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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

8º Domingo após Pentecostes, 03.08.2014

Predigt zu ROMANOS 9:1-5, verfasst von Marcos Henrique Fries

Estimado irmão, estimada irmã!

O apóstolo Paulo está triste. Ele, que desde a sua conversão, tornara-se um dos maiores colaboradores de Jesus na divulgação do evangelho, ressente-se por causa de sua gente. Seu povo, os judeus, não haviam recebido Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Rejeitaram a boa nova da salvação em Cristo, perseguiram os cristãos. Seus irmãos, seus compatriotas, a quem Paulo tanto ama, não querem saber de dar ouvidos àquele que fora enviado da parte de Deus para morrer e ressuscitar, para perdoar e salvar, para libertar e trazer vida abundante - Jesus. O amor e a dor de Paulo por seu povo são tão grandes, que ele chega a desejar ser separado de Cristo caso isso ajudasse a sua gente a receber o Salvador. E, certamente, neste momento, muitos de nós entenderão o que Paulo sente. Quantas mães e quantos pais não se ressentem em razão de seus filhos estarem longe de Deus! Quantas vezes nós, como igreja, não lamentamos a ausência dos jovens entre nós, que têm cada dia mais se afastado do Senhor. São situações que nos entristecem, tal qual Paulo, porque amamos nossos filhos e nossos pais, amamos nossos jovens, nossa gente como um todo, e gostaríamos de vê-los caminhando com Cristo, experimentando suas bênçãos, preparados para o dia final. Paulo está sofrendo e nós compartilhamos desse sofrimento. Paulo lamenta pelos seus amados, e nós lamentamos pelos nossos.

 

Mas por que os judeus rejeitaram a Cristo? Há dois motivos principais. Primeiramente, é preciso olhar para o contexto maior da epístola aos Romanos para entendermos isso.

 

O tema da carta aos Romanos é a graça de Deus revelada em Jesus. Paulo mostra nesta carta que a salvação do ser humano não pode e nem precisa ser conquistada através de obras, porque tudo o que era necessário para a salvação já foi feito por Jesus, através de sua morte e ressurreição. A partir de Jesus, não é mais necessário fazer algo para sermos salvos, mas tão somente crer naquilo que Jesus já fez. As boas obras, o cumprimento da lei de Deus não serão mais meios para conquistarmos o perdão, mas resposta de gratidão por aquilo que Deus nos oferece gratuitamente.

 

Essa mensagem, por mais libertadora que fosse, não soou bem aos ouvidos dos israelitas. Acostumados a fazer sacrifícios para aplacar a ira de Deus, e zelosos que eram no cumprimento das leis e tradições de seu povo, parecia-lhes uma grande heresia pensar que um homem tivesse assumido a culpa de todo o povo e resolvido para sempre o problema da salvação. Era como se Jesus tivesse jogado fora toda a lei e a tradição do povo judeu. Era-lhes inconcebível a ideia de que Jesus fosse o próprio Deus feito homem, e tantas vezes pareceu-lhes uma blasfêmia ouvir que Jesus perdoava pecados. Como chamar de Senhor um herege como Jesus?

 

E não somente isso. O povo de Paulo, por quem ele tanto sofre, aprendera que as coisas não caem do céu, de graça. Aprenderam que era preciso trabalhar, empenhar-se para conquistar algo, inclusive o perdão de Deus e a salvação. Esse pensamento parece acompanhar o ser humano em todos os tempos. É necessário, assim se pensa, "fazer por merecer". E ainda que essa seja a lógica que impera em nosso mundo, e que nas relações entre os seres humanos ela, de certa forma, até faça sentido, não podemos aplica-la relação com Deus que, por amor, tudo fez pela nossa salvação e a oferece para nós gratuitamente. Mas os judeus amados de Paulo e também nós não gostamos muito disso, porque isso tira de nossas mãos o controle das coisas. Nossas obras, por melhores que sejam, não podem determinar a ação de Deus, que é soberano e não se deixa comprar. Nós, a bem da verdade, preferiríamos um Deus que pudesse ser manipulado, de quem pudéssemos exigir bênçãos em troca de nossas boas ações e da nossa fidelidade à lei. É, pois, para invalidar essas tentativas de manipulação humana, que Deus, em Cristo, nos dá seu perdão e salvação de graça.

 

Em segundo lugar, para entendermos a razão pela qual os judeus rejeitaram Jesus, é preciso olhar para a Bíblia como um todo, especialmente para as profecias em torno do Messias. Há séculos, o povo de Israel aguardava um messias, um enviado de Deus para restaurar a glória da nação, para pôr fim à opressão estrangeira, para restabelecer um reino de paz e prosperidade. Jesus era esse messias, mas não foi assim reconhecido pelo povo porque não cumpriu as expectativas deste. Ora, sua intenção não era salvar o povo do jugo romano, o império que dominava política e economicamente o mundo de então, mas salvar as pessoas do pecado e da morte. Jesus não veio para reinar sobre um território, mas para reinar sobre corações. Não era propósito de Jesus tomar o controle político novamente para os judeus, mas salvar a humanidade, conquistando o perdão e abrindo as portas da eternidade para ela. O povo esperou um tipo de messias, Deus mandou outro. Aquele que Deus mandou tinha algo muito melhor para oferecer, mas frustrou as expectativas das pessoas. Logo, Jesus viria a ser rejeitado. E também nesse ponto, vale notar como somos parecidos com aqueles por quem Paulo chora. Sonhamos, fazemos planos, traçamos metas para as nossas vidas e, via de regra, esperamos que Deus faça nossa vontade. Não há nada de errado em sonhar ou acalentar desejos, mas é bom lembrarmos da terceira prece da Oração do Senhor: "Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu". O que Deus tem para oferecer é maior e melhor do que nós podemos almejar. Jesus veio para realizar o plano de Deus para a humanidade. Mas foi e continua sendo rejeitado porque não pretende realizar o plano da humanidade para si mesma.

 

Prezada comunidade!

Talvez os motivos que fazem com que os seus amados caminhem longe do Senhor sejam outros que os motivos dos judeus. Mas este texto serve de alerta para nós. Ele nos convida a olhar para Deus como Deus é. Não como um prestador de serviços, que está ao alcance das minhas obras, mas um Deus que agiu e age por graça e misericórdia, que é soberano e não se deixa comprar. Outrossim, não como um Deus que está aí para realizar meus sonhos e desejos, mas como um Deus que tem planos maravilhosos estabelecidos para nós e que, por amor a nós, quer realiza-los em nossa vida, ainda que frustrem as nossas esperanças pessoais. Antes de fazermos qualquer crítica aos judeus por quem Paulo lamenta, reconheçamos que nós, não raras vezes, agimos como eles. Talvez não cheguemos a rejeitar o Salvador Jesus Cristo como tal, mas rejeitamos os seus propósitos. E crer em Cristo é mais do que aceitar a sua existência e história, mas sobretudo, submeter-se aos seus desígnios e confiar na sua ação graciosa e amorosa. Queira Deus que permaneçamos fieis a Jesus, e não permita que nada nem ninguém dele nos afaste. Amém. 



Marcos Henrique Fries
Lages, SC

E-Mail: mhenriquefries@yahoo.com.br

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