Göttinger Predigten

Choose your language:
deutsch English español
português dansk

Startseite

Aktuelle Predigten

Archiv

Besondere Gelegenheiten

Suche

Links

Konzeption

Unsere Autoren weltweit

Kontakt
ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

1º Domingo de Advento, 02.12.2007

Predigt zu Mateus 24:36-44, verfasst von Nilo Christmann

    

Prezadas irmãs e irmãos!

No filme Treze dias que abalaram o mundo tem uma cena muito interessante. A história retrata os anos 60, quando os Estados Unidos e a União Soviética travavam a chamada Guerra Fria. As duas potências mundiais daquela época tinham o armamento nuclear necessário para se destruírem mutuamente uma porção de vezes. O filme conta a história de um momento em que isto esteve muito perto de acontecer. Na queda de braço das estratégias políticas e militares foi marcado um dia e uma hora em que a destruição teria início, a não ser que alguém voltasse atrás. A notícia chegou à população. Todos sabiam que a vida estava por um fio e que a morte poderia acontecer em questão de horas. Como as pessoas reagem diante de tal situação? Uma das cenas do filme mostra a procura pelo confessionário. A longa fila atravessava a igreja e chegava até à rua.

No filme, a guerra foi evitada no último instante e todos puderam respirar aliviados. Mas, a história estimula a imaginação. Também nós podemos perguntar: O que ainda faríamos hoje se soubéssemos que não haverá amanhã? Tudo indica que viveríamos este dia de forma diferente do que um dia normal. Provavelmente não iríamos discutir por causa de questões menores como: o tempero da comida ou o chinelo que alguém deixou fora de lugar. Possivelmente seríamos mais compreensivos com os filhos, a esposa, o marido e os pais. Num dia assim talvez deixássemos de atribuir aos outros toda a culpa e a responsabilidade pelos problemas que temos na vida. Talvez até percebêssemos que algumas questões que ocupam o nosso tempo nem são tão importantes assim. Enfim, ainda que não fôssemos ao confessionário, no mínimo, faríamos um exame de consciência e seríamos mais humildes e amorosos do que normalmente somos.

Prezados irmãos e irmãs! O exercício que acabamos de fazer mostra que normalmente vivemos como se ainda tivéssemos muito tempo diante de nós. É desse assunto que fala o Evangelho de Mateus, principalmente nos capítulos 24 e 25. Ali estão reunidas palavras de Jesus sobre o fim dos tempos, as tribulações, o juízo final, os critérios que conduzirão à vida ou à morte eternas e a necessidade de estarmos preparados.

No seu ensino Jesus não deixa dúvidas que a história da humanidade está nas mãos de Deus. Nem a realidade, na qual os discípulos viviam e tampouco a realidade na qual nós vivemos correspondem à vontade última de Deus. Virá o dia em que este mundo será transformado e, então como diz no livro do Apocalipse, já não haverá dor, nem morte, nem luto, nem pranto. Neste tempo Deus enxugará dos olhos todas as lágrimas. Ou, na imagem do profeta Isaías, será o tempo em que as nações não mais aprenderão a fazer guerra, mas transformarão as armas em arados. Será a segunda vinda de Cristo ou, como diz o texto que lemos, a vinda do Filho do Homem. Neste momento Deus dirá quem é salvo e quem não. Serão separados os cabritos das ovelhas. Sobre este assunto Jesus faz importantes alertas.

O primeiro deles é a afirmação categórica de que ninguém, nem mesmo os anjos, sabe quando isto vai acontecer. É assunto no qual Deus reserva para si absoluta exclusividade. É uma forma de dizer que não é competência de nenhum ser humano ficar supondo, imaginando ou calculando uma data, na qual Jesus voltará. Mesmo assim, vez por outra, as especulações rondam as comunidades cristãs. Há poucas semanas atrás, na Rússia, um grupo de 29 pessoas, inclusive 4 crianças, entrou em reclusão dentro de uma gruta fazendo uma contagem regressiva para o fim do mundo, que aconteceria em maio de 2008. É um sinal de que a tentação de prever os tempos continua existindo. Jesus é muito claro. Deste assunto Deus cuida. E saber que Deus cuida é um grande alento.

Por outro lado, justamente porque Deus reserva este assunto para si, nós somos alertados. Significa dizer que de fato não temos nenhuma garantia de que haverá um amanhã. Chegará a hora em que não haverá mais tempo. Jesus diz que aquele dia virá de forma inesperada: dois estarão no campo, um será levado e o outro ficará; duas mulheres estarão no moinho, uma será levada a outra ficará. Por isso, Jesus ordena: vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor. Esta ordem é reforçada no final do texto, quando Jesus diz: ficai também vós apercebidos; porque, à hora que não cuidais, o Filho do Homem virá. Jesus desrecomenda os cálculos, mas ordena a vigilância. A pergunta que nos cabe não é pelo quando e, sim, pelo como viver no tempo que Deus concede.

Não é por acaso que Jesus dirige estas palavras aos seus discípulos. Ele os amava e conhecia profundamente. Sabia o quanto era pequena a sua fé. Tanto assim que quando os mandou vigiar no Getsêmani, os discípulos Pedro, Tiago e João dormiram seguidas vezes. Jesus conhece a natureza humana. Não somos diferentes dos discípulos. No fundo sabemos que não temos garantia nenhuma de que haverá um amanhã. Seja pela segunda vinda de Cristo, seja por uma morte precoce e inesperada, somos lembrados da brevidade e da fragilidade da vida. Mas, nos esquecemos disso com muita facilidade. Pessoas que passam por situações de risco prometem fazer tudo diferente se tiverem uma nova chance. Mas, uma vez superada a dificuldade, a tendência é voltar ao estágio anterior. Mesmo assim, Deus não desiste; ao contrário, insiste em nos abraçar.

Em nenhuma outra época da história, o ser humano chegou tão longe nas descobertas e no conhecimento. Tornamo-nos capazes de proezas que seriam impensáveis há poucos anos atrás, basta pensar na tecnologia relacionada à área de informática ou nos avanços da medicina. Mas, ao mesmo tempo em que o ser humano percebe a sua potencialidade, ele deixa de perceber os seus limites. Insiste em tomar o lugar que pertence a Deus e, por isso, esquece as coisas mais simples da vida. Confia na sua capacidade, nos seus recursos e nas suas forças. Ainda assim, Deus não desiste, ao contrário, insiste em mostrar onde está o verdadeiro sentido da vida.

Estamos no início do Advento. Um período entendido como tempo especial de reflexão e de preparação. Um tempo que se mostra como oportunidade de colocar a nossa vida à luz da palavra de Deus, assim como ouvimos na leitura do texto do profeta Isaías. Advento é um tempo para nos aninharmos diante de Deus, permitindo que ele fale conosco mais uma vez e como se fosse a primeira e última vez.

A Bíblia não ensina a imprudência. Para colher é preciso plantar. Não economizar nos tempos de fartura, pode trazer sérios problemas para os tempos mais difíceis. Logo, pensar e planejar para o futuro é importante e necessário. Contudo, em vários sentidos somos chamados a viver como se não houvesse amanhã. É sábio distinguir o que pode esperar daquilo que deve ser feito hoje. Podem esperar: os caprichos relacionados à aparência, as horas trabalhadas além do necessário, o olhar que facilmente enxerga o cisco no olho do outro. Não podem esperar: a vida colocada nas mãos de Deus, a meditação e a oração diárias, o amor ao próximo, a indignação com a injustiça, o carinho com os familiares, o pedido de perdão. Enfim, não pode esperar tudo aquilo que eu faria hoje se soubesse que não haveria amanhã.

A palavra de Jesus nos confronta com a nossa forma de viver. É palavra de juízo e de alerta. Ainda assim, ela está carregada do grande amor de Deus que não quer que nenhum dos seus se perca. A palavra é firme porque não trata de um assunto secundário, mas daquilo que pode significar a diferença entre a vida e a morte. E aqui é oportuna a palavra do Salmo 37.5: Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará. Que Deus nos encoraje e que o tempo de Advento seja um tempo de bênção para nós e para aqueles que Deus confia aos nossos cuidados.

Amém

 

 



Pastor Nilo Christmann
Toledo, Paraná - Brasil
E-Mail:

(zurück zum Seitenanfang)