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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES , 28.08.2016

Predigt zu Lucas 14:1. 7-14, verfasst von Harald Malschitzki

Irmãs e irmãos, comunidade  do Senhor!

Quando lemos ou ouvimos a palavra FARISEU é quase certo que nos vêm à mente muito mais imagens negativas do que positivas sobre o que vem a ser um fariseu. É verdade que Jesus volta e meia anda às turras com fariseus, mas ele vai  a suas casas, dialoga e discute com eles temas sobre o céu e a terra. Olhemos a figura do fariseu sem os nossos preconceitos.  Dentro de sua comunidade de fé e de vida eles procuravam observar rigorosa e fielmente leis, preceitos e práticas que envolviam tanto as aspectos cultuais como o relacionamento entre pessoas. Pensando no vale-tudo que vivemos hoje na sociedade, na economia, na religião,  até era de se desejar mais fariseísmo, quer dizer, uma observação mais disciplinada das leis e de bons costumes de relacionamento. Pena que muitos fariseus sofriam de um efeito colateral muito negativo: Eles se achavam melhores, mais puros, mais justos e, por isso, com direito a primeiros lugares entre os homens e diante de Deus. Há  inúmeras passagens nos evangelhos que ilustram isso e é aí que Jesus tem suas broncas com eles. Aliás, só para não o esquecermos, o apóstolo Paulo, de tantas cartas centrais do Novo Testamento, era fariseu e tinha até licença oficial para prender cristãos. Pois é, infelizmente podemos topar também com segmentos cristãos que se dizem melhores e mais salvos e que, por isso, têm uma imensidão de preconceitos, ainda que a designação fariseu nem esteja tão em uso.

O texto bíblico proposto para reflexão neste domingo nos leva a um encontro de Jesus em casa de um fariseu. Ouçamos do evangelho de Lucas, capítulo 14, os versículos 1, 7-14.

A hospitalidade no tempo de Jesus era mais “aberta”, enquanto que a nossa hospitalidade está cada vez mais  “fechada”, mais restritiva. Não é aqui o lugar para entrar nesses detalhes. Constatemos apenas que Jesus vai à casa de um “dos principais fariseus para comer pão”. Lembremos que o sábado é o dia sagrado, o que se reflete inclusive no tipo de alimentação. Jesus senta no meio dos convivas e começa a observar como as pessoas escolhem lugares,  o mais perto possível do dono da festa. Como o faz tantas vezes, ele usa a realidade para contar uma história e tirar uma lição. Aqui sua história tem dois momentos: Em primeiro lugar ela tem em vista os convidados e em segundo o dono da festa.

Ainda respiramos a olimpíada do Rio. O objetivo de todas as atividades foi o primeiro lugar. Para chegar lá,  competidores e competidoras se prepararam até o limite de suas forças e sob diversas privações, beirando o desumano.  Também aqui nem sempre os métodos são limpos;  não poucas vezes acontecem falcatruas para alcançar a medalha de ouro! Na vida, no dia a dia todos procuram “um lugar ao sol”, o que é legítimo enquanto não  acontece à custa  de outros, principalmente de mais fracos. A chamada concorrência desleal não acontece somente em comércio e indústria, ela está também em nossas relações pessoais, seja no emprego, seja nos pequenos negócios e, claro, também dentro da igreja: Quanto ciúme, quanta inveja, quanta tentativa de ocupar os lugares que estão mais em evidência. Quantos grupos comunitários já se desfizeram por isso. Pior ainda, houve épocas em que ser vendiam literalmente lugares no céu, os melhores,  mais caro, obviamente.  Jesus observa os jeitinhos e alerta: Cuidado, pode acontecer que o dono  da casa peça para saíres do lugar... talvez seja mais sensato esperares que ele te indique um lugar levando em conta os demais convidados.  Em outra passagem Jesus é mais radical quando diz que os primeiros serão os últimos e os últimos primeiros.  Aqui, no texto em questão,  ele fala em exaltar o que equivale a passar uma imagem super valorizada, que sempre vai ter efeitos reflexos negativos. Quem se confessa seguidor do Cristo não pode entrar nessa jogada sob pena de colocar em xeque as suas próprias palavras e passar por mentiroso. Deus, em seu amor, saberá dar um bom lugar a todos e ele também cuidará da nossa vida aqui e agora.

No momento seguinte Jesus  se dirige ao dono da casa e lhe lança quase que um desafio: Convidar os outros, os rejeitados e marginalizados.  O argumento de Jesus é muito interessante: Amigos e pessoas conhecidas, certamente irão retribuir o convite de alguma forma, não necessariamente só para uma refeição! Os outros vêm de mãos vazias, não terão como e nem com quê retribuir.

Dois mil anos depois o nosso mundo mudou e já não basta uma hospitalidade, por assim dizer, particular.  O número de pessoas marginalizadas e sem rumo na vida cresceu muito, à revelia de todos os progressos. As riquezas do planeta estão mal distribuídas. Não fiquemos apenas em nosso país.  Diariamente se têm notícias de milhares e milhares de refugiados indo principalmente para países europeus, mas também às nossas cidades, isso  sem falar nos milhares que vagam sem rumo e estão em mega-acampamentos miseráveis. Por isso, em nossos dias, a questão da hospitalidade é assunto global, mundial. Que países se dispõem a receber refugiados e até que limite? Lembremos, por exemplo, a Alemanha, que beira um milhão de pessoas! Há outros países com números semelhantes. Em nosso país os números são infinitamente menores, mas a pergunta é a mesma: Como recebemos os refugiados, migrantes, estrangeiros? Sem dúvida é, antes de mais nada,  uma questão de política de governo, mas a concretização acontece nas cidades, nas ruas, nos locais de trabalho, nas comunidades, nas ONGs. Como nós, tu e eu, vemos esses estrangeiros? Como os caracterizamos? Como nos sentimos junto a eles? Existem exemplos bonitos de hospitalidade e apoio aqui e ali, seja por  disponibilização de empregos, seja por acolhida em escolas, seja em programas de comunidades eclesiais. Entretanto, não deveremos mais dormir sem que nos incomode e preocupe a questão de refugiados e migrantes. O mapa demográfico, o mapa mundi de quem vive onde e em que condições está sendo redesenhado  pelos refugiados e por quem os recebe. Já é impossível que pensemos não ter  nada com isso.

O Brasil e os brasileiros são tidos como acolhedores e hospitaleiros, o que é uma verdade. Acolhemos, em uma década, dois eventos mundiais do esporte. Os dinheiros investidos são imensos. Duas mega-festas. Cidades cheias de esportistas e turistas... Terminadas as festas vem a ressaca. Os festejados LEGADOS estão longe, muito longe daquilo que se investiu. Pagaremos dívidas astronômicas por muito tempo; só os estádios de futebol são um exemplo suficiente, até hoje não pagos, deficientes, vazios alguns. Fomos hospitaleiros com quem vinha gastar em nosso país. Os primeiros lugares que almejávamos tiveram que ser partilhados com outros!

Nos dois eventos exercemos uma hospitalidade com tempo limitado e com nítidos objetivos de ganhos. Agora está diante de nós o desafio de hospitalidade prolongada para gente que vem de mãos vazias; agora temos que voltar à realidade daqueles segmentos da sociedade que precisam de outra hospitalidade e aqui se incluem instituições filantrópicas que zelam por todas aquelas pessoas que necessitam de cuidados especiais. Isso está no horizonte de nossa hospitalidade? Ou preferimos ficar entre os que lutam só pelos primeiros lugares?

Não em último lugar,  lembremos que nós somos hóspedes na terra. Em outras palavras, dependemos da “hospitalidade” do criador. Jesus tinha muita consciência disso, inúmeros textos bíblicos o ilustram  muito bem.  E lá adiante, podemos ter certeza, seremos perguntados como usamos a terra  na qual Deus, o criador,  nos abrigou  com tanta hospitalidade e como lidamos com quem buscou nossa hospitalidade ou se nos  limitamos a buscar os primeiros lugares. A pergunta deve inquietar-nos! Desejo que Deus nos inquiete! Amém.



P. Harald Malschitzki
São Leopoldo
E-Mail: harald.malschitzky@gmail.com

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