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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

QUINTA-FEIRA DA PAIXÃO , 24.03.2016

Predigt zu Êxodo 12:1-8, 11-14, verfasst von Harald Malschitzky

 

Irmãs e irmãos  em Cristo.

A quinta-feira da Semana Santa retrata momentos dos mais tensos na vida de Jesus. Tudo se encaminhava contra ele, e ele o percebia muito bem. Também entre os discípulos  havia dúvidas, perguntas, medo. Um deles, como lemos, já estava maquinando um jeito de entregar seu mestre às autoridades.

No meio dessa turbulência, Jesus celebra a Páscoa, tradicional entre seu povo, com seus discípulos. Também ela já marca despedida. Mas não só isso: Jesus dá um novo sentido à celebração. Em lugar de carne de cordeiro para repartir e sangue para marcar  a casa de quem deve ser salvo, ele mesmo se identifica com o cordeiro que é sacrificado em favor das pessoas, ele mesmo se dá em sacrifício.

Desde lá, já as primeiras comunidades cristãs, há dois mil anos, celebram a Santa Ceia  em memória e para tornar o sacrifício de Cristo atual. É isso que também nós fazemos e, para milhões de cristãos ao redor do mundo, essa celebração é vital! No entanto, para muitos, muitos cristãos a questão de corpo e sangue de Cristo é complicada, isso sem falar nas diversas interpretações que existem. Como Jesus ousou modificar a antiga e querida tradição de celebrar a Páscoa? Como ele se coloca em lugar de um cordeiro?

A própria Bíblia nos ajuda a entender, naquilo que humanamente é possível,  o que Jesus anuncia na Ceia que celebra com seus discípulos. Ouçamos uma passagem lá do início da Bíblia, do livro de Êxodo: 
          
                                                (Ler Êxodo 12.1-8, 11-14)

Esta passagem relata os preparativos do povo para a saída do Egito, onde ele era escravo e desrespeitado. Em nome de Deus, Moisés e Arão ordenam que, em  determinado dia de um mês, as famílias organizassem uma celebração  com carne de cordeiro. O sangue do cordeiro seria usado para marcar as casas que deveriam ser poupadas das desgraças que viriam. A carne deveria ser toda consumida pela família. Caso a família fosse pequena, ela convidaria outra família para a celebração. Já não se tratava de uma refeição comum, mas de algo que deveria unir e preparar o povo para a vida que estava à frente e que deveria ser lembrado, rememorado, celebrado. Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade ao Senhor.

Este  é um dos relatos da instituição da Páscoa, que é celebrada, já com alterações, pelo povo judeu até os nossos dias. Olhemos alguns detalhes: Acontece comunhão de mesa e partilha; se a família é pequena ela não guarda uma parte do cordeiro, mas convida outra família. Não se trata, pois de uma celebração para se empanturrar. Acontece salvação: O sangue é usado como sinal de proteção, sinal de vida.  O cordeiro morre para sustentar e salvar! É disso que a comunidade reunida  deveria lembrar-se  através dos séculos.

A Bíblia nos relata também que no correr da história isso foi esquecido e que houve deturpação do sentido original e do compromisso que a celebração implicava. O povo buscou outros caminhos, marcados por mentiras, traições, enganos.   Especialmente os profetas criticavam duramente essa realidade; alguns deles anunciavam que Deus faria uma nova aliança para refazer a relação com seu povo. Isaías, que viveu por volta de 700 antes da nossa era, vislumbra a intervenção de Deus através de um “servo sofredor” que assumiria os pecados do povo a fim de mudar o rumo da história  em sua relação com Deus, com os outros povos e de uns com os outros.

Esse o pano de fundo da celebração de Jesus com seus discípulos. A diferença é que, em lugar de um cordeiro e o seu sangue, o próprio Jesus se oferece em favor da humanidade, em favor de salvação aqui e na eternidade. Agora podemos compreender por que Jesus é chamado de “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Nos diz a Escritura que esse sacrifício do Cordeiro de Deus aconteceu de uma vez por todas, definitivamente.  Assim como Moisés e Arão, também Jesus ordena que, sempre que celebrarmos a ceia, o façamos “em memória”. Isso não significa apenas algo como “para lembrar”, assim como lembramos uma data qualquer sem maior importância. Celebrar a Ceia e lembrar o Cristo significa passar em revista a nossa vida, receber o perdão por tudo o que fizemos  e redirecionar a vida pela caminho e pelos ensinamentos do próprio Cristo.  Se formos bem honestos vamos nos dar conta de que somos  iguais ao povo judeu que se afastava de Deus constantemente. Vamos pegar um exemplo. Uma dimensão intrínseca da Páscoa era a partilha, que seria também a partilha da terra.  Na Ceia de Jesus, ele toma o pão e o “reparte” para dizer no final que o façamos em sua memória. Olhemos o nosso mundo com a presença de milhões de cristãos e que por séculos foi governado também pela igreja. Como é que está a partilha? Será mesmo que o abismo entre riqueza e pobreza precisa ser assim? Até que ponto uma parte menor do mundo pode se empanturrar, jogando no lixo milhões de toneladas de alimento, supostamente sobras, enquanto a outra parte sofre necessidade e miséria? E como andam as nossas próprias “sobras” que vão fora? Pode ser até sobra de tempo que ajudaria outras pessoas.

Celebrar a Ceia da Páscoa  de Jesus tem dois momentos: No pão e no vinho, corpo e sangue de Cristo, podemos ter certeza do perdão de Deus, de estarmos livres para a vida.  Por isso podemos cantar e louvar a Deus. Em outro momento celebrar em memória nos compromete a olhar a vida com os olhos de Deus, assim como Jesus o revelou: Com amor e com desprendimento, com disposição de partilhar quer em particular, quer em ações maiores na igreja e sociedade em que vivemos.

Oremos para que  Deus mantenha o seu pacto, o seu acordo celebrado em favor da humanidade e do mundo através de seu Filho Jesus Cristo. Oremos para que tenha paciência e nos ajude a viver uma vida de partilha. Que a celebração da Ceia hoje e em todos os cultos e lugares nos deixe inquietos por aquilo que temos diante de nós, o mundo criado e amado por Deus com tantos problemas. Amém.

Convido para oração. Senhor, apesar de todas as nossas promessas não cumpridas, apesar de todos os nossos descaminhos, tu nos buscas e recolocas no caminho. Perdão por nossa indiferença. Abre nossos olhos e corações para a partilha. Por Cristo. Amém




P.em. Harald Malschitzky
São Leopoldo – RS (Brasil)
E-Mail: harald.malschitzky@gmail.com

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