Meus
estimados irmãos e irmãs em Cristo: nossa sincera petição é que a graça do Senhor
Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a companhia do Espírito Santo esteja com
vocês sempre. Assim possamos servir a Deus com toda intensidade e exercer nossa
vida como cidadão desse mundo visando sempre nossa pátria celestial. Amém.
No nosso texto, os adversários de Jesus procuram fazê-lo cair
em contradição. Eles estavam tentando "apanhá-lo em alguma palavra." (v.15). A
palavra grega que Mateus usa aqui significa: "armar cilada ou armadilha". A
estratégia conjunta do grupo separatista de elite, os fariseus, do partido
sacerdotal, os saduceus e partidários de Herodes Antipas, os herodianos tinham
um inimigo em comum: Jesus. Geralmente as forças políticas se unem para superar
suas diferenças sempre que está em jogo seu poder dominador sobre o povo e as coisas
públicas. A questão do imposto era importante. Da forma como foi arremessada
contra Jesus o colocava em "saia justa". Ou seja: Você se coloca do lado dos
romanos que nos exploram ou você fica do lado de Deus tornando-se inimigo dos
romanos. Jesus escapou dessa armadilha. Ele nos ensina apensar sobre o que é de
Deus.
Os fariseus, saduceus e
herodianos não estavam preocupados com a questão do imposto em si mesmo.
Eles eram defensores do status quo e colaboravam abertamente como o Império
Romano. Por isso Jesus os chamou de hipócritas. Aliás, o jargão lisonjeiro
usado por eles no v. 16, com referência a Jesus, é idêntico ao que os políticos
atuais utilizam com referência às igrejas e líderes evangélicos.
Jesus não respondeu
"sim", nem "não", e tampouco "subiu no muro". Ele "derrubou o muro" (Ef.2.14).
Pois, se é notável a presença de um zelote entre os seus discípulos mais
próximos, também o é a presença de um publicano - Mateus, outro dos doze (tenho
curiosidade de saber como os dois conviviam em grupo tão fechado). E aí está
uma grande lição dessa passagem: Cristo não veio dividir-nos. O propósito do
Pai ao enviá-lo foi de fazer convergir nele todas as coisas, tanto as que estão
no céu como as que estão na terra (Ef.1.10). Em Cristo não há judeu, nem
grego (raça, etnia, cultura), não há escravo nem livre (classe social), não há
homem nem mulher (gênero), porque todos somos um nele (Gl.3.28). Podemos
acrescentar que em Cristo não há e nem pode haver partido político. O
evangelho não pretende erguer muros entre as pessoas, pelo contrário, pretende
derrubar os que existem.
A desconcertante resposta de Jesus expõe seus inquisidores ao ridículo.
"Vocês estão se referindo ao imposto que só pode ser pago com uma moeda
especial, que eu não tenho. Vocês têm em mãos essa moeda?" Os fariseus
abominavam a moeda por conter uma imagem e uma inscrição idólatra. Os herodianos
a desprezavam em favor das moedas cunhadas pelos Herodes. Eles entendiam que
era a Herodes que lhe correspondia o direito legítimo de cobrar impostos, mesmo
que tivessem que se submeter aos romanos.
A pergunta de Jesus:
"De quem são a imagem e inscrição?" nos ensina o seguinte: A moeda era:
Ø Usada para propaganda política e religiosa,
Ø Um meio de pagamento,
Ø Um instrumento da ordem econômica, meio circulante.
Entretanto, a organização social e política é uma permissão
de Deus aos homens que ele criou à sua imagem. Eles têm poder de escolha e
decisão, mesmo que este poder seja exercido contra a vontade divina, ou a
revelia dela. Os modernos Estados de direito chegaram ao ideal aqui
estabelecido por Jesus: a laicidade. Homens livres, eleitos livremente pelo
povo, decidem livremente, independentemente de classe social, raça, religião ou
gênero, sobre o formato que esses Estados terão. César não é Cristo e Cristo
não é César. César não se impõe a Cristo e Cristo não se impõe a César.
As moedas do
Imperador deveriam ser devolvidas a ele. Mas e a Deus, o que devemos devolver?
Onde está gravada a imagem de Deus? Em Gn 1.27 lemos que nós, seres humanos
somos essa imagem. Ou seja, nós somos essa moeda com o rosto de Deus. Com isso
Jesus nos desafia a nos entregarmos inteiramente a Deus. Isso deve transparecer
em nossas atitudes, na nossa forma de falar, no nosso cultuar a Deus e
especialmente, em nossas ofertas a Deus.
Na vida pratica, nós
damos ao governo o que lhe pertence: viver retamente seguindo as suas leis sem
nos submetermos a exploração. Por isso, se temos uma carga tributária
exorbitante e um governo corrupto, não usemos isso para sonegar impostos. Nós
podemos contribuir lutando para diminuir os impostos e punir os corruptos.