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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

4º DOMINGO APÓS EPIFANIA, 31.01.2016

Predigt zu Lucas 4:21-30, verfasst von Elisandro Rheinheimer

 

Prezada comunidade, irmãs e irmãos em Cristo!


Inicio perguntando: o que a palavra “profeta” ou “profecia” evoca em nossas mentes?
- adivinhação de futuro?
- previsão do tempo?
- previsões do tipo Nostradamus?
- prenúncio de catástrofes?
- premonição?
Pois no texto a ser pregado hoje, o evangelista Lucas apresenta-nos Jesus na sua particularidade de profeta. Acompanhemos a leitura do texto:
                        

                                            (leitura de Lucas 4.21-30)

        O profetismo em Jesus
   O texto bíblico nos apresenta Jesus na cidade de Nazaré, sua terra natal. Jesus, como bom judeu, no sábado, vai à Sinagoga, lê uma passagem da Bíblia e profetiza categoricamente: “Hoje se cumpriu o trecho das Escrituras Sagradas que vocês acabaram de ouvir”. Jesus se referia ao texto de Isaías 61.1-2 onde está escrito: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”. Em outras palavras, Jesus estava afirmando que o reinado de Deus anunciado por Isaías no passado tinha chegado naquele exato momento, na época em que viviam, e mais: tinha chegado na sua própria pessoa, trazendo salvação, libertação e restauração. Portanto, além de portador da profecia, Jesus é o conteúdo e o consumador da profecia. Não fala de futuro, mas fala do tempo presente e seu cumprimento.

        A reação dos nazarenos
   Inicialmente os conterrâneos de Jesus devotam-lhe pleno reconhecimento. Elogiam-no. Louvor e palmas para Jesus - como é dito hoje em dia. Agradaram-se dele, sobremaneira por seu jeito agradável e simpático de falar. Já num segundo momento, segue-se a “sina de profeta”, a rejeição. Pelo fato de conhecerem Jesus, terem-no visto crescer ao seu lado, conhecerem sua origem humilde, o preconceito, um subproduto da dúvida nociva (que nem sempre é irmã gêmea da fé) se instala nos corações dos nazarenos: “Este não é o filho de José?”. Tudo muito natural. Nós também conhecemos isso: “aquele? Ele não tem capacidade!”, “Só podia ser loira!”, “Ela não é mulher para o meu filho!”, “Sai daqui que você não sabe fazer nada mesmo!”, “Ele sempre foi meio burrinho!”, “Só podia vir de lá”, etc. Ou seja, rejeição preconceituosa de quem olha de cima para baixo, de quem se coloca acima do outro e na sequencia ainda pode vir a pedir provas: “Se você é mesmo capaz, então mostra”.

   Jesus após ouvir a frase preconceituosa dos nazarenos, logo intui: “Sem dúvida vocês vão repetir para mim o ditado que diz: “Médico, cure-se a si mesmo” e também vão dizer: “Nós sabemos de tudo o que você fez em Cafarnaum, faça as mesmas coisas aqui na sua própria cidade”. Mas Jesus não cede à tentação diabólica de ter de provar com resultados o que está profetizando, nem mesmo confirma a ideia de que uns sejam mais dignos de milagres do que outros. Esta é a lógica humana, deste mundo passageiro, que é regido por capacidades, por poder, por força, por aparência e não pelo amor, o perdão e a misericórdia. Aliás, satanás já tinha desafiado Jesus anteriormente: “Se você é Filho de Deus, jogue-se daqui,  pois está escrito...”. E de Mateus 12 também aprendemos de que onde pessoas exigem um sinal mas não creem nele, a estas pessoas Jesus sempre nega o milagre.

   E nós? Como nós teríamos reagido? Provavelmente da mesma forma. No entanto, nós estamos hoje lendo o texto bíblico numa outra época e sabemos o que aconteceu. Serve-nos de lição. Por isso, como nós podemos reagir hoje?

     Somos chamados a reagir com fé.
     Somos chamados a dizer sim às palavras de Jesus; chamados a concordar: “ÉE isso aí Jesus...”. Chamados a acreditar que aquela palavra dirigida aos nazarenos também é para cada um de nós pessoalmente e para nossas comunidades. Afinal, Jesus também quer salvação, libertação e restauração para mim e para você. Nós somos chamados a reagir às palavras de Jesus com fé. A fé em Jesus é o que importa. Tanto é assim que ao falar da “sina de profeta”, (a de que um profeta não é bem tratado na sua própria terra) faz referência a dois profetas do Antigo Testamento, que têm duas ações citadas junto a pessoas que não faziam parte do povo e nem mesmo serviam ao Deus de Israel, mas que deram crédito às suas palavras. Essas pessoas disseram “sim” aos mensageiros de Deus. São os de “fora de casa” do povo escolhido,  que deram valor às palavras dos profetas. “Os de fora” é que demonstraram verdadeira fé. Estamos falando Elias e Eliseu, citados por Jesus, respectivamente o caso da viúva de Sarepta e o oficial hansenítico (leproso) Naamã. Ambos os casos são graça de milagre e cura a partir da aceitação da palavra dada, a partir da fé. Como então os nazarenos poderiam presenciar milagres em sua própria terra uma vez que olham com ciúme para os vizinhos que presenciaram milagres e maravilhas? Estão com o coração tomado de preconceito e orgulho. Não há espaço para a fé. Fé acontece como presente, sim, mas não como mágica.

     E quem não tem fé? Notemos que há pessoas da Bíblia que mesmo se dizendo sem fé são agraciadas com o milagre pretendido. Por quê? Porque estão totalmente entregues a Jesus, não têm mais onde se agarrar, mas se agarram a Jesus. Inclusive chegam a dizer: “Ajuda-me na minha falta de fé”. Isto é fé. Fé é mais que pensamento positivo de que as coisas vão dar certo. Fé é mais que confiança. Fé é entrega total aos desígnios do Senhor exatamente quando tudo o mais falhou. Fé não é o caso dos nazarenos, pois estão com o orgulho instalado em seus corações. Estão “pagando para ver”. E ali o presente da fé ainda não pode chegar. Tanto que Jesus, depois de ser arrastado para fora da cidade, numa tentativa de executa-lo, vai embora novamente em direção a Cafarnaum. Vai para “os de fora” pois “os de dentro” não querem saber. Por isso, reaja com fé ao convite de Jesus que quer te amar, quer te abençoar, quer dar sentido à sua vida, quer te restaurar, e quer te fazer uma pessoa de acordo com a sua vontade. Este convite é feito e refeito a toda pregação proferida aqui deste púlpito. Reaja com um “sim”: Jesus eu quero te seguir, fazer a tua vontade pois sei que é o melhor para mim e minha família ainda que eu muitas vezes não entenda os teus caminhos.

      Somos chamados a reagir com anúncio profético
      Após reagir com fé às palavras de Jesus, você é chamado a ser um profeta (ou profetiza) e como tal profetizar. Como fazer isso?

1°) As credenciais. Nós não somos iguais a Jeremias, como acompanhamos na leitura do texto auxiliar. Mas compartilhamos com ele algo do seu compromisso profético. No dia do nosso batismo, eu e você fomos integrados no corpo de Cristo. Junto com todas as benesses de ser tornado filho de Deus, eu e você participamos do chamado e envio de Jeremias em profetizar. Isto nos foi revelado via testemunho bíblico: “Vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando estes seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer tudo o que tenho ordenado a vocês...”.

2°) O sustento. Deus vai dar jeito. Como nós lemos em Jeremias 1.4-10, Deus promete amparar o seu profeta: “Não tenha medo de ninguém, pois eu estarei com você para protegê-lo”. Vale lembrar que Deus tem um jeito muito especial de sustentar os seus batizados. Deus alimenta os seus profetas e as suas profetizas a partir da Ceia do Senhor. É para eles e elas que Jesus diz “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue”, coma e beba. A Ceia do Senhor é alimento para aqueles e aquelas que profetizam, que lutam por colocar sinais de esperança, fé e amor neste mundo. Para aqueles que tem saudade de Deus, para aqueles que necessitam de Deus pois não sabem mais o que fazer, para aqueles que sabem que sem Deus não dá.

 3°) A função de profeta. Em Lucas aprendemos qual deve ser o conteúdo das profecias que nós haveremos de anunciar. Não somos chamados a anunciar catástrofes, a passar adiante previsões de “Nostradamus” ou de fim de mundo, nem mesmo adivinhar o futuro – como falamos no inicio da pregação. Para nós o profetizar tem o conteúdo e a forma de Jesus, ou seja: anunciamos a palavra de Deus (como Jesus leu na sinagoga) e apontamos para o seu cumprimento no ontem, no hoje e no amanhã em Jesus Cristo. Anunciamos a palavra de Deus em lei e evangelho, em denúncia do pecado pessoal e coletivo e anúncio do remédio, o Cristo.

     O profeta deve simplesmente concentrar suas forças em anunciar a palavra de Deus. Não precisa fazer milagre, assim como  o fizeram Elias e Eliseu no seu tempo e nem mesmo Jesus em Nazaré. Aliás, um grande milagre já vai ser viver o mais próximo possível do que lemos em 1 Coríntios 13.1-13, onde fala que o amor é paciente, benigno, não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus próprios interesses, não se exaspera, não se torna áspero, amargo ou irritado, antes abençoa. Não se ressente do mal, mas se alegra com a verdade. Tudo crê, tudo espera e tudo suporta, permanecendo a fé, a esperança e o amor. Mas o maior destes é o amor.
 
     Portanto, somos chamados a responder à palavra de Jesus com um “sim”, bem como a ser profetas e profetizas, anunciando ao mundo inteiro que Deus se dá a conhecer em Jesus. Que este Deus é amor. Um amor que quer fazer diferença na vida de todas pessoas, levando-as a mudança de vida, seja pessoal ou comunitária, seja na realidade social como um todo. Isto é Epifania. A história a terminar esta pregação é uma excelente ilustração do que Jesus fez e somos chamados a fazer apontando para ele:

     Num grande formigueiro, uma pessoa observa formigas buscarem comida em meio a latas de veneno. Como alertar as formigas do risco que estão correndo? Falar alto, fazer barulho, nada disso faria com que as formigas entendessem o que queria dizer. Depois de muito pensar, concluiu que havia apenas uma chance de se fazer entender: tornar-se uma formiga. E assim se deu. Fez-se formiga e, na linguagem delas, mostrou que o caminho em que andavam as levaria à morte. Orientou as formigas a buscar comida em outra trilha. Assim, tornando-se uma formiga, salvou-as da destruição, e as formigas o compreenderam. Deus se fez gente para que os seres humanos entendessem a sua intenção e aceitassem o propósito da sua criação.

Amém!



Pastor Elisandro Rheinheimer
Pastor em Tangará da Serra – Mato Grosso (Brasil)
E-Mail: ieclbtangaradaserra@hotmail.com

Bemerkung:
Textos auxiliares: Jeremias 1.4-10 e 1 Coríntios 13.1-13


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