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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

11º DOMINGO APÓS PENTECOSTES, 31.07.2016

Predigt zu Lucas 12:13-21, verfasst von Carlos Heinz Eberle

Querida comunidade, irmãs e irmãos em Cristo!

 

Pela sequencia dos textos de Lucas próximos do capítulo 12, Jesus proferia ensinamentos bem importantes, especialmente aos seus discípulos, como diz 12.1. Contudo foi interrompido por um homem que lhe trazia um pedido de causa particular: Que Jesus ordenasse a seu irmão a divisão da herança. Provavelmente tratava-se de um irmão mais novo que sentia-se injustiçado por não ter o mesmo direito à herança que seu irmão mais velho, conforme determinava a lei do Antigo Testamento (Dt 21.15-17). Jesus não atendeu este pedido, em princípio porque esta era uma competência de um juiz. Mas aproveitou a ocasião para aprofundar seus ensinamentos através de uma parábola.

Antes de nos determos na compreensão desta parábola, vale ressaltar que um dos assuntos que mais mereceu atenção de Jesus em todo seu ministério foi justamente sua exortação acerca dos perigos da riqueza. E o evangelho de Lucas parece destacar este assunto. Em seus 24 capítulos, 26 vezes encontramos alguma referência à questão das riquezas, da pobreza ou da avareza. E parece que já no primeiro capítulo, Maria dá o tom em seu cântico ao afirmar que o Senhor “Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos” (1.53). João Batista, em sua simplicidade de vida ensina o povo a repartir túnicas e comida (3.11-13), e o próprio Jesus, ao ser tentado pelo diabo no deserto, com a oferta de receber autoridade e a riqueza dos reinos, respondeu: “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto” (4.6). Ainda, no mesmo capítulo, Jesus menciona em sua missão: “...me ungiu para evangelizar os pobres” (4.18). Outras palavras de Jesus são de advertência aos fariseus em relação ao dízimo (11.42) e de advertência aos ricos sobre os perigos da riqueza, a exemplo do jovem rico (18.18-30). Mas também temos muitos ensinamentos de Jesus por parábolas que ressaltam o assunto, como a parábola da grande ceia (14.15-24). Assim, também nosso texto de Lc 12.13-21 aprofunda a questão. Vejamos como.

Em primeiro lugar, Jesus adverte o homem (e certamente também os seus demais ouvintes) que lhe pede para interferir junto a seu irmão por uma herança mais justa: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza;” Este parece, de fato, ser o maior perigo da riqueza. A avareza normalmente gera riqueza e esta, por sua vez, gera mais avareza. Esta palavra avareza (na língua grega =pleonexia) significa a ambição desmedida em possuir e acumular até o que é dos outros. Esta ambição desmedida pode, inclusive, fazer uso da injustiça e da violência para que seu objetivo seja alcançado.

As consequências para a pessoa avarenta podem ser desastrosas e podem afetar todas as áreas de sua vida, chegando a corromper e destruir seus relacionamentos: o relacionamento com Deus, consigo mesmo e com o próximo. A palavra de Jesus em Mt 6.24 deixa isto evidente: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” Também o Apóstolo Paulo destaca este prejuízo aos relacionamentos por causa da avareza na primeira carta a Timóteo (1 Tm 6.9,10,17-19). No relacionamento com Deus: “... o amor do dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nesta cobiça, se desviaram da fé” (v.10). Em outras palavras, o amor ao dinheiro pode anular a fé em Deus. No relacionamento consigo mesmo: quem ama o dinheiro pode cair em tentação e ciladas e ser afogado na ruína e perdição e atormentar-se com muitas dores. Ou seja, quem ama o dinheiro pode autodestruir-se. No relacionamento com o próximo: o Apóstolo Paulo diz a Timóteo que deve exortar os ricos para que eles “pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir.” (v. 18) Ora, se Timóteo precisa exortar os ricos neste sentido, facilmente concluímos que a avareza age justamente no sentido contrário, no acumular, na ganância e no egoísmo. Ninguém consegue estabelecer relacionamento saudável sendo rico avarento.

Em segundo lugar, depois da advertência, Jesus contou uma parábola para exemplificar como age uma pessoa que é avarenta.

Contou que um agricultor rico tinha uma lavoura que havia produzido muito. A fim de guardar sua colheita decidiu destruir seus depósitos e reconstruí-los maiores para ali poder guardar toda sua colheita. Até aqui nada de errado. Os problemas começam quando este homem nutre uma falsa segurança depositada no acúmulo de sua colheita que, como disse, duraria por muitos anos. Na parábola Deus questiona o homem rico, perguntando o que ele faria com o acúmulo de sua colheita caso sua vida fosse interrompida? E conclui com a afirmação: “Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus.” (v. 21) A partir desta afirmação, também podemos entender que, quem entesoura somente para si, não é rico para Deus. São duas atitudes contrárias. Em outras palavras: é rico para Deus e tem muito valor para Ele, aquela pessoa que consegue repartir o que tem com os outros.

Ainda uma última observação. Jesus chamou o agricultor rico de louco (v.20). Esta palavra também pode ser traduzida por insensato, imprudente, ignorante. Pode parecer dura esta palavra pronunciada por Jesus, mas é isto mesmo que é toda pessoa que reduz a vida a quantidade de bens que possui. Mesmo que sejam muitos bens, eles valem bem menos que a vida. Não basta ter, é preciso viver.

Por último ainda torna-se relevante perguntarmos pela atualização deste ensinamento de Jesus. Ele ainda é válido para nossos dias, para o mundo que vivemos? Certo que sim! Hoje existem pessoas tão avarentas como as da época de Jesus. O que talvez sugere que há muito mais avareza hoje, é que sua sofisticação, o seu planejamento estratégico e o seu marketing estão cada vez mais atreladas à mentira, corrupção morte e violência, em todos os níveis e, praticamente em todos os lugares deste mundo. Desde os pequenos consumidores desenfreados até os grandes grupos econômicos que acumulam verdadeiros impérios de riqueza tantas vezes às custas da exploração e usurpação de bens dos mais pobres, sejam eles pessoas, povos ou nações.É muita avareza e muita loucura! Para dentro deste mundo e desta realidade a mensagem de Jesus traz lucidez, sensatez e sabedoria, pois ela valoriza mais a vida e as pessoas do que os bens e a riqueza.

Assim podemos concluir que uma das razões porque Jesus deu tanta importância ao ensino da advertência contra a riqueza é que ela, aliada à avareza, torna-se verdadeira oposição ao Reino de Deus. As pessoas avarentas são capazes de fazer verdadeiras loucuras com o objetivo de acumularem bens na busca por segurança e prazeres. Nem que, para isso, seja necessário romper o relacionamento com Deus, consigo mesmos e com o próximo. Tornam-se ricas, mas não são ricas para com Deus e muito menos no relacionamento com o universo e suas criaturas.

Como seguidores de Jesus e membros de sua igreja, sejamos corajosos em continuar anunciando sua mensagem e seus ensinamentos. Amém.



Pfarrer Carlos Heinz Eberle
Novo Hamburgo – RS (Brasil)
E-Mail: carloseberle@hotmail.com

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