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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

VÉSPERA DE ANO NOVO , 31.12.2016

Predigt zu Mateus 25:31-46, verfasst von Claus Martin Dreher

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus o Pai e a comunhão que nos concede o Espírito Santo sejam conosco, hoje e sempre. Amém.

Irmãs e Irmãos em Cristo, os textos bíblicos previstos para o último dia do ano de 2016 convidam a fazermos uma parada antes de adentrarmos o ano de 2017. Uma parada é tempo de realinhar rumos e sonhos; é tempo onde geralmente estamos entre o que não deu certo e as páginas de um novo caderno, onde a caligrafia, à princípio, será mais bonita e o capricho será visível. Mas muitas boas páginas, parágrafos, frases ao menos foram escritas em 2016. É que não nos damos conta, nem valorizamos suficientemente o pequeno gesto, o simples, a alegria, o broto, a mão que ajuda a caminhar e a levantar, a manjedoura, o nascimento até!

A respeito, lembro da tradução de poema que trata da travessia, da passagem de ano a novo ano.

Para a passagem

Um novo ano
é como um livro vazio
com muitas páginas não escritas.
Você se enxerga parado no portão.
Bem quieto e tímido
você se propõe a dar um primeiro passo:
uma nova marca na areia aplainada pelo vento.
Você se sente livre,
o ano que passou traz suas cargas às tuas costas.
Não olhe para trás! Olha para frente,
para o espaço ainda não tocado da esperança,
que você possa se manter no caminho que escolheu.

(traduzido e adaptado por  Claus M. Dreher do poema ‘Zum Geleit’ , de Sigrid Baumann-Senn)

Houve liberdade no ano que passou! Mas também nós queríamos rei e “salvador da pátria” para saudar diante de trono dourado, juiz rigoroso, nunca o imaginamos em meio a miséria e a simplicidade da manjedoura. Então não vimos a liberdade como dádiva que se multiplicou em infinitos sinais do Reino de Deus no ano de 2016. E nos parecia sussurro a voz do anjo que anunciava claramente: “Não tenham medo! Eis aqui vos trago Evangelho de grande alegria para todo o povo! E isto vos servirá de sinal! Glória a Deus nas alturas e paz na terra entre as pessoas a quem ele quer bem!” (Lucas 2.10ss). Este é o Evangelho que nos liberta de nosso medo da distância de Deus em direção do próximo! Ele nos quer bem!

Convido que leiamos do Evangelho segundo São Mateus, o capítulo 25, os versos 31 a 46.

Leitura: Mateus 25.31-46

Quando analisamos este texto sob a ótica do juízo, o fazemos comparativamente e dividimos as pessoas em duas colunas:

Ovelhas


Benditas

Reino preparado


Deram comida ao faminto

Deram água ao sedento

Receberam o estrangeiro

Vestiram o nu

Cuidaram do doente

Visitaram o preso


Não sabiam quando tinham ajudado

Cabritos


Amaldiçoados

Vão para o fogo eterno


Não deram comida ao faminto

Não deram água ao sedento

Não receberam o estrangeiro

Não vestiram o nu

Não cuidaram do doente

Não cuidaram do preso

Não sabiam quando tinham deixado de ajudar


Não é raro que apontemos os erros de outras pessoas desculpando os nossos; visto que os consideramos menores! E, afinal, errar é humano! Mas, em nosso texto,  o juiz não é somente humano; é vero homem e vero Deus. O tempo acabou! E o que será de nós? A cena amedronta, lembra a imagem de Deus que Martim Lutero tem antes de redescobrira liberdade para a qual Cristo nos libertou (Gálatas 5.1): Jesus Cristo o rei impiedoso, sentado em seu trono, com uma espada entre os dentes e raios fulminantes saindo de seus olhos.

Quando Jesus fala do juízo final, em nosso texto, quer nos fazer ver o que é mais importante, belo e valioso nesta vida, o que Deus sempre esperou de sua criação e aprova em seu julgamento. Ele nos permite, sempre de novo, proximidade e possibilidade de novo início; confessar pecados cometidos e omitidos. É justo confessar que não fizemos o suficiente. Mas é injusto crer que a fé que Deus nos concede nada moveu em nós. Nós estamos dos dois lados. Desesperar diante do juízo de Deus seria compreender mal o que Jesus espera de sua Comunidade, seria ignorar o único critério colocado por Jesus e ao qual ele mesmo se submete por nós: o amor. Sem o amor como critério compreenderíamos mal o texto e a consequência seria a continuidade do juízo, agora dirigido por nós mesmos. Sem o amor “eu nada seria” (1Coríntios 13). Deus é misericordioso!

Jesus espera de sua Comunidade que o siga, pois ele veio nos mostrar concretamente a vivência do amor. Ao procuramos, sempre de novo, seguir o seu exemplo, colocando em prática o grande mandamento, retribuímos com amor à criação o amor de Deus por seus filhos e filhas. Este é o único critério. Esta é a lógica do Reino de Deus, avessa ao nosso juízo. Se o juízo final fosse hoje, seríamos convidados a entrar no Reino de Deus, ou seríamos reprovados? A liberdade nos foi dada por Deus, em Jesus Cristo: vamos pedir, sem medo e na certeza de que o critério de seu juízo é o amor, que ele tenha misericórdia de nós. Se levamos a sério o que Deus pede de nós e a medida de nossas vidas é feita pelo amor concreto de uns em relação aos outros, podemos confiar na graça de Deus que age em nós hoje e não nos deixará no futuro.

Se tememos o futuro, que seja por amor à vida com a qual Deus nos presenteia a cada dia. Nossa filha mais nova pergunta seguidamente: “Mas você vai voltar, né?” - Ela ama a vida. Ela também ama a vida do seu pai e da sua mãe e sente perdê-los.

Ao final deste ano o texto nos convida a renovar a esperança, a amarmos a vida, a esperançar, nas palavras de Paulo Freire: "É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperança é se levantar, esperança é ir atrás, esperança é construir, esperança é não desistir! Esperança é levar adiante, esperança é juntar-se com outros para fazer de outro modo...".

Longe do paraíso e da perfeição, que só o Reino de Deus nos pode dar, o gesto, o sinal, o broto, o nascimento, o pequenino, rosto do próprio Cristo, nos trazem “o espaço ainda não tocado da esperança” e fazem perceber a liberdade para a qual Cristo nos libertou! (Gálatas 5.1). Nós, porém, sempre de novo, escolhemos ser escravos de rei esplêndido e clamamos por leis mais duras, impossíveis de serem cumpridas. A história se repete e diante do trono, diante do “Grande Julgamento” nós estamos apavorados. Mas Jesus Cristo nos diz: “Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu vim para chamar os pecadores e não os justos.” (Mateus 9.13).Ele nos quer bem!! Como disse o pastor Gottfried Brakemeier, em prédica sobre este texto, em 2007: “Enquanto o juiz de minha vida for Jesus Cristo, eu não tenho medo de condenação.”. Em Jesus Cristo Deus nos põe diante de lei simples e, por meio dele, nos traz em vida e morte, concretamente, o amor como única medida. “Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são minhas testemunhas” (João 13.35).

Que nós nos sejamos livres!

Um novo ano
é como um livro vazio
com muitas páginas não escritas. (...)
Não olhe para trás! Olha para frente,
para o espaço ainda não tocado da esperança;  
que você possa se manter no caminho que escolheu.

É tempo de cantar!“Eis num ano novo entramos!” “E há que se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor e fruto!”

E a paz de Deus que supera todo o entendimento humano, guardará corações e mentes, em Cristo Jesus. Amém.



Pastor Claus Martin Dreher
Porto Alegre/RS
E-Mail: clausdreher@mluther.org.br

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