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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Prédica para a Véspera de Ano Novo, 31.12.2007

Predigt zu Mateus 25:31-46, verfasst von Gottfried Brakemeier

    

Prezadas irmãs e irmãos!

O culto no fim do ano pode ser um momento de grande emoção. Certamente ela não se compara ao júbilo de Natal nem ao luto do dia dos finados. A emoção deste dia, 31 de dezembro, é outra. Assistimos à passagem de mais um ano que nunca mais vai repetir-se. 2007 acrescentou mais outra etapa à nossa biografia e encerrou mais um capítulo da história mundial. Qual será o juízo das gerações futuras sobre este ano? Foi de progresso, foi de retrocesso? Foi um ano normal ou extraordinário? Não sei o que os historiadores vão registrar e o que retrospecto na televisão vai destacar. Certamente coisas boas e outras não tanto. De resto, o juízo vai depender em boa medida de nós mesmos, das próprias pessoas. Para umas foi motivo de gratidão, para outras houve decepções. Talvez haja quem fosse atingido por duros golpes, perda de familiares ou de amigos. Ninguém passou exatamente pelas mesmas experiências nos últimos 365 dias, respectivamente doze meses. Seja como for, aqui estamos nós, todos um pouco mais velhos do que no início de 2007.

Pois é, ninguém consegue segurar o tempo. Esta me parece ser uma das maiores emoções de um momento como este. Lembra-nos da nossa transitoriedade. "Tudo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião", diz o autor do livro de Eclesiastes. Nós o ouvimos antes na leitura bíblica. Passou o tempo, acabou. E toda nossa tecnologia é insuficiente para anular essa verdade. Às vezes eu me sinto como o viajante de um trem. Eu não sei para onde vai. Olho pelas janelas e vejo a paisagem deslizar lá fora. O trem passa por povoados e cidades, por bosques e por campos. Às vezes chove, às vezes brilha o sol. Lá longe vejo montanhas. Mas também elas desaparecem aos poucos. E eu não consigo desembarcar. Estou sendo literalmente "arrastado" pelo trem, sabendo que em determinado momento chegará à estação final. Então todos devem desembarcar e a viagem terminou. Que será então?

Disto o texto para a prédica do dia de hoje nos fala. Esboça diante de nós um quadro fascinante. O Filho do homem, Jesus Cristo, vindo como rei juntamente com a corte celestial, vai sentar-se no trono para dar início ao juízo final. E todas as nações da terra serão reunidas diante dele. E então ele vai separar as pessoas umas das outras, assim como o pastor separa as ovelhas das cabras. Confesso que tenho dificuldades em imaginar tudo isto. Mas parece que nem devo fazer a tentativa. Trata-se da ilustração de algo mais importante do que os detalhes. A história nos quer mostrar o que realmente vale nesta vida, o que Deus quer, o que ele premia. "...quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram." Em outros termos, quando socorreram pessoas em dificuldades, quando levaram alegria aos tristes, quando praticaram o amor ao próximo, então Jesus convida: "Venham e recebam o reino que meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo." Usando novamente a figura do trem, eu diria: Na última estação, quando preciso desembarcar, devo prestação de contas a Jesus, e, se ele me aprovar em seu julgamento, Deus vai me acolher em seu reino.

Talvez essa história assuste. Pois se fizermos um balanço honesto do que realizamos neste ano que finda, o saldo provavelmente nem sempre será positivo. Há culpa, há omissões, há pecado, há desamor a confessar. Nem sempre cumprimos o nosso dever e ficamos em dívidas com as pessoas a nosso lado. Certamente também há do que nos podemos orgulhar. Houve os sucessos, alcançamos metas, esperanças se tornaram realidade. Espero que assim seja. E vamos dar graças a Deus por isso. Mas quando eu ouço o Rei dizer: "...todas as vezes que vocês deixaram de ajudar a uma destas pessoas mais humildes, foi a mim que deixaram de ajudar", quando eu ouço isto, fico consternado. Pois aí não conta apenas o que eu fiz, conta também o que eu deixei de fazer. Caso forem avaliados não somente meus atos, e, sim, também as minhas omissões, o saldo do meu balanço será inevitavelmente negativo. Confesso que eu não fiz o suficiente. Devo, então, desesperar?

A história seria mal entendida, se assim interpretássemos. Vamos vê-la um pouco mais de perto. O juiz escatológico é Jesus Cristo. Isto é de importância fundamental. Pois quem foi ele? Ora, aquele que disse ser o maior mandamento o do amor, que por amor se inclinou aos humildes, quem por amor deu a sua vida em nosso favor. Assim o lemos na Bíblia, assim o confessa o credo cristão. De certa forma podemos dizer ter sido ele a encarnação do amor divino. Então, se é ele quem vai julgar os povos no fim da história, o critério de seu juízo só pode ser o amor. É o que estamos observando nesta história.  Ela não fala do amor, mas ela o descreve em exemplos práticos. Saciar famintos, abrigar estrangeiros, visitar presos são obras do amor. Eu sublinho, são estes apenas alguns exemplos. Pois amor tem inúmeras expressões. Empenhar-se em favor da preservação do meio ambiente, trabalhar em favor de mais justiça, denunciar a corrupção e o crime, também isto é ato do amor. Basta ler o décimo terceiro capítulo da primeira carta aos coríntios para ter uma idéia da "multiformidade" do amor. A partir deste texto valeria a pena discutir uma vez sobre o que o amor exige em nossa sociedade hoje, além da caridade.

E vejam, é este o critério do juízo de Jesus Cristo. Ele julga pelo que ele mesmo disse, viveu e foi. Espera dos seus seguidores que sigam seu exemplo. Quem não ama aquele que tanto amou, como pode ser seu discípulo? O que se espera de cristãos? Ora, em primeiro lugar e antes de mais nada que coloquem em prática o grande mandamento e retribuam com amor o amor recebido. É o que deveria ter absoluta prioridade na vida das pessoas. Infelizmente, a realidade é outra. O que nos chega nos noticiários é crime, roubo, violência, guerra e outras coisas horríveis. Se apenas 50% daquilo de que o texto nos fala fosse traduzido em prática, nosso mundo teria outra cara.

Eu repito: O que vale mesmo nesta vida é a ajuda que temos dado a outras pessoas, é a contribuição que fizemos para um mundo mais alegre, confiante, feliz. Quem o diz é Jesus Cristo. É este o seu critério avaliativo. Falando assim, ele vira ao avesso os critérios de grandeza humana tão em voga entre nós. Para Jesus não contam cargos e títulos, não contam posse e propriedade, não conta sucesso profissional ou outra coisa. Disse Jesus em outra oportunidade: "...quem quiser ser importante, que sirva os ouros e quem quiser ser o primeiro, que seja o servo de todos." Esta é a lógica do reino de Deus. E eu pergunto: Existe um método mais eficaz para salvar o mundo? Existe melhor garantia de paz do que esta? Amor é um poderoso remédio contra a maioria dos males neste mundo. Infelizmente sofremos sob aguda escassez desse "produto".

Voltando a falar do ano que passou, creio que também nós tenhamos faltado com o amor. O quanto isto foi o caso, cada qual deverá responder por si. Nós temos motivos para agradecer a Deus, sem dúvida alguma. Mas também temos motivos para confessar culpa. Se o juízo final fosse hoje, será que seríamos convidados a entrar no reino de Deus, ou seríamos reprovados? Se o juiz fosse duro conosco e aplicasse o rigor da lei, tenho a impressão que as chances seriam poucas. Mas então eu iria cair aos pés daquele juiz e implorar perdão. Eu iria lembrá-lo da misericórdia que praticou, quando andou pela Palestina e quando assumiu a morte na cruz em favor de seus inimigos. Eu iria pedir que use também ele o amor como critério do juízo e tenha compaixão de mim. Não! Enquanto o juiz de minha vida for Jesus Cristo, eu não tenho medo de condenação. Por isso essa história não me causa pavor. Lembra-me, isto sim, que Jesus Cristo valoriza o amor e que eu me torno indigno de ser chamado "cristão", se não procuro cumprir-lhe a vontade. Ai, se eu começo a zombar de Jesus, se eu for cínico ou começar a debochar. Então, sim, poderá haver condenação. Mas enquanto eu levar a sério o que ele pede de mim, posso confiar em sua graça.

Prezada comunidade! Um fim de ano provoca sentimentos ambíguos. 2007, valeu a pena? Qual o balanço que fazemos? Eu creio ser um privilégio da comunidade cristã ter em Jesus Cristo o juiz, ou seja aquele que faz o balanço final. Assim sabemos para onde nos vai levar o trem da história. Também não nos falta orientação quanto à nossa conduta. O mandamento é simples. Resume-se na palavra "amor". Ao mesmo tempo este mandamento é muito difícil. Pois o amor tem mil e uma aplicações. Mas se ao menos em parte correspondermos ao desafio, podemos estar certos de que o ano de 2008 nos será abençoado. Vamos, pois, despedir-nos deste ano e iniciar um novo com coragem e determinação. Que Jesus Cristo nos ajude!

Amém

 



Pastor Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis, RS
Brasilien

E-Mail: brakemeier@terra.com.br

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