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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO , 14.04.2017

Predigt zu 2.Coríntios 5:18-21, verfasst von Harald Malschitzky

Irmãs e irmãos em Cristo.

O dia que nós hoje conhecemos por sexta-feira santa ou da paixão, há dois mil anos não passou de um dia a mais na rotina efervescente de uma cidade judaica ocupada pelos romanos. De um lado muita intriga dentro da liderança dos judeus, que tudo faziam para se livrar de pessoas que de alguma forma lhes eram incômodas. Do outro lado o poderio político e militar da ocupação romana que procurava se livrar de inimigos e supostos inimigos e que estava de olhos muito abertos para qualquer movimento que poderia ser o início de uma rebelião.

Naquele tempo vivia por lá um tal de Jesus de Nazaré, que pregava e vivia o amor de Deus e criticava duramente a hipocrisia religiosa que via. Ele também desrespeitava certas regras de conduta tradicionais como, por exemplo, conversar livremente com as mulheres, aproximar-se de doentes tidos como impuros, curar e reintegrá-los na sociedade religiosa e civil. Ah, sim, ele também criticava os governantes. Como se tudo isso não bastasse, ele dava a entender que ele era o Messias, há tanto tempo esperado pelo povo.

Por tudo isso Jesus se tornara um elemento incômodo para os judeus, mas também para os romanos. Nos evangelhos temos diversos relatos de como se armou uma rede de intrigas para prender a Jesus. Os judeus empurraram a sua contenda e o seu mal-estar ao governo romano que acabou decretando a morte de Jesus. A sexta-feira da crucificação foi um alívio para os judeus e um crucificado a mais para os romanos, que crucificavam inimigos em massa. Verdade que Pôncio Pilatos até lavou as mãos, mas cedeu à pressão e executou Jesus. Página virada para judeus e romanos. Decepção e desencanto total para os seguidores e seguidoras de Jesus, pois eles o amavam e alimentavam muitas esperanças em relação a ele. O governo tomara mais um cuidado: Proibira que se falasse nesse tal de Jesus. Tudo terminado. Até a última palavra de Jesus na cruz aumentou a decepção: “Tudo está consumado”.

Acontecimentos do domingo seguinte, porém modificaram tudo. Deus ressuscitou aquele que todos julgavam morto e derrotado, para a surpresa e a incredulidade até de amigos e seguidores. Deus não anulou a morte nem desfez o sofrimento que Jesus passara, como pensam e querem alguns grupos cristãos. Jesus passou pelo sofrimento incalculável e morreu uma morte horrível, reservada somente para não-romanos. A ressurreição, além de inaugurar um novo tempo (“As coisas antigas já passaram, eis que se fizeram novas”, 5.17), empresta sentido à morte e ao sofrimento de Jesus. Vamos ouvir um dos textos bíblicos sugeridos para o dia de hoje: 2 Coríntios 5. 18-21.

A palavra-chave do texto é RECONCILIAÇÃO. Reconciliação é a resposta de Deus ao ser humano e ao mundo que teimam em odiar e fazer inimigos e inclusive ser inimigo do próprio Deus, ignorando-o, deixando-o de fora de suas vidas. Todo o esforço humano, por si só, não consegue estabelecer reconciliação. Para entender que o sofrimento e a morte de Jesus aconteceram em favor da reconciliação, os primeiros cristãos foram buscar ajuda lá na história de seu povo de Israel. Há uma figura que conhecemos como expressão meio folclórica até hoje: Bode expiatório. O bode expiatório era usado na celebração do Dia da Expiação; o sacerdote punha a mão sobre a sua cabeça e confessava os pecados de todos. Em seguida o bode era enxotado para longe, de preferência para o deserto,onde morria, tendo carregado os pecados. No entanto, os cristãos foram lembrados de outra imagem muito forte no Antigo Testamento, a saber, a do Servo Sofredor, no livro do profeta Isaías,principalmente o capítulo 53 (outros capítulos: 42; 49; 50;52). Aqui se descortina um servo que entra na brecha por seu povo quando este não mais tem saída. Ele, por assim dizer, reconstrói a ponte entre Deus e o seu mundo, ponte constantemente destruída pelo pecado humano. Esse texto nos ajuda a entender que Deus reconcilia – no sofrimento e na morte de seu próprio Filho – o mundo e a humanidade, não lhe imputando o pecado que na realidade aconteceu e acontece.Alguém assume o pecado pelo qual a humanidade deveria pagar – e morrer! Com isso ele salva da morte a sua humanidade e permite-lhe começar de novo, agora como reconciliada. Vamos imaginar uma cena familiar ou no círculo de amigos/vizinhos que retrata o desentendimento, a raiva recíproca, o medo de um pelo outro. O ambiente está envenenado, já nem é possível convidar as pessoas para um mesmo encontro... É uma experiência pastoral que é preciso alguém entrar na brecha, seja familiar ou não. Isso por vezes é um longo e doloroso caminho. Mas, se lá no final, acontece uma reconciliação, todos são libertados do seu peso, do seu ódio, de sua raiva. É um exemplo “doméstico” para ilustrar o que pode acontecer bem concretamente.

Pessoas reconciliadas não conseguem ficar com essa salvação, essa libertação para si. E aí está o segundo ponto do nosso texto: Nós, agraciados, somos nomeados EMBAIXADORES(AS) em nome de Cristo. Não apenas “meninas e meninos de recado”, mas embaixadores/as, isto é pessoas que falam em nome de Deus. Isso é um grande privilégio e uma grande responsabilidade. Embaixadores/as não transmitem simplesmente a sua própria opinião, mas sim a mensagem de quem envia.Significa: Somos encarregados de falar do amor de Deus apesar das guerras e das confusões do nosso mundo atual, ou melhor, para dentro do mundo em conflitos. Dietrich Bonhoeffer, em 1934 disse uma palavra muito forte sobre o papel de embaixadora da igreja para o mundo que em seguida seria mergulhado na maior guerra de sua história: Como se concretiza a paz? Quem convoca para a paz de forma tal que o mundo o ouça,seja obrigado a ouvir? Somente o grande concílio ecumênico da santa igreja de Cristo de todo o planeta poderá dizê-lo de modo que o mundo,rangendo os dentes,tenha que ouvir a palavra da paz,e os povos fiquem felizes, porque esta igreja de Cristo arrancará as armas das mãos de seus filhos em nome de Cristo, proibindo-lhe a guerra e proclamando a paz de Cristo a todo este mundo delirante”. Sabemos que suas palavras não foram ouvidas e deu no que deu. A reconciliação de Deus em Cristo, que celebramos nesta sexta-feira santa, porém, não foi retirada ou anulada. Aos olhos do mundo a proposta de Deus parece uma loucura, porque os ódios e as armas falam mais forte. Ainda assim continuamos seus embaixadores!

O apelo final do texto é para que nos reconciliemos com Deus, ou seja, que deixemos valer também para nós a sua reconciliação, porque somente se começarmos em nós mesmos seremos embaixadores/as autênticos/as. Reconciliados por Deus, sejamos portadores de reconciliação, agradeçamos e louvemos a Deus. Amém



P. Harald Malschitzky
São Leopoldo-RS
E-Mail: harald.malschitzky@gmail.com

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