente inclinado à desobediência e à rebeldia contra Deus. O Espírito que luta contra a carne é o Espírito Santo, que, por causa de Jesus, habita em nós desde o Batismo, e que opera em nós a santificação, ou seja, nos faz detestar o pecado e nos auxilia a fazer vontade do Senhor. A batalha entre essas duas forças é percebida por Paulo quando ele tenta fazer o que é certo, mas não consegue. No seu íntimo, ele quer fazer o bem, mas sua natureza carnal e pecadora às vezes fala mais alto e vence suas boas intenções. E essa guerra interior não é só de Paulo, mas todos os que trilham o caminho da fé em Cristo. Também nós, que conhecemos a vontade de Deus, sabemos o que é certo e o que é errado, e guardamos dentro de nós o desejo de fazer o bem, tantas vezes nos flagramos fazendo exatamente o oposto. Uns querem perdoar, mas o rancor é mais forte. Outros querem abandonar vícios, mas o desejo é incontrolável. Os casais prometem fidelidade diante do altar, mas entregam-se a paixões fora do casamento. Abominamos a corrupção na esfera política, mas somos corruptos em nossos negócios, trabalho, estudo e lar. Sabemos do mal de que nossa língua é capaz, mas não conseguimos frear as palavras duras e destrutivas. E isso só para mencionar alguns exemplos. Logo, confessamos junto com o apóstolo: "Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (v. 19). Estas duas forças rivais - a natureza pecadora e o Espírito de Deus habitam dentro de nós e travam uma batalha que durará até o nosso último dia. E a conclusão a que chegaremos, ao nos conscientizarmos desta realidade, é o mesmo quadro sombrio que Paulo confessa: "Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte?" (v. 24). Sim, para a morte. "O salário do pecado é a morte", escreveu Paulo na mesma carta aos Romanos (6.23). O pecado traz consequências para o pecador, pois o ser humano colhe o que planta (Gl 6.7). E mais: o pecado não confessado e perdoado conduz à morte eterna, à condenação. Assim, a situação de Paulo e de todos nós, em vista da nossa natureza pecadora, é grave. Somos, nós e Paulo uns "desventurados". O que fazer então?

A resposta para esta pergunta e ao mesmo tempo a solução para esse impasse é detalhadamente tratada no capítulo 8, e já sinalizada pelo versículo 25 de nosso texto, e se chama Jesus Cristo. Visto que dentro do ser humano lutam a natureza pecadora contra o Espírito Santo, e considerando ser impossível para nós vencer esta luta por forças próprias, Deus, através de Cristo, crucificado por causa do nosso pecado, nos concede perdão, de sorte que podemos ler, no capítulo 8, versículo 1: "Agora, pois já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus". Lutero ilustra isso na célebre fórmula que diz que o ser humano é simultaneamente justo e pecador, quer dizer, ele é naturalmente pecador e inclinado para o pecado; mas foi tornado justo, perdoado, por causa da morte de Jesus. É, pois, Jesus Cristo quem nos livra da morte e da condenação para a qual nossa natureza pecadora nos leva. E isso nos alegra e faz exultar juntamente com Paulo.

Todavia, prezados irmãos, o perdão gracioso e imerecido que Deus nos oferece através de Jesus, justifica e salva o pecador, mas não serve para justificar o pecado. É o próprio apóstolo Paulo quem nos lembra que "para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão" (Gl 5.1). Noutras palavras, nós, que caminhávamos para a morte por causa dos nossos pecados, fomos perdoados por Cristo e, agora, lutaremos para não incorrer em pecado novamente. Resistiremos ao pecado com a força que o Espírito de Deus nos dá. Com Cristo, nossa natureza pecadora foi crucificada (6.6), de tal maneira que aqueles que creem em Jesus empenhar-se-ão com todas as suas forças para permanecer longe do pecado, com o auxílio do Espírito que em nós habita. Quem sabe, lutando contra o mal que mora em nós, o Espírito de Deus obtém a vitória e as outras guerras que assolam nosso lar ou nosso mundo um dia cheguem ao fim. Porque guerras, seja entre nações, facções ou aquelas que experimentamos no seio das nossas famílias outra coisa não são do que fruto do nosso pecado, neste caso a ganância, a presunção ou o ódio. Assim, a vitória desta batalha travada dentro de nós verá surgir um novo mundo, marcado pelo perdão, pelo amor e pela tolerância. É, pois, inútil a sociedade desejar um mundo de paz, enquanto não se empenha pela vitória do Espírito de Deus sobre sua natureza pecadora, que impede a paz. Agradecemos a Deus pelo perdão que nos livra da morte, e rogamos a ele que nos ajude a permanecermos longe do pecado, a fim de, no futuro, vermos o fim de todas as disputas. Amém.





P. Marcos Henrique Fries
Lages, SC
E-Mail: mhenriquefries@yahoo.com.br

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