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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

PRIMEIRO DOMINGO NA QUARESMA , 06.03.2017

Predigt zu Romanos 5:12-19, verfasst von Osmar Luis Witt

Oremos: Querido Deus! Tua Palavra é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos. Abençoa a pregação da tua Palavra entre nós. Em nome de Jesus, amém.

 

Estimada comunidade de Jesus Cristo!

"Não existe pecado do lado de baixo do Equador", apregoava uma antiga canção carnavalesca. Encontramo-nos no período pós-carnaval e os textos bíblicos nos convidam a uma reflexão sobre nossas vidas e também sobre a realidade do pecado nelas. Vozes críticas afirmam que as igrejas, durante muito tempo, não fizeram outra coisa do que tentar amedrontar as pessoas impondo um sentimento de culpa. A associação entre o pecado e a sexualidade ampliaram essa visão. Essa noção de pecado que associa o pecado ao sexo ainda se sustenta? Ela de fato tem uma fundamentação bíblica? O pecado de Adão e Eva qual foi? A culpa deles também pesa sobre nós? Penso que o texto de Paulo nos ajuda a refletir sobre esse assunto e a vencer uma série de preconceitos que temos a este respeito.

O que o apóstolo constata é que o pecado é uma realidade que perpassa a história humana. Em Adão todas as pessoas pecaram, isto é, a humanidade está sob um poder que pretende afastá-la de Deus, seu Criador. O relato da queda, no livro de Gênesis, oferece uma explicação sobre a razão que levou os seres humanos a trilharem caminhos que acabaram e acabam em crimes e violências: desconsidera-se a vontade do Criador, que oferece um caminho de vida abundante, e trilham-se caminhos de sombra, que forçam o ser humano - Adão - a esconder-se de Deus. Há um sentimento de indignidade que se instala na mente e no coração e produz rancor, inveja, ódio e morte. O pecado, o afastamento de Deus, nos faz seus escravos e escravas, para falar na linguagem de Paulo: "não faço o bem que pretendo, mas o mal que não quero". Mesmo a Lei dada por meio de Moisés, que ajuda a distinguir entre o que é certo e o que é errado fazer, não me dá a força necessária para escolher o bem. É neste aspecto que a mensagem de Paulo acentua a obra de Cristo mesmo em nosso favor. Seu sacrifício é remidor, isto é, ele nos liberta de pecado e culpa. O acento não está mais no pecado e na culpa, mas na possibilidade de um novo começo para quem tropeçou e tropeça. O evangelho, a boa notícia, é que o ministério de Jesus, seu serviço, nos introduz num novo tempo, o tempo da graça e da misericórdia.

Pregar sobre a realidade do pecado não é assumir uma postura moralista, que sempre enxerga o erro nas outras pessoas, nem uma postura relativista que pensa poder justificar ou diminuir a maldade que há no mundo e nas pessoas. Pregar sobre o pecado requer humildade e também ousadia para denunciar o que deve ser denunciado. Não se pode ser conivente com o pecado, nem em nossa vida pessoal, nem na sociedade em que vivemos. Devemos continuar perguntando se não estamos errando o alvo de nossas vidas. A quaresma é tempo oportuno para fazermos esse exame. Nossas escolhas correspondem ao que a Palavra de Deus nos propõe? Temos denunciado os caminhos de morte e diminuição da vida? Temos anunciado e vivenciado o perdão que é obra da graça de Deus?

A argumentação do apóstolo Paulo segue no sentido de que a graça do perdão é oferecida a todas as pessoas. Em Jesus, Deus socorre a sua humanidade afastada. Em Jesus, Deus vem ao nosso encontro, também nos esconderijos em que tentamos nos esconder dele, e nos pergunta: "ser humano, onde estás?" Não te escondas por medo do pecado. Quero-te outra vez bem próximo a mim. "Cristo acolhe o pecador, anunciai-o a toda a gente que em caminho enganador se desvia cegamente. Eis aqui o Redentor, Cristo acolhe o pecador!" (HPD 148.1)

Assim como Jesus foi tentado, conforme lemos no evangelho deste domingo, assim também a tentação nos alcança e tenta nos afastar dos caminhos que Deus quer andar conosco. Resistir ao pecado só é possível quando estamos alicerçados na Palavra. E esta nos ensina, hoje, que a morte de Jesus, sua obediência até o ponto de dar sua vida, nos abriu caminho para nos reconciliarmos com Deus. Não precisamos nos esconder de Deus como se este mundo estivesse irremediavelmente perdido e sem rumo. Nem precisamos nos acovardar e não mais falar do pecado e do poder que ele exerce em nossas vidas e em nossa sociedade. O mundo sem Deus é um lugar sombrio e triste. Sua luz nos encontra em nossa solidão e nos ajuda a encontrar caminhos novos que podemos andar em sua companhia e na companhia de todas as pessoas que o buscam.

Temos de admitir que não é tarefa fácil essa de distinguir e discernir entre o caminho da vida, liberto de pecado e culpa, e o caminho da morte. Fazer a leitura correta do tempo em que vivemos é um desafio a ser assumido em comunidade. Se Jesus não tivesse feito a leitura apropriada da realidade humana em seu tempo, quem sabe ele mais facilmente poderia ter aceito as propostas tentadoras que lhe foram apresentadas. E, no entanto, ele não escolheu o caminho mais fácil. Teve a ousadia de ler as Escrituras Sagradas a partir de uma perspectiva diferente. Quem sabe seja isso o que precisamos fazer em nosso tempo também. Ousadia para ler as Escrituras Sagradas de um jeito novo, capaz de promover a reconciliação, a paz com justiça, a inclusão, a igualdade de gênero no que respeita aos direitos, a valorização dos recursos naturais e de toda a criação. Em todas essas dimensões de nossas vidas há pecado a ser denunciado e perdão a ser anunciado. O serviço de Jesus é trazer-nos de volta ao caminho com Deus e nisto se manifesta sua misericordiosa graça.

A paz de Deus que é maior do que o nosso entendimento, guarde nossas mentes e corações em Cristo Jesus. Amém.

 



P.Ms Osmar Luis Witt
São Leopoldo
E-Mail: olwitt@est.edu.br

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