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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

DIA 1. DE JANEIRO DE 2017 , 01.01.2017

JESUS, UM REFUGIADO
Predigt zu Mateus 2:13-23, verfasst von Harald Malschitzky

Querida comunidade, irmãs e irmãos em Cristo.

 

No testemunho bíblico o Egito tem um papel sempre presente, seja como país que salva e protege, seja como país  que persegue e aniquila. José, vendido pelos irmãos a mercadores de escravos, no Egito se torna o instrumento de  salvação para o embrião do seu próprio povo que estava na miséria. Algumas décadas depois, as gerações posteriores à que tinha sido salva, aumentaram numericamente e os egípcios se sentiram ameaçados. Transformá-los em escravos foi a forma de impedir a ameaça. Na grande e impressionante saga da fuga do Egito em direção a uma terra prometida, a perseguição implacável do exército egípcio termina no Mar Vermelho, para  os refugiados  começa a história fascinante de um povo em busca do espaço de vida. Em seus credos esses episódios sempre estarão presentes como memória. Essa história, porém, não é uma história profana qualquer, ela é a história de Deus com o seu povo, um povo que crê e fraqueja, que pede a presença e a bênção de Deus em sua caminhada, mas que de repente tem saudade das “panelas de carne do Egito”, ainda que como escravos. Sempre de novo, através dos séculos da história de Israel, o Egito aparecerá ou como aliado ou como inimigo.

O texto bíblico  de hoje, cenas conhecidas da vida de Jesus, o Egito recebe os refugiados Maria, José e Jesus. Ouçamos o texto.

               Ler Mateus 2.13-23

É interessante como governantes e déspotas têm medo e usam todos os tipos de artimanha para se manter no poder. Herodes tinha sido alertado pelos magos do oriente, que haviam errado o endereço, de que nascera um rei. Ora, ora, um rei nasce no palácio real, caso contrário é uma ameaça. Herodes, muito vivo, faz de conta que está feliz com a notícia e pede que os magos deem notícias mais precisas quando de sua volta. Alertados por um anjo, eles voltam por outro caminho. Herodes se sente traído e usa um método  que também não era novidade (cf. o v. 18): Manda matar todos os guris israelitas que tinham nascido no período – um deles seria o suposto rei, o usurpador, a ameaça. Ainda bem que Deus não joga o jogo dos poderosos, e através de um anjo, avisa José do perigo, e este vai para o Egito, de onde só voltaria depois da morte de Herodes. Ainda assim, José e a família, por receio, não voltam para sua terra Natal e sim para uma pequena cidade chamada Nazaré. E o evangelista termina a passagem explicando a seus leitores que por isso Jesus seria conhecido como o Nazareno, denominação que, aliás, usamos até hoje.

Mais uma vez a história de Deus com seu povo, a rigor,  inicia no Egito. Talvez não seja por menos que comunidades primeiras da cristandade (comunidades primitivas) se situaram no Egito. Num entretecido de decisões e ações muito humanas ser vai escrevendo sutilmente a história de Deus com seu povo e o seu desejo para a sua humanidade. A julgar  pelos festejos modernos de Natal, tudo teria acontecido com muitas luzes, muita divulgação, muita propaganda. Mas nada disso aconteceu: Um casal solitário, uma criança que nasce em uma estrebaria e tem como cama um coxo antes lambido pelos animais, que é saudada por pastores do campo (gente muito suja) e por magos do oriente (estrangeiros, pois) e que precisa se refugiar em outro país! Por tudo isso, a história seria escrita diferentemente dos projetos dos poderosos. Mas aqui é preciso lembrar que o povo de Deus,  nascido a partir da criança refugiada, posteriormente perseguida e executada numa cruz vergonhosa, em sua história, também se deixou encantar pelo poder e sempre de novo nutria – e nutre – saudade das “panelas de carne do Egito”, que sempre são um sinal de segurança.

Em nossos dias vivemos ondas de refugiados nunca vistos: Guerra, fanatismo, fome e miséria empurram milhões de pessoas (não só uma família!) para fora de sua terra, principalmente em direção a países europeus, mas também em nossa direção no Brasil. De repente a história dos povos vai sendo reescrita, nossas estruturas estabelecidas e nossas tradições queridas são alteradas. Como receber, como acomodar, como proporcionar vida digna a tanta gente? A situação está longe de ter sido resolvida, e tantas vezes é agravada por fanáticos que matam inocentes em massa. Mas nem isso deveria desanimar-nos, desanimar a cristandade, em buscar saídas – difíceis sem dúvida – para o problema dos refugiados.

Neste contexto vale a pena lembrar o que nos facilmente esquecemos. Nosso antepassados alemães ou italianos vieram ao  nosso país como uma espécie de refugiados: nos seus países havia pobreza e miséria; o Brasil e outros países latino-americanos eram a chance para recomeçar – com muito sacrifício, muito sofrimento e até com uma dose de saudade das “panelas de carne do Egito”. Mas aqui eles ajudaram a escrever a história do que hoje somos, sem dúvida, muitas vezes  por linhas tortas. E não vamos esquecer que a fé cristã, a fé na criança refugiada, sempre teve um papel decisivo, basta ver que instituições logo estavam presentes na constituição social. Pena que tantas vezes a sufocamos com projetos humanos de poder.

Aqui estamos nós, que nos dizemos seguidores daquele que começou como refugiado, que em nossa própria história temos as marcas de refugiados, vivendo em um mundo repleto de refugiados em busca de vida digna e plena. Não confiemos nos nossos bons princípios, mas nos deixemos desafiar e guiar pelo Cristo que não temeu arriscar a sua própria vida em favor da vida dos filhos e filhas de Deus, que inclui os “estrangeiros” – não é de graça que os magos do oriente visitam a criança em Belém.

Que o ano que hoje inicia seja bom, mas sobretudo, que Deus não nos deixe sós, nem de seus olhos, nem de seu amor e muito menos de uma orientação segura para vivermos a sua vontade neste mundo que hoje temos. Amém



Pastor emérito Harald Malschitzky
São Leopoldo
E-Mail: harald.malschitzky@gmail.com

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