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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Dia de Natal, 25.12.2014

Predigt zu Lucas 2:8-20, verfasst von Gottfried Brakemeier

 

Estimada Comunidade!

 

Natal abre a janela para um outro mundo, diferente daquele que aí está e ao qual estamos acostumados. É do que nos fala esse texto do evangelho de Lucas. Um grupo de pastores que cuidavam de seus rebanhos nos campos de Belém fizeram uma experiência maravilhosa. Subitamente, na escuridão da noite viram-se envolvidos por uma grande luz. A glória de Deus brilhou em torno deles e eles ouviram uma mensagem que dizia: "Não tenham medo. Eu trago a vocês uma notícia de grande alegria. É que hoje nasceu na cidade de Davi o Salvador, a saber Cristo o Senhor." Poderíamos dizer que aqueles pastores assistiram ao primeiro "Natal Luz", não fosse inadequada tal comparação. Pois o que os pastores viram e ouviram foi diferente das encenações típicas da celebração do Natal em Gramado e outras cidades do País. Lá em Belém de fato o céu desceu à terra, o paraíso apareceu, uma janela se abriu para o reino de Deus. E depois de o anjo ter dado seu recado, uma multidão de anjos veio associar-se a ele, cantando glória a Deus nas alturas e paz na terra entre a gente a quem ele quer bem. O Natal desconhece ódio, desespero e dor. Mergulha tudo em alegria, paz e luz.

 

Pois é nisto que reside o fascínio dessa festa. Ela afasta por alguns instantes os problemas, as preocupações, os perigos que nos atormentam. Nós cantamos: "Noite feliz" (HPD 13), "Jubiloso, venturoso tempo santo de Natal" (HPD 29) "Com júblo cantai" (HPD 25) e hinos semelhantes. Com isso o Natal toca em profundos anseios humanos, sensibiliza, emociona. Seja constatado à parte que não existe nada igual em outras religiões. Essa alegria transbordante, bem como aquela da Páscoa e de Pentecostes é próprio da fé cristã. É sua particularidade. O cristianismo é a religião da alegria. Por isto mesmo o Natal é festa tão bonita. Traz luz, muita luz à escuridão da vida, enxugando lágrimas e afugentando o medo. A beleza da festa se traduz nos enfeites, nas velas, na música. Entrementes o Natal é celebrado até mesmo em famílias muçulmanas que não resistem ao charme dessa festa. Deploramos a comercialização de que o Natal se tornou vítima bem como sua descaracterização pelo Papai Noel. Mesmo assim, todas as perversões não podem apagar o brilho da luz que se acendeu há dois mil anos atrás naquela pequena aldeia chamada Belém.

 

Natal, um momento excepcional? Uma pausa no cotidiano? Ou até mesmo uma ilusão? Tudo o que é bonito demais está sujeito à suspeita de ser uma ficção. Será que o Natal é algo real? Ou não passará de uma sensação passageira, de uma miragem no horizonte, de um sonho rápido? De repente tudo passou e as coisas continuam como antes. Aquela visão dos pastores, onde está? Ela não se repete. Onde estão os anjos que cantam glória a Deus e anunciam paz entre as pessoas, os povos e as nações? O mundo não muda! Ele continua a assustar com seus crimes, sua injustiça, suas loucuras. Natal, será ele mais do que um paliativo? Ora, os primeiros cristãos tiveram a coragem para dizer "Sim"! É bem mais do que isto. Eis a convicção cristã de todos os tempos. O Natal introduziu um novo tempo. Transformou a realidade. Não ficou sem efeitos. Animou pessoas a igualmente glorificar a Deus e a engajar-se em favor da paz na terra. Espalhou alegria e continua fazendo isto todos os anos. A visão dos anjos, ela se repete, sim. É preciso ter olhos para ver os milagres que Deus faz e ouvidos para perceber sua mensagem. Deus vem para visitar a criatura e lhe estende a mão. Ele vem trazer salvação, nada menos do que isto.

 

É verdade que o Natal não deve ser confundido com uma receita mágica. Ele não acabou de vez com os crimes da humanidade, com as guerras e a violência. Na própria história de Natal nem tudo é paz e harmonia. A precariedade das condições do nascimento de Jesus num estábulo, a matança de meninos inocentes por ordem do rei Herodes, a fuga de Maria, José e Jesus ao Egito são sombras que desde cedo se lançaram sobre o Natal. Sobretudo não deve ser esquecido que este Jesus é o mesmo que vai morrer na cruz, vítima de cruel assassinato. O velho mundo vai marcar forte presença na biografia do filho de Maria, impedindo que por sobre a beleza do Natal esqueçamos as duras realidades da vida. Estas não podem ser eliminadas através de uma simples festa. Não é festejando que se resolvem os problemas. O combate ao mal necessita de outra estratégia. E, no entanto, o Natal disponibiliza os recursos para tanto. Quem se inspira no anúncio dos anjos será motivado a jamais resignar frente às evidências do mal. O amor de Deus, manifesto em Jesus de Nazaré, é mais poderoso do que as forças das trevas.

 

Ainda assim, é estranho o embaraço de muitas pessoas frente à história de Natal. Querem a festa, o pinheirinho, os presentes. São coisas muito benvindas, apreciadas, aplaudidas. Mas Jesus, o personagem principal por demais vezes fica de lado. Há quem prefira um Natal sem Jesus. Permanecem as velas, a estrela, o enredo festivo e principalmente o Papai Noel. Mas Deus está sobrando. É extremamente procendente o alerta, dizendo: "Acima de tudo, Natal é Cristo!" Natal corre o risco de ficar reduzido a uma pura emoção, a uma lembrança nostálgica, a uma celebração sentimental. Fala-se muito em amor naqueles dias. Sim, Natal é a festa do amor. Mas qual? Não o de nós. Como cristãos devemos insistir em que se trata do amor de Deus que vem nos socorrer. Ele está encarnado naquela criança deitada na manjedoura. O nosso amor é por demais fraco para ser exaltado. É terrível constatar a carência de amor entre as pessoas. Certamente ele não falta por completo, não. Seria injusto tal juízo. Há sinais de amor ao próximo, sim, graças a Deus. E no entanto, é enorme o déficit justamente nesse tocante. Assusta o quanto a pessoa humana pode ser fria, apática, cruel com relação a seus semelhantes. Nem mesmo nós podemos excluir-nos. Ficamos em débito uns com os outros, lamentavelmente. Exatamente por isto necessitamos do amor de Deus. O amor humano é importante, importantíssimo mesmo. Mas ele é insuficiente, incapaz de de substituir o amor de Deus Só este pode de fato segurar na vida e na morte. Natal celebra o milagre do amor de Deus, querendo inflamar-nos com o seu calor e assim multiplicar a paz na terra.

 

Pois o amor é o pressuposto da paz. Assim como o ódio destrói, provocando guerra e destruição, assim o amor constrói, reconcilia, renova. Não é por acaso que o anjo fala em paz na terra entre as pessoas a que Deus quer bem. O amor de Deus de que o Natal dá notícia reverte em crescimento da paz na terra. Todo mundo sabe que a ausência de amor é a principal causa das desavenças entre pessoas e povos. Ficamos apavorados com as crueldades cometidas por indivíduos e grupos. Isto não só em regiões distantes, como até mesmo em nosso país e na própria vizinhança. O ser humano é uma espécie assassina, desgraçadamente. Natal quer inverter a situação. Deus traz amor a este mundo fazendo nascer aquele que é o seu filho, Jesus Cristo. Ele é chamado de salvador exatamente por isto. Paz é um dos mais importantes sinônimos de salvação. Natal anima a dar glória a Deus nas alturas e a espalhar a notícia da grande alegria que Deus preparou na cidade de Belém. Veremos então que a paz vai se multiplicar na terra e a janela para o novo mundo de Deus se abriu mais um pouquinho.

 

Sem Jesus o Natal não é o que pretende ser. Esvaziou-se, perdeu o seu sentido. Por isto mesmo os pastores são convidados a ir a Belém a fim de verificar o que lá aconteceu. Diz o anjo: "E isto servirá de sinal a vocês: Vocês vão encontrar uma criança em fraldas, deitada num coxo e os pais a seu lado." Não há Natal sem o encontro com Jesus. Se os pastores não tivessem seguido a Belém, certamente teriam feito uma fantástica experiência religiosa. Poderiam ter falado de uma visão extraordinária, de um enorme milagre que aconteceu, de uma revelação especial. Mas ainda não teriam visto o Natal. É o que devemos reenfatizar hoje. O Natal parece ter se emancipado de suas origens. Tomou um rumo que está em desacordo com a história bíblica. Ora, os pastores no campo podem ajudar-nos a reencontrar o verdadeiro sentido dessa festa. Vamos com eles e ver o que lá em Belém aconteceu. Desejamos que Deus abra os nossos olhos e nos conceda assim um abençoado Natal.



P. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasil
E-Mail: brakemeier@terra.com.br

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