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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

11º DOMINGO APÓS PENTECOSTES , 20.08.2017

Predigt zu Romanos 11:1-2a.29-32, verfasst von Paulo Sérgio Einsfeld

Que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos nós. Amém.

Prezada Comunidade!

O fato de nós estarmos reunidos neste lugar para o culto tem sua história. Esta comunidade tem sua história, o templo no qual estamos tem sua história. Mas o culto cristão e a Igreja cristã têm uma história ainda mais antiga, que nos liga com Israel, o povo eleito por Deus. A maior parte da Bíblia é destinada a narrar essa longa história dos judeus, que tem seu ponto alto em Jesus Cristo, que nasceu e viveu num lar judeu. Judeus também foram seus discípulos. Os apóstolos mais destacados, como Pedro e Paulo eram judeus, em duplo sentido, pela origem étnica e nacional, e como membros da religião judaica, com sua ênfase na Lei de Moisés.

O apóstolo Paulo era legítimo representante do judaísmo, e como líder, um tipo de rabino, perseguiu a nova “seita” dos cristãos. Não tolerava ouvir o nome de Jesus de Nazaré. Aliás, não tolerava quem se reunisse em seu nome. Paulo fala de seu passado, por exemplo, na Carta aos Filipenses: foi circuncidado ao oitavo dia, era da tribo de Benjamim, do partido dos fariseus, os mais zelosos cumpridores da Lei. (Fp 3.4-6) Mas Paulo teve uma reviravolta na vida. O Deus da graça o chamou para o seu lado. Sua conversão a Jesus Cristo o impactou tanto que passou a ser teólogo, missionário e pastor de novas comunidades espalhadas pelo mundo da época, mundo esse que tinha em Roma o poder de comando. O Evangelho de Cristo rompe as fronteiras do judaísmo étnico e religioso e chega também a Roma. Para a pequena comunidade de pessoas cristãs em Roma, o apóstolo escreve uma longa carta. É na carta aos Romanos que lemos a Palavra de Deus prevista para hoje:

Ler Romanos 11.1-2 a, 29-32

Cara Comunidade! Que nós estamos aqui, o devemos aos nossos pais e mães do povo judeu. A história da salvação começa no Gênesis, no Primeiro ou Antigo Testamento. Personagens como Abraão, Isaque e Jacó creram no mesmo Deus que nós cremos. Mas, em sua soberania, nosso Deus decidiu se revelar de forma especial, exclusiva e definitiva em Jesus Cristo, como autor da salvação eterna para todos os que nele crêem. Paulo detalha isso nas cartas aos Romanos e Gálatas. Esse ensino ficou conhecido como “doutrina da justificação por graça e fé.”

Surgem perguntas na cabeça dos membros da comunidade de Roma. Se só Jesus salva, como ficam nossos patrícios judeus, nossos colegas de serviço, nossos familiares que não aderiram à nova “religião” de Cristo? Estão eles perdidos para sempre? Imagino Paulo respondendo: “Calma, gente, nosso Deus é maior que nossos esquemas humanos de rejeição e de exclusão! No seu tempo e do seu modo Deus vai incluir nossos irmãos judeus em seu plano de salvação. Quanto a vocês, continuem firmes na liberdade que Jesus trouxe!”

Paulo argumenta dizendo que o fato de Israel ter rejeitado o Salvador, foi oportunidade para os outros povos receberem o Evangelho. E, de fato, porque seu próprio povo rejeitou o Salvador, os missionários foram aos gentios, aos gregos, aos povos nos “confins da terra”. O apóstolo diz que, por causa da desobediência de Israel, os outros povos são agraciados pela misericórdia de Deus. Mas também estes, que não têm origem judaica, desobedeceram ao Criador. Então, todos, judeus e gentios, são desobedientes à vontade de Deus. E então todos precisam do perdão, de um novo começo, de misericórdia.

Sim, cara comunidade, todos nós, você e eu, somos prisioneiros da desobediência, da rebeldia a Deus, do afastamento do Criador, enfim, do pecado. E todos nós somos também libertos pela misericórdia de Deus. Quem nos solta dessa prisão não são nossas boas ações, nem nosso passado digno de nota, muito menos nosso esforço em cumprir leis e regras. É a graça que nos liberta, o amor incondicional de Deus revelado em seu Filho.

Por que a humanidade ainda se divide em povos e nações com ares de superioridade de uns sobre os outros? Por que tribos e grupos de uma mesma nação geográfica brigam entre si? Por que ainda tanto ódio, racismo, além de genocídios e barbáries na história recente da humanidade?

Caros irmãos e irmãs. Não vamos pensar apenas em fatos de noticiário de lugares distantes. Nós que somos descendentes de imigrantes alemães recebemos algumas heranças culturais nada nobres ou dignas. Conhecemos palavras que mostram desprezo aos judeus: no dialeto Hunsrück, o verbo “ab-juden” ( Juden = judeus), significa pechinchar, sendo usado para debochar de quem, a modo dos judeus como hábeis comerciantes, negociava por melhores preços. Em português usamos o termo “judiar”, que significa maltratar ou atormentar alguém. Significa maltratar alguém como os judeus foram maltratados durante em vários momentos da história. Assim também as palavras judiação e judiaria. Desta forma, irmãos e irmãs de origem judaica não recebem mais nosso respeito e admiração, pelo contrário.

Na comunidade cristã não há categorias de pessoas mais importantes, e menos importantes. Não há mais diferenciação entre estrangeiros e gente de casa, entre os “outros” e nossa gente. Lembro de outro aspecto cultural, desenvolvido pelos descendentes alemães. “Nossa gente” teria “sangue” diferente dos “brasileiros” daqui. Fala-se em “sangue puro”, para os que não se misturaram com outras etnias. E teriam superioridade moral por sobre os mulatos, caboclos e negros. A ética do trabalho, da poupança, do “capricho” em realizar os trabalhos seriam atributos nobres de “nossa gente”. E assim, sutilmente, gerações foram educadas em modelos de rejeição e exclusão.

O mesmo Paulo vai escrever aos gálatas que os que foram batizados em nome de Cristo, vestiram roupa nova, têm nova identidade. E, por isso, acabam-se as diferenças e discriminações entre judeus e não-judeus, entre escravos e livres, entre homens e mulheres. (Gl 3.28) Como soam atuais essas palavras! Precisamos nos arrepender de ideias e atitudes que herdamos ou desenvolvemos.

Precisamos retornar à fonte: a misericórdia imerecida de Deus, manifestada em Jesus Cristo. Rejeitando a irmãos diferentes da gente, temos rejeitado o próprio Jesus. Rejeitando a Palavra libertadora de Deus, perdemos a oportunidade de vivenciar paz e reconciliação. Israel rejeitou o Salvador. Que o Senhor nos guarde de fazer o mesmo. Amém



Pastor Paulo Sérgio Einsfeld
Nova Petrópolis (RS) – Brasil
E-Mail: peinsfeld76@gmail.com

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