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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

3° Domingo de Advento, 16.12.2007

Predigt zu Mateus 11:2-11, verfasst von Gottfried Brakemeier

 

Prezada comunidade, irmãs e irmãos!

O texto para a prédica deste domingo nos transfere para a época antes do Advento. Ele fala de João Batista, preso e metido numa cadeia porque tinha incomodado o rei Herodes. De lá ele não mais iria sair. Seria decapitado por solicitação da filha do rei, de nome Salomé. É uma história muito triste, contada pelo evangelista Mateus logo mais, no capítulo 14. Mas por enquanto João está vivo. Como sabemos, ele havia batizado entre muitos outros também Jesus, no rio Jordão. E agora ele envia alguns de seus discípulos para perguntar: "És tu aquele que haveria de vir?"

João Batista está em dúvidas. Ele tinha anunciado a chegada de alguém mais poderoso do que ele, cujas sandálias não seria digno de levar, que iria batizar com o Espírito Santo e com fogo, que iria fazer uma faxina neste mundo. João preanunciou o Advento, a vinda do Messias, do Cristo, daquele que iria mudar a sorte da humanidade, trazer luz a esta escuridão, fazer justiça e inaugurar um era de paz e prosperidade. E desde aquele batismo que ocorreu com sinais incomuns, João havia acompanhado a trajetória de Jesus. Ouviu falar dele, dos seus ensinamentos, dos seus feitos, das suas provocações. Mesmo assim, ele está em dúvidas. Será de fato este o salvador prometido? "És tu aquele que haveria de vir? Ou devemos esperar outro?" 

Assim perguntou João Batista naquela vez. Nós, decorridos dois mil anos, perguntamos de modo diferente. Perguntamos: "Eras (!) tu aquele que haveria de vir?" João sabia pouco da história de Jesus. Nós a conhecemos melhor. Sabemos que Jesus foi crucificado e que ressuscitou. Disto João não tomou conhecimento. Morreu antes. Portanto, nesse sentido tiramos vantagem sobre João Batista. Nossas informações sobre Jesus são mais ricas do que as dele. Mesmo assim, eu desconfio que a pergunta de João seja também a nossa. João a fez antes da Sexta-feira Santa e da Páscoa, nós a fazemos depois. Para nós o Advento de nosso Senhor já aconteceu. Ainda assim, eu me posso imaginar que às vezes nos ataca a mesma dúvida como a João Batista. Era de fato este a quem esperávamos? Ou devemos esperar por outro?

Eu vou ser bem franco, aliás, repetindo o que já muitas vezes ouvi. Jesus Cristo, afinal de contas, o que foi que ele mudou? O mundo continua o mesmo. Violência por toda a parte, corrupção das elites, injustiça social, catástrofes climáticas. Ora, é longa a lista dos males deste mundo. Jesus, qual foi a novidade que trouxeste? Por que acendemos velas neste Advento como símbolos de luz nas trevas? Temos algum motivo para festejar? E olhem, Jesus não foi qualquer um. A Bíblia diz que nele Deus mesmo visitou nosso planeta. Então, onde está Deus em meio a todo este sofrimento? Nós aprendemos a dizer "Jesus Cristo". Nós identificamos Jesus com aquele "mais forte" anunciado por João. Era este que haveria de vir? A Igreja cristã diz "sim". E nós cantamos: "Erguei os arcos triunfais ao rei dos reinos celestiais!" Será verdade o que nós confessamos?

A dúvida deve ser permitida. João também duvidou. Ela serve para firmar a nossa fé. Já em tempos de Jesus houve quem nele se escandalizasse. No entender de muitos, Jesus não correspondia ao ideal de uma salvador. Um Messias crucificado? Isto não fazia sentido. Por isto é bom prestar atenção à segunda parte deste texto. Depois que os discípulos de João foram embora, Jesus dá testemunho de João. Diz que entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que ele. É um enorme elogio que deve ter surpreendido os ouvintes. Pois isto de modo era evidente. João estava na prisão, entregue ao arbítrio de seu inimigo, sem poder nenhum. E este seria o maior dos filhos dos homens? Isto, para muitas pessoas, era difícil de acreditar. Por quê?

Porque tudo depende do que se espera. Depende das expectativas. Jesus pergunta: "O que vocês foram ver no deserto?" O que queriam ver? Um caniço sacudido pelo vento? Ou seja, alguém que faz bonitas palavras, mas não tem princípios, que não tem linha, um oportunista? É isto o que vocês queriam? Olhem esses sujeitos já enganaram muita gente. São pessoas não confiáveis. Ou vocês queriam ver um homem bem vestido? Vocês julgam pela aparência das pessoas? Então, eu pergunto: Um salvador, como deve ser? Um homem ou uma mulher forte, de pulso, com boa lábia, boa aparência? É isto o que conta? Como se conquistam votos neste nosso País? Quem se elege para cargos públicos? João Batista não foi caniço balançado pelo vento nem um homem em roupas finas. Ele não foi nada disso. Foi pessoa humilde, um profeta, que justamente como tal foi o maior dos nascidos de mulher. Ele disse a verdade e deu-se por satisfeito em preparar o caminho do Senhor. Nisto reside a grandeza de João Batista. 

Também quando se trata de Jesus importa perguntar: Como imaginamos o Salvador do Mundo? Se fôssemos fazer um levantamento, creio que as respostas seriam extremamente divergentes. Assim já era antigamente. Havia quem esperasse do Messias que expulsasse os romanos do País, que ele impusesse a ferro e fogo um regime de justiça, que ele vingasse os crimes e castigasse os bandidos. O salvador deveria ser um guerreiro, o que Jesus não foi. Por isto decepcionou muita gente. "És tu aquele que haveria de vir?" A resposta de muitos foi um claro "não". Você não tem o jeito de alguém que muda a história. Você não pode ser o enviado de Deus. Jesus, é fraco demais para dar um outro rumo à história. Alguém que acaba na cruz não pode ser o Cristo.

E Jesus? Como ele mesmo responde a pergunta? "És tu aquele que haveria de vir?" Ele não diz nem "sim" nem "não". Sua resposta aos discípulos de João é indireta. Ele diz: Voltem a João e contem a ele o que vocês estão ouvindo e vendo. Digam a ele que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e os pobres recebem o evangelho. São palavras do Antigo Testamento com que Jesus responde. Na leitura do trecho do profeta Isaías, capítulo 35, nós o teremos percebido. O mesmo está em evidência no Salmo 146. Mais outras passagens poderiam ser mencionadas. O que o povo de Israel esperava para a era messiânica era cura no sentido ampla da palavra, tanto de indivíduos como da sociedade em seu todo, sempre com especial atenção aos menos favorecidos. O evangelho é para quem necessita. As palavras citadas por Jesus dizem que em sua atuação se cumprem os anseios das pessoas. Está acontecendo cura em sentido amplo.

Mas esta ainda não é toda a verdade. A gente naturalmente poderia pensar logo nos milagres de Jesus. De fato ele devolveu a visão a cegos, a audição a surdos, fez paralíticos andar e até ressuscitou mortos. Pensemos na filha de Jairo, por exemplo. Mas nós iríamos interpretar mal esta passagem, se prendêssemos o olhar apenas aos feitos sensacionais de Jesus. Salvadores milagreiros não ajudam de fato. Até podem ser aproveitadores que exploram a fé do povo. Jesus não foi comparsa deles, não. Ele foi um médico, sim. Curou doenças físicas de algumas pessoas. Mas não só! Ele curou também o ódio, reconciliando; ele curou o pecado, perdoando; ele curou o desespero, devolvendo coragem e ânimo às pessoas. É difícil descrever em poucas palavras a "salvação" que Jesus trouxe. Ela tem muitos aspectos. Isto vale também para os termos deste texto. Surdez, por exemplo, nem sempre é um defeito orgânico. Pode referir-se à incapacidade de ouvir mensagens vitais para nossa vida, gritos de socorro a nosso lado. A cura de que o nosso mundo necessita é ampla, radical, profunda. "Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo."

Jesus finaliza com uma "bem-aventurança". Ele diz: "Felizes são aqueles que não abandonam a sua fé em mim." Ou em outra versão: "Bem-aventurado quem não achar em mim motivo de tropeço." Pois é! Jesus sabe que as expectativas com relação a um salvador costumam ser outras. Como eu já disse: Espera-se dele poder, violência. Jesus não foi um poderoso nem violento. Desprezou o poder político e militar. Mas eu pergunto: De que é que o nosso mundo de fato precisa? Coitados somos nós quando achamos que salvação necessita de sempre mais armas, de sempre mais influência, de sempre maior número de partidários. O Deus de Jesus, o "Pai Nosso", cujo Advento celebramos em Jesus de Nazaré, ele se manifesta com absoluta prioridade como o Deus misericordioso. Ele vem para curar, para sanar feridas, para reconciliar. Será pouco isto? Se, sim, então devemos esperar por um outro. Mas seríamos estúpidos, se o fizéssemos. Por isto, cantemos, cheios de alegria: "Abertas, meu Jesus estão, as portas de meu coração."

                                                                                          Amém

 

 

  



Pastor Gottfried Brakemeier

E-Mail: brakemeier@terra.com.br

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