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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

2. DIA APÓS PENTECOSTES, 29.05.2016

Predigt zu Lucas 7:1-10, verfasst von Renate Gierus

 

Cara comunidade!

Estamos no segundo domingo de Pentecostes, tempo do Espírito Santo, que sopra onde e como quer, movendo, animando, transformando.

Temos vivido tempos difíceis no Brasil, tempos de ausência do Espírito Santo, tempos de uma invocação em vão do nome de Deus, desautorizando o estado laico vigente no país, confundindo Deus e família com teocracia e Casa Grande, excluindo a Senzala. A diversidade tão característica do Espírito Santo deixa de existir no governo interino brasileiro.

Por outro lado, é um grande, fundamental e importante aspecto na história bíblica deste domingo. Esta história se desenrola em Cafarnaum, uma cidade de fronteira no nordeste da Galileia. Em cidades assim, era costume ter a presença de militares, que é o caso do centurião, cujo nome não é informado. Sabemos que ele era romano, uma espécie de subtenente, tinha soldados a seu mando e um empregado doente. O centurião estava bastante angustiado com esta situação, pois gostava muito dele e se preocupava com o empregado moribundo.

O centurião conhecia Jesus, o que fazia, o que falava, mas achava que era impróprio contatá-lo diretamente. No entanto, vislumbrava ali uma possibilidade de curar seu estimado empregado. Chamou, então, líderes judeus para fazer este primeiro contato. Muito provavelmente, o centurião professava outra fé e tinha um trabalho que nem sempre era bem visto, principalmente entre as pessoas judaicas. Por isso, as primeiras palavras insistentes dos líderes na conversa com Jesus foram para chamar a atenção ao seu jeito receptivo e aberto em relação ao povo judeu. Reforçaram a sua fala, quando exclamaram: “até construiu uma sinagoga para nós!” (v.5). Poderia se suspeitar que fosse um homem rico, ou com recursos suficientes para fazer tal obra. E os líderes judeus aplaudem e divulgam este gesto em seu favor. Esta era uma boa propaganda feita a Jesus, a fim de que se convencesse e verdadeiramente considerasse ir até o empregado do centurião, para curá-lo.

Havia estranheza e formalidade na relação entre judeus e romanos. Judeus não deveriam ter contato com romanos e, quando esse contato fosse necessário, que ocorresse dentro das regras judaicas de pureza. Havia o domínio dos romanos sobre os judeus, mais explícita ainda nas cidades de fronteira, para manter a integridade do império. A presença militar em Cafarnaum evidenciava uma situação de poder hegemônico, unilateral.

Jesus rapidamente atendeu ao pedido e foi ao encontro do empregado, acompanhando os líderes judeus. Mesmo como judeu, não teve dúvidas de seu caminho. Ainda assim, não conseguiu chegar à casa do centurião. Amigos dele lhe vieram ao encontro, afirmando que o oficial não se sentia digno de recebê-lo. Uma palavra bastaria e seu empregado seria curado. Afinal, ele mesmo dava ordens, que eram obedecidas, seja pelos soldados, seja pelo empregado.

Parece que o centurião tem, todo o tempo, consciência das dificuldades de relação entre romanos e judeus. Isto ele não quer explorar a seu favor. Age conforme ele mesmo agiria enquanto centurião, ou seja, dando ordens e sendo obedecido. A mentalidade militar está pautada em uma obediência que não questiona, que somente age conforme a ordem recebida. E, com isso, produz resultados. É deste lugar que o centurião fala.

Jesus se admira. Transforma o ato de um romano em ato de fé, de muita fé, que extrapola a realidade do próprio povo de Israel, de onde deveriam vir exemplos, no mínimo, semelhantes, ou até melhores. Mas Jesus não os encontra entre sua gente. Encontra fé fora de seu espaço de ação e vocação. Jesus não somente se admira, ele cresce e suspeito que revê seu ministério a partir desta experiência. Uma multidão o seguia, que foi testemunha da cura do empregado. A notícia, com certeza, se espalhara rapidamente após o retorno dos amigos à casa do centurião.

O que fez com que esta cura acontecesse? A palavra de Jesus e a grande fé do centurião tiveram um papel relevante no processo, mas, principalmente, uma nova maneira de ser, uma certa desobediência, em meio a um contexto dado de regras e leis. O centurião construíra uma sinagoga, algo nada comum para um romano. Esta abertura é fundamental para fluir diálogo, criar laços de confiança e compreensão na relação com outro povo e outra cultura. Jesus vai à casa do centurião, sinalizando também que outros caminhos são possíveis, que o aprendizado no contato com a outra pessoa e/ou situação acontece. Ocorre um enriquecimento e não uma perda da afirmação de identidades, sejam elas religiosas, culturais ou sociais. Novamente flui uma força que acolhe, que congrega, que constrói.

Este é o fluxo da diversidade, é a força transformadora do Espírito Santo, que sopra onde e como quer. Nós não o vemos, mas podemos contribuir em sua ação de cura quando nos colocamos a caminho e não discriminamos povos indígenas, quando não violentamos as mulheres, quando desobedecemos regras e leis que estabelecem o medo como parâmetro de vida.

Isto traz cura também para as nossas vidas moribundas, quase morrendo por não compreender que enriquecemos quando fazemos, mesmo que à distância, a diferença, denunciando a opressão, a injustiça, a falta de pão, de água potável, de transportes públicos seguros. Desta forma promovemos comunhão, fé, diversidade e transformação. Amém.

 

 



Pa.Dra Renate Gierus
São Leopoldo – RS (Brasil)
E-Mail: comin_coord@est.edu.br

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