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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

DIA DA REFORMA, 31.10.2015

Predigt zu Romanos 3:19-28, verfasst von Martin N. Dreher

 

Minhas irmãs e meus irmãos!

“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês”.

Nesta data, há precisos 498 anos, o reformador Martim Lutero publicou 95 teses, nas quais se voltava contra a instituição de cartas de crédito que prometiam salvação e vida eterna para quem as comprasse. Estamos, pois a caminho dos 500 anos da redescoberta do Evangelho, o qual mais do que nunca precisa ser proclamado nos dias atuais.

A data daquele 31 de outubro antecedia, como hoje, ao 1º de novembro, o dia de Todos os Santos. Na Igreja do Castelo de Wittenberg, cidade alemã, na qual Lutero era professor universitário, o príncipe costumava expor relíquias (objetos que supostamente haviam pertencido a santos, a Jesus e aos discípulos) e que concediam, quando visitadas, milhares de dias de indulgência. Ali existiam pedaços da cruz de Jesus, prepúcio de Jesus, lança de São Maurício, o cadáver de uma das crianças assassinadas pelo rei Herodes... As relíquias concediam indulgência, tornavam desnecessário o arrependimento visível por pecados cometidos. Como se pagasse ingresso para admirá-las, o valor do ingresso substituía a obra de arrependimento. Mas, quando aconteciam evangelizações, também se podia adquirir cartas de crédito, designadas de indulgências. E, era a validade dessas indulgências que o padre e professor Martim Lutero queria discutir.

Por que? Porque ele havia descoberto que Deus é diferente do que nós imaginamos. Estudando a Bíblia, verificou que Deus se mostrou a nós em Jesus e que Deus tem o rosto do crucificado e este crucificado é o contrário de tudo o que nós nos imaginamos de Deus. Viu que a justiça de Deus é diferente da nossa justiça. Para nós, justiça é recompensar quem é bom e castigar quem é mau. Diante de Deus, contudo, o ser humano se descobre mau e pecador e vê que só pode existir por causa do amor e do perdão de Deus. Vida sem perdão é uma impossibilidade. Deus não rejeita o pecador, ele rejeita o pecado e lançou toda a nossa culpa sobre Jesus e a cruz de Jesus passa a ser o grande sinal e certeza do amor incondicional de Deus por nós.

Lutero também havia redescoberto que sozinhos não nos conseguimos salvar, nem ter vida eterna. Em um de seus hinos, depois, veio a cantar essa certeza: “A minha força nada faz, sozinho estou perdido”. Somos qual pessoa que caiu no banhado e está afundando. Quando alguém nos estende a mão, dizemos: ‘Pode deixar, na hora em que quiser sair, puxo-me pelos cabelos e saio’. Isso é ilusão. Somos pessoas totalmente dependentes de Deus. O resto é o diabo. Além do mais: pertencer a Deus é presente! Como Ele se decidiu por nós em Jesus, salvação é dádiva. É mão Dele.

Estudando Bíblia, Lutero também viu que este livro é uma manjedoura dentro da qual Cristo está deitado; se não o encontrarmos, só temos palha! Essa descoberta o ensinou a ler toda a Bíblia a partir de Jesus. Não se pode, por exemplo, ler um versículo como o de Malaquias 3, 10 e afirmar que se pagarmos os dízimos a determinada denominação, Deus é obrigado a fazer o que lhe pedirmos. Deus é livre (!) e pode também negar o que lhe pedimos, pois já nos deu tudo em Jesus! E de graça!

Todas essas descobertas fizeram Lutero experimentar “liberdade”. Assim como muitas outras pessoas em seu tempo, e também em nossos dias, o reformador pensava que somente cumprindo determinadas leis se adquire salvação, que somente tendo determinadas coisas (relíquias, arruda, espada de São Jorge, indulgências) se tem proteção. Não, descobriu ele: Salvação se tem por e de graça, por fé. E o que é fé? Fé é confiança em Deus, é saber que Ele já fez tudo por nossa salvação em Jesus, de graça! Fé é saltar para os braços daquele que já fez tudo por mim em Jesus. Isso dá liberdade para viver com alegria a vida que Deus nos dá. Isso é o que designamos de Evangelho da graça e da misericórdia, do amor de Deus. Isso nos dá a liberdade de partilharmos o amor de Deus com nosso próximo.

Antes de fazer essa descoberta, o sobrenome do reformador era “Luder”, palavra que podemos traduzir com “vagabundo”. Quando descobriu a liberdade que nos é dada pelo amor de Deus, alterou seu sobrenome para “Luther”. Trocou “d” por “th”. Donde tomou essa liberdade? De palavrinha muito usada pelo apóstolo Paulo: eleutheria, com “th”. Eleutheria nós traduzimos ao português com “liberdade”. Luther, Lutero, luterano fala da liberdade que temos em Deus e que não precisamos comprar, pois nos foi dada de presente em Jesus. O que gostaríamos de ser enquanto cristãos? “Luderanos” ou “luteranos”? Vai aqui uma sugestão:

Teriam perguntado a Lutero, o que faria, se o fim do mundo viesse amanhã. Ele teria respondido: pagaria minhas dívidas e plantaria macieira. Duas coisas que nos parecem loucura. Quem é “luterano” é evangélico, continua a ser honesto e cuida da boa criação de Deus. “Luderanos” nada disso fazem. Permanecei, pois, firmes em uma fé ativa no amor. Amém.

 

Oração: Obrigado, Senhor, por nos teres libertado do desejo e da necessidade de conquistar o teu amor e o teu perdão por nossa própria força. Tudo tu nos dás gratuitamente, para que libertos vivamos em lealdade e responsabilidade diante de ti e no mundo em que nos colocaste. Por Cristo, Senhor e Salvador nosso. Amém.

 

 



P. Martin N. Dreher
São Leopoldo – RS/Brasil
E-Mail: martindreher@terra.com.br

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