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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

19º Domingo após Pentecostes, 19.10.2014

Predigt zu Mateus 22:15-22, verfasst von Paulo Sergio Einsfeld

 

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo esteja com todos nós. Amém

Cara Comunidade!

No próximo domingo, os cidadãos e as cidadãs de nosso país são chamados a ir às urnas para o 2º turno das eleições presidenciais. Tempos como esses são adequados para refletir sobre a relação de nossa fé cristã com nossa responsabilidade social e política. É a dimensão da cidadania que está em jogo. E antes de ouvirmos o texto bíblico de hoje, poderíamos nos perguntar: "Como Jesus lidava com as coisas públicas? Como o Senhor Jesus exercia sua cidadania?" Claro que essa palavra não havia em seu tempo, mas como Jesus Cristo nos inspira também em nossa atuação e posicionamento como cidadãos brasileiros? Queremos verificar isso na passagem bíblica prevista para este domingo.

Sugiro a leitura de Mateus 22.15-22 na Versão Almeida ou Nova Versão Internacional.

Volta e meia o Senhor Jesus era questionado pelas autoridades religiosas do seu tempo. Em nossa passagem, fariseus e herodianos, partidários do Rei Herodes, dirigem-se a Jesus, a fim de pegá-lo em contradição. Começam a conversa com falsa bajulação: "Sabemos que tu és um mestre íntegro e verdadeiro, e ensinas somente a verdade... Dize-nos: É certo pagar imposto a César ou não?"

Jesus está diante de uma verdadeira cilada. Se afirmasse: "Sim, é certo pagar o imposto", se colocaria contra o povo judeu e as autoridades judaicas que sofriam debaixo do poder romano. César, o imperador, era o responsável pela exploração econômica a que o povo era submetido em todo o grande Império Romano.

Mas e se Jesus afirmasse que não se deveria mais pagar o imposto?? Isso significaria prisão imediata e morte como um traidor do governo oficial.

Então Jesus pede que lhe mostrem um denário, moeda de prata, equivalente ao pagamento de uma diária de um trabalhador braçal. De um lado da moeda, havia a imagem de César Tibério, que foi imperador romano do ano 12 ao ano 37. O verso mostrava a mãe do imperador sentada num trono divino segurando um ramo de oliveira. Os dizeres da inscrição eram: "César Tibério, venerável filho do venerável Deus". Para o judeu, esses dizeres representavam uma grave ofensa ao mandamento de não fazer imagens de Deus e de não adorar outro deus, a não ser o Criador do céu e da terra. O imperador se considerava filho de Deus e seu representante na terra. Mesmo que isso não pudesse ser admitido, os judeus conviviam com essa situação. Levavam em seus bolsos as moedas romanas, compravam e vendiam com elas, tentando separar o seu valor comercial das ideias religiosas que constavam na inscrição.

Jesus ainda lhes pergunta: "De quem é esta imagem e esta inscrição?" - De César!, respondem prontamente. E Jesus conclui, dizendo: "Deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." E então seus opositores se retiram, calados e admirados com esta surpreendente resposta.

A resposta de Jesus tem duas partes: "Deem a César as coisas que são de César". Em outras palavras, cumpram suas obrigações como cidadãos desse mundo. Paguem impostos e colaborem para o bem-estar de todas as pessoas.

Mas o que eles não esperavam é a segunda parte da resposta: "Deem a Deus as coisas que são de Deus". E que coisas que pertencem a Deus? No Salmo 96 lemos: "Deem ao Senhor, ó famílias das nações, glória e força. Deem ao Senhor a glória devida ao seu nome." O problema teológico era que o Imperador e seu governo exigiam glória e honra, e essas devem ser dirigidas somente ao Senhor Deus e a Jesus Cristo. Os fatos históricos demonstram que o império evitava colocar em Jerusalém as bandeiras e outros símbolos de Roma, respeitando a religiosidade dos judeus. Mas, na realidade, o poder absoluto, e exercido em nome de deus, tirava do povo pobre os últimos denários pelos impostos cobrados em todos os recantos também da Terra de Israel. No Novo Testamento, lembramos de publicanos ou cobradores de impostos, tais como Levi Mateus, chamado a ser discípulo de Jesus, ou Zaqueu que voluntariamente devolveu aos pobres o que tinha cobrado a mais. No tempo de Jesus, havia vários postos de cobrança de impostos e pedágios que sustentavam o poder central de Roma.

Ao falar das coisas que pertencem a Deus, lembremos que a Bíblia diz que "Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem." (Salmo 24.1). Também é muito claro o conceito de povo de Deus atribuído primeiramente a Israel. E, por meio de Jesus Cristo, quem nele confia, é chamado de "povo de propriedade exclusiva de Deus" conforme 1 Pe 2.10. Assim, a Deus pertencem todas as coisas. Só Ele de fato manda e governa sobre pessoas e povos. Ao César de ontem, e aos governos de hoje, cabem administrar as coisas de Deus. E devem fazê-lo cuidando das pessoas e de toda a criação a eles confiado. Cabe aos líderes, seja a nível social e político de uma nação ou cidade, seja aos líderes de nossas comunidades religiosas, administrar as "coisas comuns" com transparência, com senso de justiça, com profunda responsabilidade, mas também com amor e alegria, sabendo que prestaremos contas ao Senhor Deus pelos nossos atos.

Pessoas cristãs tem dupla cidadania. Somos cidadãos de nossa pátria e somos cidadãos do Reino de Deus. Não cabe separar essas duas dimensões, como se agora, salvos pela graça de Deus, não tivéssemos mais nada a fazer diante das coisas públicas. Não! Mas também não podemos confundir os dois níveis, por exemplo, defendendo cegamente governos ou pessoas, como se esses tivessem uma qualidade divina, como se fossem pequenos deuses. O 1º Mandamento nos alerta do perigo de fazer de coisas ou pessoas ídolos que roubam a glória e a honra devidas somente ao Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores, ao Salvador Jesus Cristo. A Ele adoramos. A Ele servimos, servindo ao nosso próximo, nos círculos que tem mais a ver com "César", com nossa responsabilidade social e pública, como também nos ambientes que tem a ver diretamente conosco, como comunidade cristã. E que Deus, o Senhor da vida e dos povos nos abençoe no exercício de nossa dupla cidadania. Amém.



P. Paulo Sergio Einsfeld
Nova Petrópolis/RS
E-Mail: peinsfeld76@gmail.com

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