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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

13. DOMINGO APÓS PENTECOSTES , 14.08.2016

Predigt zu Lucas 12:49-56, verfasst von Osmar Witt

Prezada Comunidade de Jesus Cristo!

O evangelho deste domingo nos coloca diante de uma daquelas palavras de Jesus para as quais a gente não tem, de pronto, uma explicação. Talvez seja porque ela requer um posicionamento da gente! Não dá para ficar indiferente frente ao que Jesus diz aos seus seguidores e seguidoras.

O texto destacado para a pregação nos apresenta três temas, os quais estão intimamente ligados um ao outro. O primeiro deles é o tema do batismo de fogo para o qual Jesus se encaminha. "Este fogo, evidentemente simbólico, pode assumir significados diferentes, conforme os contextos: o Espírito Santo, ou ainda o fogo que purificará e abrasará os corações e que deve ser aceso na cruz." (Bíblia de Jerusalém). O ensino e a atuação de Jesus o colocam no caminho da cruz. Por que? Porque ele questiona a religião de seu tempo e, com ela, também a forma como naquela sociedade se lidava com a realidade da injustiça e da opressão. Jesus perdoou pecadores e pecadoras, reintegrou pessoas doentes ao convívio, questionou o modo como os mestres aplicavam a Lei, sobretudo, em prejuízo das pessoas pobres e desfavorecidas. Para Jesus, não é possível a paz sem que haja justiça social.  Por isso, foi denunciado às autoridades como agitador do povo e pervertedor da ordem estabelecida. A cruz era o castigo aplicado pelo império romano.

O segundo tema é justamente a paz. Quando a gente ouve Jesus dizendo "não vim trazer a paz ao mundo, mas divisão", então nos lembramos também que, em várias outras passagens, ele diz justamente o contrário: "não tenham medo, deixo-vos a minha paz". A paz de Jesus deve ter ou implicar algo que, normalmente, nós não atribuímos à paz. Aliás, ele mesmo disse aos discípulos e discípulas: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá!" (João 14.27). Sim, pois, a paz que Jesus oferece não é simplesmente sinônimo de sossego! O Evangelho de Jesus nos desassossega, pois, nos mostra um Deus que vem ao encontro das pessoas em seus sofrimentos, dores e lutas. A dor e a carência de nosso semelhante nos inquieta. De outra parte, Jesus não foi indiferente à necessidade de buscar espaços de sossego e silêncio. Em várias passagens do Evangelho encontramos Jesus convidando as pessoas que lhe eram mais próximas para se retirarem  e buscarem novas forças, sobretudo, na comunhão e na oração. Mas, essa paz do retiro ainda não é tudo! Ela nos capacita para enfrentar os conflitos que são parte da vida. E deles resultam, não raras vezes, divisões como as que Jesus faz referência. O Evangelho de Jesus nos leva a posturas e caminhos diferentes do que, até mesmo, pessoas de nossas famílias decidem andar.

O terceiro assunto dessa passagem do Evangelho é a urgência de uma tomada de posição. É um convite para que a comunidade leia os sinais do tempo presente. Percebemos os brotos nas árvores, avaliamos as mudanças que ocorrem na natureza e sabemos quando uma nova estação se aproxima; olhamos o céu e de acordo com o vento e as nuvens prevemos se haverá chuva ou sol. Tudo isso fazemos bem, e sempre com maior precisão graças ao progresso tecnológico. Mas, temos dificuldades para entender os sinais do Reino de Deus que Jesus mostrou. Este Reino é antes de tudo uma dádiva, um presente de Deus para nós. E é uma dádiva que nos compromete com as pessoas e com as realidades em que nos encontramos. É uma dádiva que transforma vidas e que questiona posturas e tradições com as quais a gente se habituou. Por isso, quando começamos a mexer nesse "baú" de nossas vidas à luz do Evangelho, podem começar a surgir crises, inquietações e até conflitos. É neste sentido que o Evangelho nos tira da nossa zona de conforto e termina com o nosso sossego. Mais ainda: o Evangelho não compactua com o pecado que habita em nós; ele o traz à luz do dia. E isso é inquietante! Mas, não há caminho para a liberdade que não passe por esse confronto da gente consigo mesmo. E o tempo de fazê-lo é agora, pois a mensagem do Reino de Deus não é para amanhã, ou para depois da morte apenas. Olhemos para os sinais do tempo, em nossa vida e em nossa realidade: o evangelho é convite para um tempo novo!

Permanece válido, também para nós, que, às vezes, temos necessidade de sossego também. Precisamos de tempo e lugar em nossas agendas para termos um pouco de alívio. É um tempo e um lugar onde nos refazemos das correrias e atividades. O tempo do Reino anunciado por Jesus é o tempo da graça! Não queiramos sobrecarregar-nos com pesos que nem podemos carregar sozinhos ou sozinhas. É tempo de buscar comunidade, parceria e solidariedade para andarmos em conjunto. Não somos mais nem menos, nem melhores, nem piores do que as pessoas com quem convivemos. Andemos de mãos dadas, aprendendo e ensinando a partilhar as alegrias do caminho.

Saibamos, porém, que assumir uma postura baseada no Evangelho de Jesus nos coloca na contramão dos rumos que a maioria, por conveniência, por cansaço, ou por desconhecimento segue. Voltamos ao início de nosso texto. Há um preço a ser pago: um batismo de sangue a ser assumido.  A boa notícia é que Jesus já assumiu este batismo por nós! Ele nos liberta de pecado e culpa e nos introduz numa caminhada com ele. Este caminho a gente faz na companhia de homens e mulheres, crianças, jovens e pessoas idosas que se dão as mãos na construção de um novo tempo: "Nós, segundo a sua promessa, temos esperança no novo céu e na nova terra, onde habita a justiça e a paz." O Evangelho de hoje requer um posicionamento da gente! Não dá para ficar indiferente frente ao que Jesus diz aos seus seguidores e seguidoras.

E que a paz divina, que é maior do que o nosso entendimento, guarde nossas mentes e corações em Cristo Jesus. Amém.



P. Osmar Witt
São Leopoldo
E-Mail: olwitt@est.edu.br

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