Göttinger Predigten

Choose your language:
deutsch English español
português dansk

Startseite

Aktuelle Predigten

Archiv

Besondere Gelegenheiten

Suche

Links

Konzeption

Unsere Autoren weltweit

Kontakt
ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Antepenúltimo Domingo do Ano Eclesiástico, 11.11.2007

Predigt zu Lucas 20:27-38, verfasst von Gottfried Brakemeier

 

Prezada comunidade, irmãs e irmãos!

Confesso que essa história contada pelos saduceus também a mim deixou intrigado. Eles que negavam a ressurreição dos mortos apresentam um "caso" a Jesus, naturalmente com a intenção de debochar. Imaginem uma mulher que teve sucessivamente sete maridos, de quem será esposa na ressurreição dos mortos? É claro que se trata de uma história fictícia. Os saduceus a inventaram. Mas ela bem poderia ser possível. Naquela época existia uma lei que obrigava um homem a casar com a viúva de seu irmão, se este morrera sem deixar descendência. Chamava-se "levirato" esse costume. Então teria acontecido isto: Sete irmãos, um atrás do outro, tiveram que casar com a mesma mulher. Com qual dos maridos iria conviver no céu? Como Deus iria resolver este problema?

Para nós essa lei não existe, graças a Deus. Mas eu de imediato me lembrei das tantas pessoas, viúvos e viúvas, que casaram pela segunda vez. Lembrei-me também dos divorciados, do grupo cada vez maior de pessoas, que casam duas, três vezes, ou até mais. Pensei, enfim, nas parcerias sem certidão de casamento. As perguntas são sempre as mesmas: Como devemos imaginar a nossa convivência na outra vida? Para onde vai toda essa gente que morre? E como será o castigo dos maus e a beatitude dos bons? Como Deus vai fazer justiça no juízo final? Eu tenho perguntas e mais perguntas, todas sem resposta. Não será isto um forte argumento contra a ressurreição, contra uma vida depois da morte, contra a esperança da vida eterna?    

Pois é! Faltam provas para a verdade da ressurreição. Nós festejamos a Páscoa, isto é a ressurreição de Jesus. Nós confessamos no Credo Apostólico que cremos na ressurreição e na vida eterna. Mas quando somos perguntados pelas razões, entramos em dificuldades. Existem por demais incógnitas, enigmas, incertezas. À primeira vista, os argumentos contrários à ressurreição parecem ser mais convincentes. Quem morreu, morreu. A morte é o ponto final da nossa história. Do cemitério ninguém voltou. Assim fala muita gente, e parece que o número de pessoas que não acreditam numa vida pós-mortal está em franca ascensão.

É verdade que o povo brasileiro é religioso. Ele é pouco crítico. Mas o ateísmo avança também no Brasil, principalmente entre jovens e na classe intelectual. É bom não enganar-se: A dúvida é grande. É verdade, sim, que depoimentos de pessoas quase mortas chamaram atenção. Depois de terem voltado à vida depois de morte clínica falaram de experiências maravilhosas, de paz, de luz, de felicidade. Ou então os espíritas dizem poder comunicar-se com os espíritos de falecidos. Ora, tudo isto não são provas no sentido real da palavra. Há certo mistério em torno do assunto, sim. Mas certeza quanto a uma vida futura não existe. Se houvesse provas, estaríamos dispensados da fé. Ressurreição passaria a ser um assunto de pesquisa científica. Mas a ciência não tem como analisar a vida eterna. Suas antenas não captam as ondas da eternidade. Tem coisas que se subtraem ao domínio do ser humano. A ressurreição dos mortos é uma delas.

Mesmo assim, essa fé é nada absurdo. Pelo contrário, ela é muito necessária, muito salutar, muito "inteligente". Se como cristãos não temos provas, temos mesmo assim bons argumentos. Estúpidos são eles, os saduceus e seus semelhantes hoje. Vejamos isto na resposta que Jesus lhes dá. O primeiro erro que Jesus lhes aponta é que eles imaginam a vida futura como simples continuação das condições aqui na terra. Aqui as pessoas casam e casam de novo. Ou então, assim podemos acrescentar, se divorciam, aliás, infelizmente, e procuram novos parceiros. Mas no futuro mundo de Deus as condições são outras. Se nós imaginarmos o paraíso como simples réplica da situação vigente, nós não vamos chegar longe. Vamos muito rapidamente esbarrar nos limites da nossa capacidade de imaginação. Não temos como imaginar eternidade, por exemplo, caso a entendermos como tempo ilimitado. Eu já tenho dificuldades em imaginar mil anos, quanto mais um milhão de anos. Então, eu devo deixar de especular a respeito do que não posso saber. Os saduceus são uns ignorantes. Eles querem ridicularizar a fé na ressurreição. Mas não percebem ser impossível igualar as condições do aquém aos do além. Jesus diz que seremos como "anjos", isto é seres novos que não mais morrem, seres diferentes, filhos da ressurreição.

O segundo erro dos saduceus é que eles não leram bem a Sagrada Escritura. Diziam que não haveria nenhum comprovante da ressurreição na "lei de Moisés", na torá, como dizem os judeus. Jesus discorda. Menciona a passagem da sarça ardente, em que Moisés ouviu Deus se apresentar como Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Ora, os patriarcas já haviam morrido há muito tempo. Mesmo assim Deus continua sendo o seu Deus. Ele não era (!) o Deus deles. Ainda naquela oportunidade ele é (!) o seu Deus. Portanto Abraão, Isaque e Jacó vivem junto a Deus. Do que Jesus conclui: Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos.

De fato, a questão da ressurreição se decide na pergunta: Quem é nosso Deus. É este o terceiro erro dos saduceus e dos negadores da ressurreição em todos os tempos, a saber que eles crêem num Deus fraco. Para eles a morte é a todo-poderosa. Eles não o dizem, mas negando a ressurreição dos mortos, não o podem esconder. À primeira vista, eles têm razão. A morte sempre se impõe. Dela ninguém escapa. Ela é a grande vitoriosa neste mundo. A sepultura é sempre nosso último destino. Jesus diz que não! O grande vitorioso neste mundo é Deus, não a morte. Jesus crê isto em conformidade com a Bíblia, incluindo o Antigo Testamento. E assim como Jesus também a cristandade o afirma. O poder de Deus é superior ao da morte. Se Deus criou o mundo do nada, pode também ressuscitar mortos. Portanto, a fé cristã proíbe reduzir Deus a um escravo ou a um súdito da morte. O Deus de Jesus Cristo é mais poderoso do que tudo o que mata neste mundo. Os saduceus desconhecem Deus e seu poder. Eles são quase como os "ateus".

Somente a fé neste Deus que ressuscita os mortos é capaz de fundamentar esperança. Vamos imaginar agora uma vez o contrário. Se tudo acaba com a morte, se não há vida para além do túmulo, que resta? Bem, restam os anos de vida entre o nascer e o morrer, só isto. E neste espaço de tempo devem caber todos os nossos desejos, nossos sonhos, nossas esperanças, toda felicidade, tudo deve caber nestes poucos anos. Uma "eternidade" em poucos decênios. Então, se de fato assim é, devemos seguir o que já diziam o profeta Isaías e o apóstolo Paulo, a saber: "Comamos e bebamos que amanhã morreremos". Então vamos nos divertir e "curtir" esta vida tão bem como possível. Vamos correr atrás do prazer e gozar  -  enquanto dá. Hedonismo se chama isto, ou seja, uma concepção de vida, para a qual o prazer passou a ser o supremo valor. Se o amanhã está bloqueado, deve-se aproveitar o hoje. Então também o amor já não mais interessa. Vamos refletir uma vez sobre isto: Que vai sobrar da nossa vida sem a perspectiva da ressurreição? Vai haver espaço para verdadeira esperança?

Certamente também cristãos nada podem dizer sobre como serão as coisas na eternidade. Carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, disse o apóstolo Paulo. Portanto, não existe uma linha direta do aquém ao além. Quem ressuscitou será outra pessoa do que é aqui. Terá "novo corpo" já não mais sujeito às condições do tempo e do espaço. Mas a nossa identidade será a mesma, desde que os nossos nomes estejam inscritos no livro da vida, isto é no "arquivo" de Deus. Talvez não seja acaso que na linguagem do computador "salvar" seja sinônimo de "arquivar", de "gravar na memória" e por isto de "preservar". Quem é "salvo" não é esquecido. Será resgatado se o "dono" assim o quiser. Vejo nisto um interessante paralelo com a ressurreição. De qualquer maneira, quem crê no Deus que ressuscitou a Jesus Cristo dos mortos, tem a promessa de vida, ainda que morra.

No mundo grego eram os epicureus os que ridicularizavam a ressurreição. Assim o fizeram com o apóstolo Paulo, quando no areópago de Atenas começou a lhes falar no assunto. Jamais a fé na ressurreição era "coisa normal" neste mundo. Muito menos o é hoje. Nós não temos provas, não. Mas eles também não têm. É uma questão de fé. Em que nós cremos? Vamos crer na onipotência da morte ou em Deus? Antes de dar resposta, é bom avaliar as conseqüências. Pois vida e morte estão em jogo. Como comunidade cristã agradecemos pela esperança que Deus nos possibilitou. Já não mais estamos sob o jugo da morte. Disto a ressurreição de Jesus Cristo é o maior e mais maravilhoso sinal.

 

Amém

 

 

  



Pastor Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS - Brasilien
E-Mail: brakemeier@terra.com.br

(zurück zum Seitenanfang)