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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

3º Domingo de Advento, 13.12.2015

Irmãs e irmãos em Cristo.
Predigt zu Lucas 3:7-18, verfasst von Pedro Puentes

Produzam frutos que evidenciem o arrependimento”, é o chamado de João Batista. Os exemplos anotados no relato sugerem que a frase: “frutos do arrependimento”, se referem ao ajustamento de atitudes e comportamentos próprios de uma pessoa honesta e justa. (Repartir o que há de sobra (v.11), isto é, a não deixar desamparados os que não têm. Resistir à cultura de corrupção (representada nos cobradores de impostos e soldados) que deturpa toda instituição e relação social.

Entretanto, gostaria de chamar a atenção para a frase na qual João Batista qualifica as pessoas que lhe ouvem de: “raça de víboras [cobras venenosas]”. Enquanto Lucas nos diz que elas eram os cobradores de impostos e soldados romanos, Mateus e João falam de Fariseus e Saduceus. E Marcos não especifica, indicando ser o Povo.

Na verdade, trata-se de um tema recorrente no texto bíblico. Em Gênesis é a causa do dilúvio. Nos salmos é o motivo da aflição das pessoas justas e do castigo divino (Sl 53). O apóstolo Paulo vincula o assunto a algo fundamental da existência humana: “Não há nenhum justo, nenhum sequer”. (Rm 3:10). Mais tarde, teólogos como Santo Agostinho, tratam do assunto como tese fundamental para falar da universalidade e solidariedade da maldade (pecado) que partilha o ser humano, independente de cultura, época e lugar.

Seja como for, o que nos interessa destacar é que as pessoas que ouvem João Batista não aceitam o qualificativo que mancha a sua imagem e postura. E elas apresentam defesa para isso, argumentando algo como:

A ira e o castigo de Deus não nos atingirão porque nós não fazemos parte das pessoas más. Podemos nos tranquilizar e viver em paz. As pessoas “malvadas” que se virem e pelos males deste mundo, que responda quem os fez. Nós nada temos nada a ver com isso, estamos livres, salvos e salvas de toda responsabilidade. Por tudo isso, não fazemos parte dessa ‘raça de víboras [cobras venenosas]’.

Ainda que haja pessoas que pensem assim, cabe-nos perguntar se é possível sustentar uma superioridade moral em relação às outras pessoas? Independente da resposta de cada um, cada uma é importante lembrar que o Advento nega essa atitude e postura. Advento é a espera ativa do nosso Senhor. E, se esperamos a sua vinda é porque também reconhecemos que nem tudo neste mundo está correto, está bem e em paz.

É por essa razão que procuramos manter a esperança, porque às vezes a desesperança nos consome. Por exemplo, vivemos num tempo caracterizado por uma crise de referências. Perdem-se os limites e as fronteiras são fluidas. Vivemos numa sociedade em que não se sabe quem regula, quem ameaça e quem julga. Não se pode falar de uma moral e menos ainda de uma ética. Tampouco sabemos qual lei exerce poder na sociedade da violência. Nem quais são os medos das pessoas em relação ao seu futuro. Tudo ficou mais difícil de definir. E essa instabilidade de alguma forma nos inquieta, nos traz preocupação e em muitos casos desesperança. Sem falar das adversidades que cada pessoa carrega em sua própria vida.

Em meio a tudo isso, escutamos a frase de João Batista: “raça de víboras [cobras venenosas]”. Como palavra de Deus, a frase também se dirige a nós sem que possamos nos omitir. E com ela se cria uma solidariedade entre todas as pessoas, de maneira que ninguém pode ficar de lado.

Assim sendo, é necessário dizer que os males deste mundo não são exclusivamente fruto de algumas pessoas consideradas más pela sociedade.Também nós, de um jeito ou de outro, estamos incluídos e incluídas neles. Isto, porque nenhum e nenhuma de nós pode se colocar junto de Deus para julgar o mundo com ele. Mesmo, pessoas cristãs, fiéis devotas nunca estarão ao lado de Deus julgando o mundo. Antes o contrario, toda pessoa é julgada por Ele. Não há em nós nada que possa eliminar o fato de sermos parte desta “raça de cobras venenosas”. E, se alguém duvidar pense na dificuldade que temos para demonstrar os frutos bons que Deus nos pede.

Com toda a nossa grandeza, não temos sido capazes de reverter o quadro de violência, corrupção, mentira e desigualdade presentes no mundo. Não adianta indicar e culpar “pessoas” por isso! Somos parte deste mundo, e por isso, (co) responsáveis de tudo que nele acontece. Por esse motivo, a cada culto costumamos expressar através da confissão de culpa, do Kyrie e da oração de intercessão nosso clamor a Deus e nossa esperança pela transformação dos males e dores deste mundo.

Enquanto mantemos nossa espera ativa, Deus nos renova, batizando-nos no Espírito, purificando-nos com fogo, não pelo que somos, mas por sua graça e seu amor. Desta forma, celebramos com moderação o advento, de maneira que podemos orar de coração agradecido e confiante no amor renovador de Deus. Assim, vivemos nesse mundo reconhecendo a maldade, sem deixar que ela tenha a última palavra sobre nós. Vivemos neste mundo de olhos abertos, com responsabilidade e criatividade na busca do bem e não do mal.

Que o Espírito de Deus nos inspire para sermos agentes de mudança a partir da esperança. Amém.



Pastor Pedro Puentes
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil)
E-Mail: pedro3433@yahoo.com.br

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