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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Domingo de Pentecostes, 24.05.2015

Predigt zu Romanos 8:22-27, verfasst von Gottfried Brakemeier

Prezada comunidade!

Hoje é Pentecostes, dia do Espírito Santo, aniversário da Igreja. Que aconteceu neste dia para ser tão importante? A Bíblia fala de uma reunião dos discípulos ainda traumatizados pela crucificação e morte de seu mestre. Eles sabem de sua ressurreição. Jesus lhes apareceu como vivo, como quem venceu o inferno e derrotou o poder da morte. Mesmo assim eles não querem arriscar-se. Pois também os inimigos de Jesus estão vivos e podem perseguir os simpatizantes desse crucificado. Os discípulos tem medo de sair a público. Por isto eles continuam trancados em suas casas e ficam calados. É o Espírito Santo que muda essa situação. O grupo faz uma experiência maravilhosa. Cria coragem e parte para anunciar o evangelho em toda a parte. Agora os discípulos cumprem a ordem de Jesus para serem suas testemunhas até os confins da terra (At 1.8). Pentecostes marca o início da pregação do evangelho e com isto o início da igreja de Jesus Cristo. De acordo com o livro dos Atos, o apóstolo Pedro com um longo discurso é o grande protagonista. Cria-se a primeira comunidade com quase três mil membros que se juntam ao grupo dos seguidores de Jesus naquele dia.

Chama atenção que a chegada do Espírito Santo está acompanhada de alguns sinais assombrosos. Ouve-se um barulho como de um vento soprando muito forte, aparecem chamas de fogo espalhando-se por todo aquele ambiente e os discípulos começam a falar em línguas estranhas (At 2). Nós chamamos isto de “glossolalia’, um linguajar em estado de êxtase, algo praticado ainda hoje em várias igrejas ditas “pentecostais”. Portanto, o Espírito Santo se manifesta com sinais extraordinários. Não raro fui perguntado, por que em igreja luterana nada se ouve a esse respeito. Luteranos não gostam de falar em línguas. Por que não? Ora, porque êxtase, ou seja, o estar fora de si, não é de fato o credencial do Espírito de Deus. Também outras religiões, não cristãs, conhecem tais fenômenos. Talvez esteja aí a razão porque Jesus jamais falou em línguas. Ele sempre foi pessoa muito sóbria. E o apóstolo Paulo confessa que ele prefere dizer cinco palavras em juízo a milhares de palavras em línguas estranhas (1 Co 14.19). Igreja luterana insiste numa comunicação do evangelho que seja compreensível, “ajuizada”, convincente. Pentecostes não é o dia do êxtase, mas do testemunho destemido pelo mundo afora. Nesse sentido também igreja luterana é “Igreja pentecostal”.

Aliás, espírito é sempre sinônimo de uma força, de poder e criatividade. Também o Espírito de Deus o é. Sim, Deus mesmo é Espírito (Jo 4.24). Entretanto, não existe um único espírito só. Os espíritos são muitos. E eles nem sempre estão a serviço de Deus. A Bíblia sabe de maus espíritos, malignos, demoníacos. Também Satanás é espírito. É esta a nossa realidade. Existe verdadeira legião de espíritos. Todos querem fazer a nossa cabeça, comandar nossa vontade, determinar nossa conduta. Como distinguir o Espírito de Deus em meio a tanta confusão? O “espiritismo”, por exemplo, será ele um fruto legítimo de Pentecostes? E que dizer dos movimentos carismáticos? É justo, pois, que o autor da primeira carta de João esteja alertando para a necessidade de por à prova as pessoas que dizem possuir o Espírito Santo (1 Jo 4.1). Pentecostes celebra a vinda não de qualquer espírito, e, sim, do Espírito de Deus, daquele a quem Jesus invocou como Pai e a quem a comunidade se dirige como “Pai Nosso”. Portanto, cuidado para não sermos enganados por espíritos que antes afastam de Deus do que dele aproximam. Espírito é fenômeno ambíguo que precisa ser testado quanto à sua autenticidade.

Perguntando pelo distintivo do Espírito de Deus convém ouvir o texto para a pregação de hoje, um trecho do oitavo capítulo da carta aos romanos. Ele dá uma resposta da mais alta importância: O Espirito Santo cria e sustenta esperança. O apóstolo Paulo poderia ter destacado uma série de outras características. Pois de acordo com o testemunho unânime dos cristãos e das cristãs o Espírito de Deus é o espírito da verdade, da vida, do amor. Um espírito que promove o ódio, a violência, a mentira, que espalha terror pelo mundo afora, que dá cobertura ao crime e joga as pessoas na miséria certamente é outro do que aquele que veio a nós em Jesus Cristo. No texto base para a prédica de hoje o apóstolo Paulo ressalta a esperança. “Pois foi por meio da esperança que fomos salvos”, assim ele escreve. Pessoa cristã, pessoa “espiritual”, pessoa que crê se distingue de outras por saber de uma esperança inabalável nas conturbações da vida. Tal esperança é barra de apoio, esteio que segura quando o chão cede debaixo dos pés, que é força de resistência contra o mal.

Creio haver motivos especiais para refletir sobre isto justamente em nosos dias. Os noticiários estão cheios de horror e metem medo. Menciono como exemplo a degradação ambiental. O ser humano está destruindo o meio ambiente e com isto o fundamento de sua existência. De fato, a criação inteira geme, sofre, grita sob a ação depredadora humana. Estamos derrubando as florestas, poluindo os mares, esgotando os recursos naturais do solo. A criação está gemendo, diz o apóstolo Paulo. E nós também. Pode ser a doença, que nos aflige, a falta de perspectivas futuras, a dependência de drogas, a proximidade da morte. Ora, existem muitos motivos que reduzem a qualidade de vida e matam a alegria. Nós gememos em nosso corpo sob incertezas e dúvidas, ansiamos por sinais claros de sernos filhos e filhas de Deus, aguardamos a libertação do mal. Certamente este mundo é um belo jardim, dado por Deus como habitação enquanto vivemos. Ao mesmo tempo é um lugar altamente inseguro. Estamos no perigo de sermos tragados pelo medo. A tranquilidade já há tempo fugiu. Será que teremos somente destruição, tragédias e catástrofes pela frente?

“Pois foi por meio da esperança que fomos salvos.” Eu quero citar essa palavra mais uma vez. Nós sabemos que Deus é mais poderoso do que tudo o que nos amedronta. Nada nos pode separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. É verdade que às vezes pouco se enxerga desse amor. Andamos pela fé e não pelo que vemos. Paulo lembra com muito acerto que esperança que se vê deixou de ser esperança. A gente espera coisas que ainda não se realizaram. E, todavia, sabemos que Deus vai cumprir suas promessas. Nós temos uma esperança, sim. Pentecostes reforça essa convicção em nós. Temos uma força a que recorrer na vida e na morte. Disso o Espírito Santo sempre de novo nos lembra, animando-nos em nossas angústias. Ele vai fortalecer nossa fé e socorrer-nos nas fraquezas. Aliás, fracos somos também na oração. Às vezes não sabemos nem como nem o que orar. Muita gente até esqueceu de dirigir-se a Deus. Novamente o Espírito Santo pode ajudar. Ele ensina a orar de acordo com a vontade de Deus, sim, ele até mesmo ora em nosso lugar. O dia de Pentecostes é dia de oração, assim como é dia de testemunho.

Nós celebramos Pentecostes num mundo desesperado. Cuidado, o pânico mata. Ele seduz as pessoas a cometer verdadeiras loucuras. Quem nos devolve a esperança e com ela a serenidade capaz de colocar as coisas em ordem de novo? Convém auscultar atentamente o testemunho bíblico a esse respeito. Ele nos fala de uma experiência extraordinária dos discípulos de Jesus no dia de Pentecostes. O medo de repente sumiu. Os apóstolos vão para espalhar a esperança pelos quatro ventos afora. Assim também hoje. Pentecostes não é um simples dia comemorativo. É um dia repetitivo que pode acontecer a qualquer momento de novo. Pois o poder do Espírito Santo não é como telefone fixo, preso a determinado lugar. Ele se compara antes a um telefone móvel que acompanha o usuário para onde for. De qualquer maneira, o mundo do século 21 precisa urgentemente de um novo Pentecostes. Deve vencer a paralisia, na qual o medo jogou os povos e as pessoas e recuperar as energias para consertar o que está errado. “Este mundo tem salvação” dizia uma senha em curso na IECLB tempos atrás. Ela não perdeu em absoluto sua validade. Neste sentido eu desejo a nós e a todos um abençoado dia de Pentecostes.

Amém.



Pastor Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS, Brasilien
E-Mail: brakemeier@terra.com.br

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