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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

12º DOMINGO APÓS PENTECIOSTES , 27.08.2017

Predigt zu Mateus 16:13-20, verfasst von Elisandro Rheinheimer

Pesquisa de opinião

Quem vai ganhar a disputa presidencial do ano que vem? Antes de fazer esta pergunta devemos fazer uma outra:

Quem, afinal, poderão ser os presidenciáveis? As pesquisas de opinião buscam dar conta de demandas como essa a fim de ajudar partidos e candidatos nas estratégias de eleição. Mas pesquisa de opinião não é importante somente para a política. Ela é também importante para uma empresa que busca saber como o seu produto está sendo recebido pelo mercado. Uma pesquisa de opinião também é importante para cada um de nós. Afinal, pedir aos outros o que pensam de nós estimula nossa reflexão pessoal, traz clareza, leva à decisões e provoca mudanças. Jesus faz algo semelhante com seus discípulos no evangelho de Mateus 16.13-20.

Leitura do texto...

Jesus está em retiro com os seus discípulos. Ele saiu da sua região primordial de atuação, a Galileia, e vai para os arredores de Cesareia, uma terra de não-judeus com templos dedicados a deuses sírios e gregos. Ali, um carpinteiro da Galileia, milagreiro, pregador itinerante, sem dinheiro, sem-teto, acompanhado de doze homens comuns, pergunta: quem o povo está dizendo que eu sou? E os discípulos respondem que alguns estavam dizendo que ele era o João Batista, associando, provavelmente, as falas sobre o arrependimento e a chegada do reinado de Deus. Outros estavam dizendo que Jesus era Elias, lembrando o profeta que exigia a verdadeira adoração ao Deus de Israel e a eliminação do culto a outros deuses. Outros estavam dizendo que ele era Jeremias, pensando no profeta que pregava o compromisso com Deus a partir da aliança. E outros ainda, simplesmente que era um profeta.

Mais do que mostrar confusão de opinião, as variadas respostas demonstram o reconhecimento que Jesus gozava junto ao povo: o de uma figura ilustre como a de João Batista e dos profetas. No entanto, Jesus esperava mais do que a semelhança com figuras ilustres da história. Jesus esperava que o povo também percebesse a diferença. Por isso vai perguntar, na sequência, a opinião dos discípulos: “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?”. Pedro é quem vai dar a resposta esperada por Jesus: “O senhor é o Messias (o Cristo), o Filho do Deus vivo”. Ao que Jesus respondeu: “Você é feliz porque esta verdade não foi revelada a você por nenhum ser humano, mas veio diretamente do meu Pai, que está no céu”.

E se Jesus fizesse essa pergunta para um de nós aqui na igreja? O que você responderia? Essa pergunta de Jesus permanece atual e nós somos convidados a dar uma resposta pessoal. Quem é Jesus? É um profeta? É um grande mestre de leis? É juiz severo? É a luz das luzes? É o maior psicólogo, o maior guru que já existiu? É um mercenário? É um bon-vivant? Lembra da pesquisa de opinião? A nossa resposta demonstra e determina o nosso jeito de seguir a Cristo. A nossa resposta determina o nosso jeito de ser membro de igreja. A nossa resposta determina o jeito de ser da nossa igreja.

Vamos a alguns dos exemplos dos quais citei. Se Jesus é para nós um mestre de leis ou um juiz, muito provavelmente vamos ter o entendimento que Deus só nos vai abençoar quando conseguirmos cumprir rigorosamente as suas leis. Qual é o resultado disso? O resultado é que vamos nos sentir tristes, com feição pesada e fechada, sempre achando que estamos devendo algo para Deus; vamos sentir medo, vamos ter a sensação de estarmos sujos diante de Deus; que Deus nunca está satisfeito conosco e, em última análise, sempre vamos acreditar que Deus nos está a castigar através de alguma doença ou crise por algo não ter sido bem feito ou por não cumprirmos sua lei. Se Jesus é para nós uma espécie de comerciante, vamos ter o entendimento de que Deus precisa de nosso dinheiro e boas ações. A situação anterior se repete com o agravante de eu e a igreja nos tornarmos uma franquia de empresa e não uma comunidade de Jesus. Se acreditamos que Jesus é um bom vivant, então o entendimento será de descompromisso com o evangelho, com a igreja e nosso único interesse vai ser fazer festa, transformando a igreja em clube e a vida num gozo sem fim e sem sentido. Por outro lado, se damos o passo de Pedro e dizemos que Jesus é “o Cristo, o Messias, o Filho do Deus vivo” e que não precisamos esperar por nenhum outro, se ele morreu por nós na cruz pagando todas as nossas dívidas com o Pai, cumprindo plenamente toda a vontade do Pai e sua lei, e que isso tudo nos é dado por graça através da fé, então a vida fica colorida e vamos querer sempre de novo atualizar essa bênção em nossa vida através da pregação e comunhão na igreja. A igreja vai passar a ser acolhedora, diaconal e missionária, porque o que ela experimentou ela quer passar adiante. A igreja vai para isso usar a criatividade com eventos voltados a esse fim.

Quem é Jesus? A resposta dada por Pedro permitiu a Jesus pontuar três elementos essenciais para o ser igreja: o fundamento, a composição e a tarefa. Vamos a cada um deles:

  1. a) O fundamento. Jesus respondeu a Pedro depois de sua confissão: “Você é Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e nem a morte poderá vencê-la”. Quem é a pedra? Muitas pessoas acreditam que a “pedra” é Pedro por conta do jogo de palavras “pedro e pedra” que, no fundo, significam a mesma coisa. Mas não foi assim que Pedro entendeu as palavras de Jesus. Em sua carta, precisamente em 1 Pedro 2.4-7, o apóstolo afirma que Jesus é a pedra: “Cheguem perto dele [Jesus], a pedra viva que os seres humanos rejeitaram como inútil (...) vocês também como pedras vivas, deixem que Deus os use na construção de um templo espiritual onde vocês servirão como sacerdotes dedicados a Deus. E isso para que, por meio de Jesus Cristo, ofereçam sacrifícios que Deus aceite. Pois as Escrituras Sagradas dizem: Eu escolhi uma pedra de muito valor, que agora ponho em Sião como a pedra principal do alicerce. Quem crer nela não ficará desiludido. Essa pedra é de muito valor para vocês, os que creem. A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante” (1 Pedro 2.4-7).

Pedro só pode ser a pedra de fundamento da igreja em um sentido especial, não relacionado à sua pessoa em si mesmo, mas ao exemplo de sua confissão de fé. É como se Jesus dissesse: “Pedro, você foi o primeiro a compreender quem eu sou; portanto, você é a primeira pedra, você é o princípio da minha igreja e qualquer um que receber a mesma revelação que você recebeu será uma nova pedra que se acrescenta ao edifício igreja”. Em última análise, o fundamento da igreja é a confissão de fé de Pedro.

  1. b) a composição. Se está claro que o fundamento é a confissão de Pedro, então é óbvio que quem compõem a igreja de Jesus são todos aqueles que reconhecem esse fundamento, confessando que Jesus é o Cristo, o Messias, o filho do Deus vivo. Ou seja: A igreja é composta por todos aqueles que se submeteram ao senhorio de Cristo; aqueles que, pelo fato de Jesus ter pago sua dívida na cruz, entendem que estão em uma nova vida, uma vida de fé que atua no amor e na obediência por gratidão. Como acontece isso? Resposta: Quando somos batizados de criança ou adulto e assumimos o privilégio e o compromisso de sermos cristãos no dia da confirmação e vivemos isso com seriedade no nosso dia a dia. Cabe aqui destacar que a igreja de Jesus não é composta pelo critério étnico. Ela não é somente para gregos e judeus, como às vezes dá a impressão na Bíblia, nem mesmo somente para descendentes de alemães ou descendentes de gaúchos (como é no norte do Brasil). Pelo contrário, a igreja de Jesus é para todos os povos e etnias. A revelação que Deus concede a Pedro é uma revelação a ser experimentada e vivida por todos e para todos.
  2. c) a tarefa. Jesus deixou uma tarefa especial, inicialmente para Pedro, o ofício das chaves. Jesus fez isso ao dizer: “Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra, será ligado nos céus e o que você desligar na terra será desligado nos céus”. Por um lado, essas palavras deixam claro que a tarefa dada ao apóstolo seria a de abrir o reino dos céus através da pregação da palavra. A palavra de Deus é que abre ou fecha as portas dos céus, do Reino de Deus. É o que aconteceu quando cerca de três mil foram batizados após a pregação de Pedro em Pentecostes, conforme Atos 2. Por outro lado, o ofício das chaves também diz respeito a perdoar e não perdoar pecados. Por que? Porque as mesmas palavras ditas por Jesus a Pedro são retomadas mais à frente pelo próprio Jesus, em 18.18, evidenciando o ofício das chaves como perdão no contexto de litígio entre irmãos. Além disso, cabe destacar que, nesse caso, o oficio das chaves não é mais somente de Pedro, mas é passado também à toda igreja, ou seja, todo membro da igreja recebe essa incumbência. De qualquer forma, pregação da palavra e perdão se complementam. Afinal, o que é a pregação senão anúncio da boa-nova do perdão? E isso não é poder, mas serviço.

Voltemos agora à nossa pesquisa de opinião, introdução à esta pregação. Quem é Jesus? Quem ainda não descobriu é convidado a descobrir, mas atente para o fato de que a pura reflexão pessoal não vai conseguir fazer tal descoberta. É preciso que Deus através de seu Santo Espírito revele isso. Mas o que fazer então? Peça em oração que Deus revele isso a você; ouça o testemunho de irmãs e irmãos na fé e, principalmente, fique atento ao que Deus vai lhe falar ao coração e à mente a partir de sua palavra pregada no culto e ministrado nos sacramentos, bem como nos grupos da comunidade dos quais você participa.

Já quem acredita que já descobriu quem é Jesus, é convidado a continuar a reflexão: Jesus é para mim filho do Deus vivo? A minha fé é uma fé que atua pelo amor e na obediência por gratidão à vontade do Senhor? Como está o ofício das chaves na minha vida: estou perdoando as pessoas? Estou pedindo perdão? Estou recebendo o perdão que outros dão para mim? Estou indo ao encontro daqueles que eu machuquei? Estou assumindo a responsabilidade que é minha ou a estou sempre passando adiante aos outros ou dizendo simplesmente que é o “inimigo” (satanás) agindo em minha vida? Ainda em relação ao oficio das chaves, para você que acredita saber quem é Jesus, seria interessante reler aquela parte do velho e bom catecismo de Martim Lutero e o que ele diz sobre o assunto. Nesse sentido fica o desafio pastoral, de sacerdócio geral, para cada um de nós, a saber, o de fazermos uns com os outros menos confidências de amigos e mais confissão de pecados entre os amigos, bem como anunciar verbalmente o perdão em nome de Deus. Você já percebeu que o que a gente faz é ajudar as pessoas a acumular pecados em vez de libertá-las com o perdão? Isso acontece de uma maneira muito sutil, por exemplo: alguém está partilhando suas dificuldades na vida, e eu em vez de expor um texto bíblico e perguntar qual é a responsabilidade da pessoa nessa situação, simplesmente falo “fica firme Deus está contigo”. Assim, na boa intenção acabo ajudando aquela pessoa a acumular pecados e aumentar os fardos em vez de libertá-la.

Quem é Jesus para você? A resposta pessoal é muito importante e tem reflexos para toda a nossa igreja. Um excelente exercício em vista da comemoração dos 500 anos da Reforma. Deus nos auxilie nessa resposta com o seu Santo Espírito. Amém!



Pastor Elisandro Rheinheimer
Tangará da Serra/ Mato Grosso (Brasil)
E-Mail: ieclbtangaradaserra@hotmail.com

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