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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

5º Domingo após Pentecostes, 13.07.2014

Predigt zu Mateus 13:1-9, 18-23, verfasst von Everson Block


 

1) Entendendo detalhes do texto de Mt 13. 1-9, 18 -23.


Jesus Cristo aqui se utiliza das técnicas de agricultura da época para exemplificar o desenrolar do Reino de Deus e da evangelização. Aos olhos de hoje, habituados com uma agricultura altamente tecnológica, a descrição a seguir pode parecer um desperdício e a maneira errada de fazer lavoura. A descrição é extraída do comentário ao Evangelho de Mateus, de Fritz Rienecker:

“A região adjacente fornece ao Senhor a imagem de quatro classes de pessoas que ele tem diante de si na parábola. Partindo da imagem do lago, o relevo torna-se bastante íngreme. Nesses penhascos acontece com freqüência que a parte superior de uma lavoura possui somente uma fina camada de solo. Ao passo que ele se torna mais profundo quanto mais se desce para a planície. Daí as diferenças apresentadas. Poderíamos, agora, criticar o semeador por ter semeado com pouca destreza, porque tantos grãos se perderam. É preciso saber que na Palestina se semeia antes de lavrar (grifo meu). O semeador da parábola, portanto, caminha pelo terreno não lavrado. Intencionalmente semeia sobre o caminho que os moradores da aldeia pisaram no chão, porque o caminho será lavrado também. De propósito a semente é lançada entre os espinhos, porque também eles serão tombados. Tampouco causa estranheza que as sementes caiam entre os rochedos, pois a rocha ficará visível sob a fina crosta de terra somente depois que a lâmina do arado a arranhar. – Desse modo se desfaz a crítica da inabilidade do semeador, porque o método de trabalho do oriental é diferente do europeu.” (Fritz RIENECKER, Evangelho de Mateus, Editora Esperança, p. 216-217)

Penso que este comentário é bastante elucidativo para nossos dias, haja vista que estamos acostumados, especialmente no contexto brasileiro, a uma agricultura altamente tecnológica e de alto custo, por isso procuramos ter o máximo de aproveitamento possível (sem desperdícios de sementes e insumos), o que poderia atrapalhar a compreensão do agir deste agricultor nesta parábola proferida por Jesus Cristo.

     2) Diferentes maneiras de olhar para o conteúdo desta parábola.

Segundo os comentaristas, podemos olhar para esta parábola a partir de dois olhares:

     a) O olhar do agricultor e sua atitude de semear a terra.

     b) O olhar a partir dos tipos de solo que são mencionados aqui nesta parábola

Por querer fugir de velhos clichês, quero abordar esta parábola pelo olhar o agricultor. Temos aqui uma excelente palavra sobre a missão para nos seus mais variados contextos. Entendo missão como levar as boas novas da salvação em Jesus Cristo aos perdidos em seus pecados.

    3) Uma proposta de atualização desta palavra de Jesus Cristo.

Esta parábola de Jesus é uma lição importante para a Igreja no que tange a sua tarefa primordial, a saber, a evangelização nos mais variados contextos.

No seio das igrejas históricas está acontecendo há um tempo uma reflexão importante e muito necessária sobre a missão da Igreja. Infelizmente esta reflexão tem acontecido um pouco tarde, haja vista termos gastado muito tempo e energia com instituições e estruturas. Mas esta parábola nos quer orientar nesta redescoberta.

Jesus utiliza uma imagem comum do dia a dia israelita para falar sobre o Reino de Deus. Um homem sai a semear. E uma parte das sementes cai entre espinhos, outra em um terreno pedregoso, outra no caminho - onde ela é comida pelos passarinhos - e outra porção cai em boa terra e produz, mas de maneira não homogênea, isto é, os níveis de produção ainda são diferentes.

Podemos aprender desta parábola que a atitude/postura/função primordial da Igreja é semear as boas novas de salvação que nos é oferecido por Jesus Cristo na cruz. O objetivo primeiro é semear esta palavra, esta boa nova em todos os recantos e contextos da humanidade. Mas a pergunta que surge neste momento é: devemos, então, enquanto Igreja sair a semear a Palavra de qualquer maneira, sem objetivos, sem clareza de qual público se quer atingir?

Respondendo a esta pergunta é necessário frisar que o Evangelho da Salvação em Jesus Cristo é oferecido a todas as pessoas, porém, necessário se faz em nossos dias ter uma estratégia. Penso que a agricultura e também as leis reguladoras do comércio em nossos dias podem nos ensinar algumas lições que, associadas ao ensino de Jesus, podem redundar em benefícios para o reino de Deus.

Como parte da Igreja somos, sim, chamados a levar a Palavra de salvação a todos os contextos que nos cercam (os tipos de solo), mas isso de maneira pensada, porque o objetivo é semear mas também que a semeadura dê frutos para o Senhor da ceifa. Sendo assim, a evangelização precisa ser orientada pelos dons e capacidade de diálogo com os diferentes interlocutores. Exemplificando: considerando os “jovens cibernéticos” de nossos dias fica mais fácil de alcançá-los para o Senhor Jesus Cristo se alguém que se identifique (entenda/compreenda/atinja) com essa geração dedique-se a evangelizá-los. Os desafios da evangelização em nossos dias vão muito além de apenas semear de qualquer maneira. Evangelizar é o chamado primordial da igreja, mas se não quisermos topar com o completo insucesso, precisamos agir de maneira estratégica, pensada, orientada pela riqueza de dons que existem na comunidade. Aos pastores cabe a tarefa de descobrir estes dons, treiná-los e desafiá-los ao engajamento missionário.

Contudo, não podemos ceder a um espírito triunfalista que facilmente pode nos seduzir se olhamos para a missão por este ângulo. Não existe triunfalismo, pois para a semente do evangelho produzir frutos depende de uma série de variantes que fogem ao controle do ser humano. Portanto, não há motivos para gloriarmo-nos. Mas agir de maneira pensada na tarefa de missão da igreja vai tornar a comunidade, em tese, missionária. Penso que no contexto da IECLB (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) os PAMIS (Planos de Ação Missionária da Igreja) I e II têm sido uma proposta em meio há outras muito boas, mas não oficiais.

O desafio que esta parábola de Jesus Cristo nos faz nos impulsiona a olhar para fora dos muros de nossa denominação que em muitas vezes se assemelha a apenas um tipo de solo destes da parábola. Mas também ela nos desafia a olharmos além dos muros e observarmos as brechas e contextos em que podemos melhor nos inserir nesta tarefa. Por exemplo, existem muitos profissionais liberais intelectuais em nossas comunidades que podem engajar-se de maneira missional em seus ambientes de trabalho, entre os seus iguais. Dificilmente alguém assim, geralmente de classe média alta, terá condições de engajar-se de maneira eficaz na evangelização de jovens empobrecidos da periferia de uma grande cidade, sem sentir-se deslocado ou inseguro. Por isso, cada cristão é chamado a ser um semeador em seu contexto, mas sem triunfalismos.

Todos os solos podem e devem ser evangelizados. Uma amostragem desta verdade temos com as diferentes culturas pelo mundo: as técnicas permitem dominar o solo nas mais diferentes condições e circunstâncias e produzir alimentos de qualidade (deserto irrigado fica produtivo em Israel, por exemplo; lugares íngremes e pedregosos foram transformados pelos incas, outro exemplo, em lugar de fartura etc).

Aplicando a lógica do planejamento e do engajamento segundo os dons à semeadura da palavra de Deus podemos alcançar uma amplitude muito maior de cobertura de contextos. Bem, os frutos esses não cabem a nós. Se colhermos algo é para glória do Senhor, mas importa semear, pois “como ouvirão se não há quem pregue?” A promessa presente em Isaías, no texto complementar proposto no início desta reflexão, nos tranqüiliza de que não há engajamento missionário sem frutos. Muitas vezes somos pressionados pela lógica da produção a ver e até mesmo exigir frutos, mas no reino de Deus a colheita é diferente da que estamos acostumados a ver. Semeemos e oremos! O resto é função do Espírito Santo.




P. Everson Block
Ituporanga/SC
E-Mail: eversonblock@yahoo.com.br

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