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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

21° Domingo após Pentecostes, 21.10.2007

Predigt zu Lucas 18:1-8, verfasst von . Mauro B. De Souza

 

Graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo sejam com todos e todas vocês. Amém.

Há alguns anos atrás, alguém publicou um livro sugerindo quinze maneiras diferentes de orar. De acordo com a autora daquele livro, pode-se orar caminhando, pode-se orar dançando, pode-se orar ouvindo música, pode-se orar escutando os sons da natureza. Pode-se orar lidando no jardim, pode-se orar comendo, desenhando, pintando, pode-se orar até mesmo assistindo TV. Confesso que eu teria dificuldades em orar assistindo ao Jornal Nacional ou a uma partida de futebol...

Mas quem sabe a autora está certa. Quem sabe existem mesmo várias maneiras de orar. Quem sabe aquele jeito tradicional de orar, aquela conversa com Deus, em palavras ou em pensamentos, feita de olhos fechados não seja o único jeito de orar.

Não existem regras definidas de como orar. Oramos como e onde tivermos vontade e necessidade. Claro que oramos mais na necessidade do que na gratidão. Quando a coisa aperta, aí, sim, oramos com vontade. Tudo bem. É nos momentos mais difíceis que Deus faz questão de estar conosco! Mas é bom orar em agradecimento também. É bom reconhecer que tudo vem de Deus e a Deus pertence.

Orar continua sendo uma das coisas mais importantes que fazemos como pessoas cristãs. Nossa oração, nossa conversa com Deus, nossa conversa com Jesus Cristo nos faz pessoas cristãs. Quem mais, além de nós, correria o risco de cair no ridículo de tentar comunicar-se com o próprio Deus? Se o batismo nos torna pessoas cristãs, a oração nos mantém pessoas cristãs. A oração, muito mais do que respostas imediatas, nos dá forças para enfrentar as dificuldades.

Quem de nós nunca passou por momentos em que se viu orando, sem cessar, dia e noite? Como aquela mulher que recebeu do médico a notícia de que havia algo mais junto ao feto que se desenvolvia em seu ventre. Esse algo mais que apontava para alguma anormalidade... A mulher foi para casa e passou o fim de semana orando. Na segunda-feira, outro exame mais detalhado revelou, na verdade, que a temível anormalidade era mais uma criança: Gêmeos!

Mas muitas pessoas oram por motivos bem menos importantes. Uns oram para que seus times vençam, outros para ganhar na loteria, outros, ainda, para encontrar uma vaga de estacionamento.

Vejamos o que o texto previsto para a prédica neste domingo tem a dizer a esse respeito: .....................................

O texto de Lucas 18, mostra Jesus, mais uma vez, falando aos discípulos através de uma parábola. Sabemos que a parábola é um discurso simples, cheio de situações e figuras conhecidas, aparentemente ingênuo e possivelmente neutro. As pessoas ficam escutando, meio que de longe, meio que de tabela, meio que sem participar... quando, de repente, a situação, a questão tratada na parábola as involve diretamente e completamente. Aí, então, é tarde demais, já estão totalmente envolvidas. Não há como escapar, a não ser através de uma resposta genuína que nasce da fé. O que no começo era uma questão corriqueira, cotidiana, torna-se, na parábola, uma questão de vida ou morte, de salvação ou condenação.

Na parábola em questão, Jesus ratifica a importância da oração e da perseverança com a qual se deve orar. Ora, se um juiz injusto, infiel e arrogante é capaz de ouvir uma pobre viúva e julgar a causa dela, o quanto mais não fará Deus por aquelas pessoas que oram e crêem? Ou seja, Deus se preocupará muito mais do que aquele juiz. Parece simples. Basta continuar orando incessantemente que tudo nos será dado. Será que é tão simples assim? 

Quem diria que uma pobre viúva conseguiria convencer um juiz injusto a julgar uma causa em seu favor? Quem diria que uma mulher, sem marido, possivelmente pobre, iria ter seu pedido atendido? Sabemos que nesta época da história da Palestina havia dois poderes judiciários: o judeu e o romano. O direito romano, como parte de um império invasor e dominador, estava acima do direito judeu. Uma vez que o juiz em questão não temia a Deus, podemos concluir que era um juiz romano. Tão mais importante foi a coragem da viúva. Não se atreveu apenas em cobrar seus direitos de um juiz conterrâneo, mas foi atrás de autoridade maior.

Se fosse uma aposta, seria dez por um que o juiz sequer iria ouvir aquela viúva. Ainda mais uma autoridade iníqua, poderosa, que não temia a Deus nem pessoa alguma. Mas a perseverança venceu. A insistência da viúva dobrou o juiz ao meio. As várias traduções do texto usam palavras que amenizam as razões pelas quais o juiz decidiu colocar um fim naquela questão: o juiz corria o risco de levar um soco da viúva e ficar com o olho roxo! Não sabemos qual era a causa específica da viúva e nem quem eram seus adversários, mas de tanto insistir, o juiz acabou cendendo. Claro que os riscos de o juiz levar um soco no olho eram pequenos, mas o simples uso daquela expressão revela que a viúva não estava ali para brincadeiras.

O mais interessantee o mais doloroso de tudo isso é que temos que reconhecer que muitas vezes nós agimos como aquele juiz. Pior ainda, somos aquele juiz. Somos iguaizinhos àquele juiz quando esquecemos de orar, quando esquecemos de temer e amar a Deus, quando esquecemos de honrar as outras pessoas, quando nos tornamos arrogantes, centrados em nós mesmos, cheios de certezas absolutas...

Só que daí Deus nos manda viúvas para nos alertar. Deus nos manda pessoas que vão lá onde estamos, em cima de nossos saltos altos; Deus nos manda pessoas que, mesmo que não nos dêem um soco no olho, pelo menos deixam nosso coração roxo de vergonha.

Um juiz e uma viúva. Um poderoso e uma pobre coitada. Quem poderia adivinhar o desfecho? Quem iria saber que um juiz, que não temia Deus, muito menos as pessoas iria julgar o caso da viúva? Se um juiz desses julga o caso da viúva, quanto mais não fará Deus?

Mais uma vez Jesus revela a seus discípulos e sua discípulas a sua proposta de sociedade, sua proposta de Reino - ou melhor, sua proposta de República Verdadeiramente Democrática. Ali há uma inversão total de valores e poderes. Vira tudo de cabeça pra baixo mesmo. Os sem-poder, quando dotados de oração, de esperança e de ação, se tornam poderosos e vão atrás dos seus direitos. 

Fica para nós a lição da perseverança. Da oração aliada à esperança e à ação. Quando tudo e todos nos convidam a aceitar, a calar, a entrar na onda, Jesus diz: Espere, tudo pode ser diferente! Não desistam ainda!

Continuemos, pois, a orar. Mesmo que não sejamos tão perseverantes como a viúva do texto, mesmo que não saibamos direito, como o apóstolo Paulo diz. Continuemos a orar. Orar por nossas famílias, pelas pessoas enlutadas, pelas pessoas necessitadas, pela Criação.

Não importa se oramos em silêncio, ou parados, ou caminhando. Não importa se oramos de olhos fechados, não importa se oramos dançando ou vendo TV. Importa, sim, que as nossas orações sejam sinceras. Importa, sim, que as nossas orações sejam fortalecidas e coerentes com as nossas ações.

Oramos por pão, mas também repartimos o pão quando temos.

Oramos por justiça, mas procuramos também ser justos.

Oramos pela paz no mundo, mas buscamos também paz no trânsito quando dirigimos.

Oramos por igualdade de direitos, mas também respeitamos nossos cônjuges com a mais profunda lealdade.

Oramos pela vinda do Reino, mas também nos deixamos usar por Deus para que isto aconteça.

Que Deus nos presenteie com a perseverança da viúva para que possamos continuar a orar e a transformar nossas palavras em ações.

Amém

 

 

 

 

 



Pastor . Mauro B. De Souza
Santo Ângelo ? RS ? Brasil
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