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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Ano Novo, 01.01.2008

Predigt zu Filipenses 2:5-11, verfasst von Martin Volkmann

  

Irmãs e irmãos em Cristo!

Ano Novo - vida nova! A cada Ano Novo surgem novas formas de saudar a chegada de um novo ano. São fogos de artifício cada vez mais exuberantes; são oportunidades de festas e celebrações com ornamentações, comidas e bebidas diferentes. Busca-se saudar, celebrar, festejar o novo com novidade, com alegria, com descontração.

De fato, o Ano Novo é um dia especial. Em si, não acontece nada de extraordinário, de diferente de outros dias. O relógio passa das 24 horas para o primeiro minuto de um novo dia, como em todos os outros dias. A noite se vai e o sol ressurge, como a cada nova manhã. Mas a terra completou mais uma volta ao redor do sol e isso marca um reinício. Um novo ciclo se inicia. Nasce um novo ano. É Ano Novo. E isso justifica parar, alegrar-se celebrar.

É importante que esses momentos marcantes sejam comemorados para que todos os demais dias possam estar sob o foco desta data. Por isso a festa é importante nessas datas especiais. E o Ano Novo é uma data especial, simbólica para toda a humanidade. Logo, podemos nos alegrar e festejar com a chegada de um novo ano.

Mas a festa não pode nos enganar e nos inebriar, como se os 364 dias seguintes fossem todos um 1º de janeiro. Depois da festa, vem a normalidade da vida. E aí somos confrontados de novo com a dura realidade do cotidiano: trabalho cansativo; as dificuldades para suprir as necessidades para a sobrevivência; um mundo marcado por injustiças, guerras, destruição; ao nosso redor, a violência tomando conta: vidas destruídas por drogas. Realmente, a festa do Ano Novo não pode nos ofuscar para a vida nos demais 364 dias.

Ano Novo - vida nova! Esse lema traz implícita a idéia de mudança, o desejo de que a partir de agora algo ou tudo seja diferente. Por isso a passagem de ano é ensejo de olhar para trás e avaliar como foi o ano que passou. Como foi o ano passado em termos profissionais? O que conseguimos realizar? Como está a situação pessoal, familiar? Como estão os nossos relacionamentos com amigos, colegas de trabalho, vizinhos? Ao olhar para trás, constatamos muitas contradições. Muita coisa não foi assim como desejávamos ou tínhamos planejado. Muitas tarefas não foram cumpridas. Muitas realizações redundaram no contrário. Por isso: Ano Novo - vida nova! Expectativa de mudança; desejos de que de agora em diante seja diferente; promessas de fazer o certo; votos de paz, alegria, satisfação. Ano Novo - vida nova! Será que é possível algo novo? É possível ser, fazer diferente? O texto de Fp 2.5-11 nos apresenta uma proposta.

O texto inicia com um desafio semelhante aos nossos desejos e votos de passagem de ano. Nos versículos anteriores, o Apóstolo Paulo convida a comunidade de Filipos a assumirem posturas de vida de caráter positivo que venham a criar um ambiente comunitário e de relações pessoais agradável, fraterno, construtivo: "Tende o mesmo amor, o mesmo ânimo, o mesmo pensamento.... Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade" E ele conclui essa série de recomendações com o desafio: "Tende o mesmo sentimento que também caracterizou a Jesus" - versículo inicial de nossa perícope de hoje. Portanto, o Apóstolo Paulo convida para  determinada postura, determinada compreensão de vida, um princípio de existência. Mas ele não o faz de forma legalista, impositiva. Pelo contrário, ele apresenta a fundamentação para tal postura. Ele traz o fundamento para uma nova maneira de ver e compreender a vida. E é disso que fala o nosso texto de hoje.

Sugiro ler novamente o texto, procurando destacar a dimensão poética do mesmo!

 

            Ele, que vivia na realidade divina,

            Não considerou como usurpação

            O ser igual a Deus.

            Pelo contrário, a si mesmo se esvaziou,

            Assumindo a forma de servo,

            Fazendo-se semelhante aos homens

            E sendo achado na condição humana.

            A si mesmo se humilhou,

            Tornando-se obediente até a morte

            E morte de Cruz.

            Por isso Deus também o exaltou

E o agraciou com o nome

Que está acima de todo o nome.

A fim de que ao nome de Jesus

Se dobre todo joelho

No céu, na terra e debaixo da terra.

E toda língua confesse:

Jesus Cristo é Senhor.

Para a glória de Deus Pai.

 

Esses versículos são, talvez, o mais antigo hino que descreve a história do Jesus que se torna o Cristo. É uma poesia que canta toda a trajetória do Filho de Deus, desde a pré-existência junto a Deus até a sua exaltação junto a Deus: Ele era divino, mas não hesitou em tornar-se humano. E como humano sujeitou-se às condições humanas, mas não sucumbiu a elas. Permaneceu obediente ao Pai até a morte, morte na cruz. E por ter sido assim, humilde a tal ponto de se tornar humano e totalmente obediente ao Pai, Deus o exaltou novamente à condição divina e lhe deu o nome que está acima de todos os nomes. Por causa desta trajetória - da mais sublime posição até a mais humilhante condição de morte na cruz - Jesus é o Cristo, o Senhor sobre todos os senhores. E por isso lhe cabe o louvor.

Em que sentido, pois, esse hino cristológico pode ser tal fundamentação? Em triplo sentido:

Em primeiro lugar, pela afirmação central deste hino: Jesus Cristo é o Senhor. Justamente quando olhamos ao nosso redor e avaliamos o que é a nossa vida ou como foi o ano que passou, constatamos tantas contradições e tantos senhores querendo nos dominar. Há tanta injustiça no mundo, há tanta violência, há tanta destruição da boa criação de Deus - será que Deus ainda tem o domínio? É o que às vezes as pessoas se perguntam. Por outro lado, são tantos os senhores que querem nos dominar. Quão difícil foi resistir ao "senhor" consumo neste final de ano! Quão tentador é deixar-se seduzir pelo prazer que a droga oferece e quão difícil se torna livrar-se da desgraça que ela causa! Quão fácil somos dominados pela ânsia de querer sempre mais a tal ponto de não termos mais a alegria de viver com o que somos abençoados por Deus!

Em meio a todas essas contradições e tentações, importa voltar-se para esta verdade que só pode ser anunciada e experimentada no anúncio: Há um Senhor sobre todos os outros senhores. E ele é o Senhor exatamente por sua forma avessa, contrária de se tornar Senhor. É o segundo aspecto para a fundamentação.

Jesus se torna o Senhor justamente pelo caminho contrário ao que normalmente os senhores deste mundo seguem. Ao invés de trilhar o roteiro da força, do poder, da subjugação e dominação, ele segue a rota inversa. Ele abdica de sua condição de poder e se torna humilde. O Natal nos lembrou novamente da humilde manjedoura que acolhe aquele menino, filho de uma simples mulher. E toda a trajetória humana de Jesus, como nos relatam os evangelhos, foi de simplicidade de vida, de serviço ao próximo, de ajuda ao necessitado, de solidariedade com o marginalizado. E na contrapartida, o questionamento de estruturas, de modelos de vida, de idéias que oprimem ou impedem a vida. E nesta sua postura Jesus não faz outra coisa do que ser obediente ao Pai, ou seja, viver a maneira de ser de Deus em relação à sua criação. Mas justamente essa sua maneira de ser e de viver não é suportada por quem é ou quer ser o senhor, por aqueles que detêm o poder. Por isso ele precisa ser eliminado. E a forma encontrada é a mais humilhante que se conhecia na época - a cruz. Assim, de um lado, a cruz é a maneira que os senhores do mundo encontram para humilhar ao extremo quem ousa questionar o seu poder e para aniquilar a sua proposta. Mas, por outro lado, a cruz se torna justamente o símbolo da derrota dos poderes deste mundo e da vitória do obediente, do humilde, do servo. Porque Deus o ressuscita da morte e com isso demonstra cabalmente como é sua maneira de ser e qual é o poder que de fato vence o mundo.

Isso nos leva ao terceiro aspecto. Jesus, o servo humilde, se torna modelo, protótipo para seus seguidores. Com esta sua maneira de ser - humilde, obediente, solidário e, por isso, exaltado - Jesus inaugura o Reino de Deus entre nós. Aceitar o senhorio deste servo humilhado é participar da salvação que ele traz, é passar a ser cidadão do Reino de Deus. E aceitar este senhorio é também descobrir a adequada práxis cristã. É seguir a Jesus na nossa vivência cristã. Evidentemente não se trata de imitar a Jesus. Nesse sentido ele é inimitável. Mas se trata de ter nele o modelo de vida. Uma vida que não visa poder ou domínio, mas que se entende como serviço. Uma vida que não teme a humildade, mas que sabe que na simplicidade está a grandeza. Uma vida que não procura em primeiro lugar os seus interesses e busca impô-los a todo o custo, mas que se coloca a serviço, que repara na necessidade do próximo, que acolhe o fraco.

Uma vida assim poderá significar ser pobre aos olhos do mundo - sem muitos bens, sem muito prestígio, sem muita badalação. Mas certamente será uma vida extremamente rica aos olhos de Deus. Porque não precisamos conquistar nada. Nós já temos tudo. Nós somos cidadãos do Reino onde este servo humilde é Senhor sobre tudo e sobre todos.

Ano novo - vida nova! Que seja esta nova vida aquela que já nos foi dada de presente por este Senhor. E que seja uma vida nova no modelo deste Senhor - de serviço, de acolhimento, de solidariedade. Uma vida nova assim será um joelho que se dobra e uma língua que confessa: Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai.

Amém.

 

 

 



Pastor Martin Volkmann
São Leopoldo, RS
Brasil

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