Göttinger Predigten
Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach
2º domingo de Advento, 09.12.2007
Predigt zu Romanos 15:4-13, verfasst von Orlando Stelter
Vivam bem uns com os outros, seguindo o exemplo de Cristo.
Prezada comunidade!
O desejo pela paz é um anseio milenar buscado por povos, nações, grupos de pessoas e pessoas individualmente. Ao receber os noticiários, diariamente ao vivo, nota-se que no mundo inteiro este anseio continua distante de sua concretização. Os motivos alegados que obstruem a paz são os mais diversos: religiosos, políticos, econômicos, étnicos, culturais, sociais. Porém, a causa principal da falta de paz, bem como da esperança em encontrá-la, está na exortação de João Batista, quando diz: "Arrependam-se de seus pecados porque o Reino de Deus está próximo". As mensagens de Advento falam da proximidade do Reino de Deus no descendente do Rei Davi, como o anuncia o profeta Isaias. Nada mais oportuno nestes tempos carentes de paz do que o anúncio da chegada do Filho de Deus para o fortalecimento da esperança para a vida harmoniosa, também entre pessoas que expressam sua fé e seu modo de vida de formas diferentes.
É triste constatar que ainda há guerras grandes e sangrentas feitas em nome do mesmo Deus, embora muitas vezes seja louvado de maneiras diferentes por grupos rivais. Como é difícil encontrar a reconciliação para restaurar a paz, a vida livre. Ora, difícil é, mas não impossível. Graças a Deus existem exemplos positivos de paz reconquistada em meio à diversidade de credos religiosos, de etnias e culturas. Nelson Mandela, na África do Sul, pode ser lembrado como um grande símbolo de resistência e como idealizador de "uma democracia e sociedade livres em que todas as pessoas podem viver juntas em harmonia e com oportunidades iguais" (Novolhar, nº 16).
As mensagens cristãs, especialmente as de Advento, apontam para a possibilidade e necessidade de as pessoas viverem em harmonia. Neste nosso texto, o apóstolo Paulo conclama os cristãos de Roma para empenhar-se nesta causa. Ela não era fácil de concretizar. Pois havia, de um lado, de cristãos judeus, apegados aos ritos tradicionais. Entendiam a revelação de Jesus Cristo como cumprimento das velhas profecias e a fé cristã como autêntico ensino judeu. Por outro lado havia os cristãos não judeus, gentílicos. Estes viam em Cristo, antes de tudo, o libertador de velhas obrigações. Afirmavam que a confiança em Jesus possibilitaria uma fé não amarrada a ritos tradicionais, como o da purificação pelos alimentos. O apóstolo lhes anuncia que o centro desta convivência harmoniosa está colocado: é Cristo. É pela fé e confiança em Jesus Cristo que as diferenças entre pessoas e grupos podem ser superadas e que a vida harmoniosa e livre pode ser encontrada.
Os conflitos, pois, não ocorrem apenas em alto nível, entre povos e nações, mas também em nível local, entre cristãos que praticam a mesma fé, embora de modo diferente. Quantas não são as comunidades que vivem esta situação. São grupos com práticas diferentes de fé que têm dificuldades para conviver harmoniosamente. Um grupo, por exemplo, formado por pessoas jovens, costuma dar o nome de "culto de louvor" aos seus encontros, preferindo instrumentos de percussão, com volume elevado, muitas músicas e cantos novos, de ritmos fortes e alegres. O culto transcorre de uma forma livre, com muitas orações e testemunhos de fé. Outro grupo é formado por pessoas que aprenderam a viver a sua fé em cultos solenes, com liturgia elaborada e cantos tradicionais, acompanhados pelo órgão. A prédica, elaborada a partir de textos bíblicos previstos para o domingo, anuncia a mensagem que fortalece a fé no dia-a-dia da vida.
O que o apóstolo Paulo diria a esta comunidade? Certamente chamaria a atenção, lembrando que o centro da fé é Jesus Cristo. Iria insistir em que aqueles que se sentem chamados a viver esta fé, saibam conviver como irmãos e irmãs, aceitando-se mutuamente para o louvor a Deus conjunto, cientes de que, através de Jesus Cristo, Deus aceitou a cada pessoa já antes de esta ter-se decidido pela fé.
A diversidade, seja na forma de culto e de louvor a Deus seja em outras expressões de fé, pode transformar-se em bênção para uma comunidade e em motivo de profunda gratidão. Todos os dons, colocados a serviço da comunidade e usados em favor da harmonia e do entendimento, vão edificar a comunidade. Desde que mantido o centro da fé cristã, vão agir como valiosos instrumentos para promover a paz e fortalecer a esperança. Isto não somente dentro da comunidade, mas também no meio em que os membros se encontram inseridos. É preciso ficar atento, porém, para que a disputa entre os grupos não acabe na tentativa de impor aos outros a própria expressão de fé. Não é a concorrência que deve ser o "centro". As Escrituras mostrarão o caminho a ser seguido.
Paulo lembra: "Porque tudo que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão" (Rm 15.4). Nada mais oportuno do que lembrar o Dia da Bíblia neste segundo domingo de dezembro, que também é o segundo Domingo de Advento. Aproximadamente 60 países lembram este dia, pela importância que as Escrituras têm para a vida de fé.
E, com efeito, a palavra de Deus para a comunidade é luz, alimento, fonte de água pura, força para a luta contra o mal e o egoísmo. É remédio para curar a dor do pecado, para conduzir ao arrependimento e a confissão da culpa, é conforto na angústia Ela nos dá paz, revela o Cristo ressuscitado que conduz à eternidade. A palavra de Deus quer ser estudada, vivida e testemunhada, pois ela revela que Deus é fiel, que ele cumpriu a sua promessa de fazer-se ser humano e viver entre nós. Ele renova sua promessa de presença no mundo neste Adevento. Assim é a palavra de Deus, uma presença constante que faz a comunidade cantar:
Pela palavra de Deus, saberemos por onde andar.
Ela é luz, é verdade, precisamos acreditar!
O caminho da paz passa pelas Sagradas Escrituras. O seu ensinamento manteve e continuará mantendo viva a fé cristã através dos séculos. Ele fortalece as pessoas para resistir ao mal e dá coragem para combatê-lo. A palavra de Deus anima as pessoas para buscar comunhão entre si. O aprendizado de sua mensagem impede que o centro da fé, Jesus Cristo, seja substituído por alguma outra sabedoria, por outro rito, por outro comportamento, por uma posição radical ou fundamentalista. A comunidade pode e deve, incessantemente, renovar a sua fé, estudando, ouvindo e praticando a palavra de Deus, sob pena de prejudicar a paz, a harmonia, a boa convivência entre pessoas, grupos ou povos. Deus quer ser Deus fiel para todas as expressões da fé, enquanto alimentadas pelo no evangelho de Jesus Cristo e nele fundamentadas. Isto tanto para as pessoas que valorizam as práticas tradicionais de sua fé, quanto as que apreciam as inovações. No que diz respeito ao culto, no entanto, é importante que a comunidade consiga identificar-se, sentir-se em casa na forma em que é celebrado. Fidelidade confessional é importante no culto e na prática da fé. Vai assegurar e fazer crescer uma visão da unidade da Igreja. Nos desafios da pluralidade religiosa é importante que os cristãos tenham em sua Igreja uma referência, uma presença norteadora como ajuda para se manterem fiéis a Jesus Cristo, conforme ensina o evangelho.
É bom lembrar, no entanto, que não é o esforço da comunidade que em última instância produz a paz. O apóstolo Paulo o diz em termos muito claros. O cuidado esmerado em favor da paz, ele é importante. Fortalece a esperança, dá coragem para o testemunho da fé, faz crescer a fidelidade do discípulo de Jesus. E, no entanto, sem Deus tudo será em vão. Por isto o apóstolo deseja: "Que Deus, que é quem dá paciência e coragem, ajude vocês a viverem bem uns com os outros, seguindo o exemplo de Cristo Jesus" (Rm 15.5). E eu acrescento: Que reinem a paz, a harmonia e o entendimento entre as pessoas perdoadas e aceitas por Jesus Cristo. E que lá, onde estes preciosos dons foram e serão concedidos pelo Senhor, sirvam à sua finalidade última que é a de louvar e glorificar a Deus.