Göttinger Predigten

Choose your language:
deutsch English español
português dansk

Startseite

Aktuelle Predigten

Archiv

Besondere Gelegenheiten

Suche

Links

Konzeption

Unsere Autoren weltweit

Kontakt
ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

4. DOMINGO APÓS PENTECOSTES , 02.07.2017

Predigt zu Mateus 10:40-42, verfasst von João Artur Müller da Silva

Estimadas irmãs e irmãos da comunidade de Jesus Cristo, nosso Senhor!

 

            A realidade das nossas cidades parece conspirar contra a igreja, contra a comunidade cristã, contra os projetos missionários, contra as ações e planos de visitação motivados pelo Evangelho. A crescente onda de violência em nossas cidades dificulta o movimento de ir ao encontro das pessoas em suas casas ou apartamentos. A insegurança pública também colabora para o isolamento das pessoas em seus lares. A forte tendência a não pensar senão em si próprio contribui também para um quadro conspirador contra a presença da igreja, da comunidade cristã neste mundo, nesta nossa localidade.

            Diante dessa realidade, a comunidade cristã encontra barreiras para ações bem simples, como, entregar de casa em casa o boletim da comunidade. Cercas, portões eletrônicos, portarias, cachorros bravos, são alguns empecilhos que dificultam a comunicação entre a comunidade e as pessoas. Além disso, tem gente que simplesmente não abre a porta da sua casa para receber pessoas que não conhece, que não sabe quem são! E aí, como fica a missão da comunidade cristã? Diante dessa realidade de insegurança e medo, como acolher quem vem em nome da comunidade? Quem vem em nome de Deus?

            Desafiador é o tema destes três versículos do evangelista Mateus. Pois eles falam em receber a Cristo, a um profeta, a uma pessoa justa e ao pequenino discípulo. Da leitura atenta destes versículos percebemos que Mateus estabelece uma ordem, até poderíamos falar em hierarquia. Ou seja, a pessoa cristã, a comunidade cristã, é desafiada primeiramente a acolher Cristo, depois o profeta, depois a pessoa justa e por fim o pequenino discípulo. Quais podem ser as consequências de uma tal hierarquia de acolhimento?

            Torna-se necessário compreender que acolher a Cristo é abrir-se para o divino, é aceitar sua existência e valor para a vida. Acolher a Cristo é aceitar que Deus vem a mim no batismo, na confirmação, na palavra pregada e ouvida, na bênção no culto, na comunhão com irmãos e irmãs, na fé e na confiança em suas promessas. Lembro aqui a passagem bíblica que costuma ser lida no culto por ocasião da celebração da Santa Ceia: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Apocalipse 3.20). Não se trata apenas de uma relação pessoal, individual, mas de uma relação que traz consequências para a vida de quem se abre para o divino, para Deus. Acolher a Cristo não pode ser uma atitude que me isola dentro da minha casa, do meu apartamento. Acolher a Cristo não pode ser atitude que me torna indiferente às outras pessoas, que me afasta da vida comunitária, que dispensa a comunhão fraterna.

            Viver isoladamente torna as pessoas frias em relação às outras pessoas, afasta-as de uma vida em comunhão, aprofunda seus sentimentos materialistas, resultando numa fé vazia e sem sentido. Tal situação pode levar pessoas a querer decidir quando Jesus pode ou não entrar na sua vida. Não somos nós que decidimos sobre quando Jesus pode ou não bater à nossa porta! Tais pessoas, e quem sabe nós mesmos, esquecem que é Deus que vem a nós! É ele que estende a nós sua graça, sua misericórdia, seu amor, e promete estar conosco todos os dias da nossa vida!

            E como fica a nossa situação diante do profeta, da pessoa justa e do pequenino discípulo que também necessitam do nosso acolhimento? Quem hoje, seriam estes personagens mencionados pelo evangelista Mateus?

            Da menção destes três personagens – profeta – pessoa justa – pequenino discípulo – podemos tirar algumas conclusões para nós, hoje: uma delas, pode ser que ao citar estes três personagens, Mateus nos ensina que todas as pessoas que batem à nossa porta são dignas a serem recebidas por nós! Na forma de pensar do evangelista, nenhuma pessoa da comunidade é excluída da comunhão, do acolhimento, da vida comunitária; outra conclusão pode ser que não interessa a posição dentro da comunidade que estas pessoas ocupam. Ou seja, do clero ao mais simples (pequenino) membro da comunidade todas as pessoas pertencem ao corpo de Cristo, ou seja, são sacerdotes e sacerdotisas, são discípulos e discípulas de Jesus. Mais uma conclusão: estes personagens podem representar a presença viva do próprio Cristo.

            A comunidade aqui reunida pode estar pensando nas perguntas: Como reconhecemos uma pessoa enviada por Deus? Como acolhemos uma pessoa enviada por Deus que aperta a campainha do portão da nossa casa?

            A pastora Helga Rodrigues Pfannenmüller ajuda-nos nesta reflexão quando menciona em sua própria reflexão sobre Mateus 10.40-42 a seguinte história:

            Uma mulher esperava a visita de Jesus. Para receber o Mestre, ela cuidou de tudo. Preparou sua casa nos mínimos detalhes e também cuidou de si mesma. Penteou o cabelo, botou uma roupa bem bonita; afinal, quem vinha era simplesmente o Filho de Deus! Quando ela achou que tudo estava de acordo com a importância do hóspede, sentou-se perto da lareira e esperou... O tempo passou, e nada de Jesus chegar. Ela já estava ficando preocupada quando alguém bateu à porta. Ela saltou ligeiro da cadeira, colocou rapidinho o tapete no lugar, ajeitou o cabelo e foi abrir a porta. Mas que decepção! Não era o Cristo. Era um mendigo querendo um pedaço de pão. Ela nem pensou duas vezes. - Desculpe-me, estou esperando uma visita muito importante, e não tenho tempo para você agora. Por favor, vá a outro lugar. Agora não dá! Voltou para sua cadeira e esperou... De repente, alguém bateu à porta. - Agora é ele! Puxou um pouquinho para a direita o vaso de flores que estava sobre a mesa, passou ligeirinho na frente do espelho e correu para abrir a porta. Mas não era ele. Era um pobre velho que não tinha casa e que sempre buscava abrigo na casa de pessoas bondosas da vila. - Hoje eu não tenho tempo para você, estou esperando o Senhor Jesus. Por favor, não me deixe mais nervosa! Voltou para seu lugar. Na terceira vez que alguém bateu à porta, ela já levantou furiosa, pois pensou que não seria Jesus. Abriu a porta rapidamente, pronta para dar uma bronca em que quer que fosse que viesse atrapalhar esse momento tão importante em sua vida. E não deu outra. Desta vez era uma forasteira que chegara à vila e não tinha onde pernoitar. Ela queria um local para dormir e passar a noite. Mas a velhinha não quis conversa, despachou logo a mulher e disse que tinha coisa muito mais importante para fazer e desabafou dizendo: - Parece que, sempre quando a gente quer ficar perto de Deus, alguma coisa atrapalha. Que coisa! Por fim, cansada de esperar, a mulher acabou adormecendo na cadeira e teve um sonho. Nesse sonho, Jesus chegou perto dela e disse: - Estive três vezes na tua porta, pedindo para ser recebido, mas você não quis me receber.

            Essa história dá o que pensar! Fiquem com ela e conversem em casa ou então no seu grupo de estudo bíblico.

            Muitas comunidades desenvolvem a pastoral da visitação aos membros, buscando assim integrar e animar as pessoas a participar da vida comunitária. Para o pastor Carlos Musskopf, é importante “que as pessoas que fazem a visita se saibam enviadas por Jesus Cristo e que entrem na casa e na vida de alguém em nome do Senhor. Que sejam preparadas para ser agentes da justiça restaurativa nos lares.” Para tanto, são realizados seminários de preparação destas pessoas em muitas comunidades. Como anda este assunto em nossa comunidade? Preparamos as pessoas para que realizem uma boa visita e que seja de proveito para quem a recebe?

            Nossa igreja está desenvolvendo a pastoral do cuidado junto às pessoas, junto às famílias que estão lidando com pessoas enfermas, pessoas em tratamento médico em hospitais, em tratamento para a cura de câncer. As equipes de visitação recebem qualificação e preparo para que possam levar a essas pessoas conforto, alento e esperança a partir do Evangelho. Quer dizer, existem sinais de que estamos recebendo e acolhendo Cristo em nossas vidas, em nossa igreja, como também recebendo profetas, pessoas justas e o pequenino discípulo. E isso é motivo de alegria, motivo para prosseguir com a missão da nossa comunidade. Pois, estes três versículos de Mateus fazem parte do sermão missionário que Jesus fez aos seus discípulos antes de subir para junto do Pai. Jesus não nos abandona por aqui, mas nos deixa uma missão, nos deixa tarefas para realizar em seu nome e assim dar sentido à existência da nossa comunidade, da nossa igreja, e de nós mesmos. A missão de Deus neste mundo a ser desempenhada por nós não é tarefa fácil, não é uma tarefa simples. Mas ao mesmo tempo é uma tarefa gratificante, pois, como diz o evangelista Mateus, ao sermos acolhedores mantemos o galardão. O que é o galardão, senão a graça e as bênçãos que Deus nos promete se andarmos em seus caminhos? Não devemos esperar recompensas materiais, financeiras ou outros bens materiais! Aqui, galardão tem a ver com a dignidade que Deus nos confere por graça e fé! Por seu amor! Por sua misericórdia! Participar da missão de Deus no local onde vivemos nos dá a certeza que não vamos perder o que já recebemos de Deus!

            A água é um bem vital para todas as pessoas. Por isso, Mateus menciona o copo de água fria para saciar a sede de quem está sedento. Este gesto simboliza a acolhida hospitaleira que nos é colocada como missão pessoal e comunitária. E nos dias de hoje, existem muitas situações em nossas localidades que precisam de ações concretas, de gestos concretos desta acolhida hospitaleira. Oferecer um copo de água fria pode se concretizar numa ação em favor dos desempregados, em favor dos refugiados, em favor dos dependentes de drogas, em favor das famílias empobrecidas na periferia, em favor das pessoas enfermas em casa ou em hospitais... Em cada localidade existem pequeninos discípulos que estão sedentos, ou seja, que estão privados de alguma coisa que é vital para sua vida. Cabe a nós, comunidade cristã, descobrir tais pequeninos, ir ao seu encontro e praticar a acolhida hospitaleira.

            O clima de insegurança em nossas localidades não deveria intimidar a ação missionária da nossa comunidade, da nossa igreja. O individualismo crescente igualmente não deveria ser motivo para nossa acomodação. Guardemos com devoção e fé as palavras de Jesus: Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou. Que o bondoso Deus, nosso Senhor, abençoe nossa vida nesta comunidade. Amém.



João Artur Müller da Silva
São Leopoldo – RS (Brasil)
E-Mail: jocadasilva@hotmail.com

(zurück zum Seitenanfang)