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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

DOMINGO DAPAIXÃO , 09.04.2017

Predigt zu Mateus 27:11-26, verfasst von Paulo Sérgio Einfeld

 

Desejo que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos nós. Amém.

O domingo de hoje, o último antes da Páscoa, é bem conhecido como “Domingo de Ramos”. Mas também é chamado de “Domingo da Paixão”. E é nessa perspectiva da paixão de Jesus Cristo, e daquilo que marcou sua última semana nesse mundo, que vamos ler e refletir a partir de Mateus 27.11-16. (leitura do texto)

O Senhor Jesus encontra-se diante do Governador Pilatos. A autoridade romana está perto o suficiente dos principais sacerdotes e dos líderes judeus (anciãos) para ouvir as acusações dirigidas a Jesus. A eles Jesus se nega a responder. Já anteriormente havia escolhido essa forma de reação. Em Mt 26.60-63, nos é dito que Jesus “guardou silêncio” diante das acusações de falsas testemunhas. O sumo sacerdote queria saber, afinal, se ele era ou não Filho de Deus.

Pilatos insiste: “Você, por acaso, é surdo? Não está ouvindo as acusações que estão fazendo contra você?” (Mt 27.13) Pilatos está acostumado à lógica do ‘toma lá, dá cá’. Pilatos é daqueles que não leva desaforo pra casa, como diz o gaúcho. Jesus pensa e age diferente. A Bíblia diz que Jesus “não respondeu uma só palavra, a ponto de admirar-se grandemente o governador”. (v.14)

O silêncio de Jesus impressiona Pilatos e, certamente, seus acusadores. Jesus não entra na lógica de defesa e acusação. Jesus simplesmente cala. Mas não seria essa a hora certa para falar, denunciar, defender-se? Não poderia ele pedir fogo dos céus para aniquilar os maus? Fico pensando: O que teria passado na cabeça de Jesus nesses momentos de silêncio? Teria orado ao Pai? Teria pedido por perdão aos acusadores, como o faria mais tarde na cruz? Estava tão triste e desiludido que lhe faltaram as palavras certas? Desistira? Entregara os pontos?

Permanece o mistério do silêncio de Jesus. Logo Jesus que falava tanto e tão bem. No evangelho de Mateus temos o Sermão da Montanha e outros discursos, parábolas e ensinamentos aos discípulos e ao povo. Agora sua língua emudeceu. Sua boca fechou-se. Como o cordeiro na mão dos tosquiadores. Isaías o predisse: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro, e como ovelha muda perante seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca.” (Is 53.7)

Jesus não promove uma revolta, mas uma entrega. Uma entrega silenciosa em favor de toda a humanidade. Humanidade essa que debate, acusa e se defende, mente e desmente num palavrório sem fim. A exemplo do processo brasileiro da Lava-Jato, que acumula palavras e mais palavras ...

Ficamos sabendo que nos tribunais, os acusados têm direito ao silêncio. Porque não querem se incriminar ainda mais. Porque certamente têm culpa no cartório. O silêncio é uma estratégia de defesa de quem tem culpa. Há também o silêncio junto com o corar de vergonha e de arrependimento. Certa vez os discípulos de Jesus tiveram uma discussão sobre quem deles seria o mais importante do grupo. Jesus pergunta: “O que é que vocês estavam discutindo pelo caminho? Mas eles ficaram calados...” (Mc 9.33-34). Foi um silêncio constrangedor de quem tinha pisado na bola. Jesus rompe aquele breve silêncio, colocando uma criança no meio, para lhes ensinar o valor da humildade e do serviço. Aqui Jesus “fala” mais com gestos concretos do que com longos discursos.

O silêncio de Jesus diante das acusações não impressionou apenas Pilatos. Impressiona também a mim, e certamente a você também. Quantas vezes calamos na hora em que deveríamos falar, defendendo o Evangelho. Quantas bobagens falamos em horas inadequadas. Vamos usar bem palavras e pausas! Não vamos manter aquele silêncio de birra depois da briga de casal: o pesado silêncio da mágoa. Quebremos o silêncio raivoso depois de desentendimentos. Aqui a boca pode até se calar, mas o coração “grita” e se agita. Calar por fora pode ser fácil, mas aquietar-se por dentro é bem mais difícil. Que possamos guardar outros silêncios. Podemos acolher o silêncio junto ao leito do enfermo. Podemos silenciar diante do esquife e ao lado dos amados que choram a despedida. Um abraço solidário fala mais que palavras apressadas e superficiais. Guardemos o silêncio, protejamos o silêncio com cuidado, para que não fuja, e não permita que palavras tolas brotem diante do duro sofrimento que golpeia nossos irmãos e nossas irmãs.

Em nosso silêncio solidário, as pessoas se sentem compreendidas. Intercedemos por elas. Lemos a Bíblia em silêncio fecundo. E Deus fala conosco. Mas Ele costuma falar em voz baixa. Ele sussurra! Precisamos acalmar os barulhos de dentro para poder ouvi-lo.

Na escola nos diziam que deveríamos “fazer silêncio!”. Na verdade, silêncio não se faz. Ele já está aí, na noite que desce calmamente, no dia que amanhece exuberante. Silêncio apenas se interrompe com barulho de pessoas e de máquinas. Interessante que o som do mar ou da cachoeira não agride os nossos ouvidos. Nos embala em perfeito descanso. O cantar dos galos de madrugada não agride, como buzinas e motores o fazem. Na natureza há perfeito equilíbrio nessa sinfonia entre sons e silêncios. Vale a pena observar melhor os ritmos da bela criação!

Jesus calou diante dos acusadores. Mas, na verdade, o Mestre falou alto. Comunicou que há momentos em que o calar fala mais alto que a xingação, o revide, o contra-argumento. Jesus dispensou seus advogados de defesa. Porque Ele já tinha o Maior Advogado, o Parákletos, o Espírito Defensor, que veio do Pai.

Desejo que nessa semana santa possamos ter momentos e espaços para bons silêncios de meditação sobre o caminho de Jesus até a cruz, e que o trino Deus nos abençoe nessa direção. Amém.



P. Paulo Sérgio Einfeld
Nova Petrópolis
E-Mail: peinsfeld76@gmail.com

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