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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

16º DOMINGO APÓS PENTECOSTES , 24.09.2017

Predigt zu Mateus 20:1-16, verfasst von Harald Malschitzky

Irmãs e irmãos em Cristo, prezada comunidade.

 

Uma pequena comunidade se ressentia da falta de música e do canto fraco nos cultos. Alguns de seus membros resolveram se unir, comprar um harmônio e doá-lo à comunidade. A inauguração foi um culto festivo. Alguns dias, depois, porém, duas pessoas do grupo que doara o harmônio foi conversar com o pastor. Pois é pastor, nós, um pequeno grupo, como o senhor sabe, compramos o harmônio. Mas agora todos ouvem a música!

Nas décadas de 1950 até o final de 60, milhares de família gaúchas – em número bem menor também catarinenses – migraram para o sudoeste e oeste do Paraná. As histórias que as primeiras famílias contavam e contam de como tiveram que enfrentar a mata virgem, são impressionantes. Uma barraca de lona era a primeira casa. Tudo estava por fazer e construir. Ao lado das primeiras casas de madeira, do pequeno armazém (em gauchês: bolicho), logo se pensou também em escolas e igrejas. Um punhado de gente, com doações e trabalho voluntário, erguia uma capela de madeira em uma pequena clareira (terra também doada). Os imigrantes continuavam vindo, muitos com sua transferência de sua comunidade de origem entre os poucos papeis. Mas aí se criou um problema: Esse pessoal que vinha chegando, será que não deveria contribuir para a construção da igreja, mesmo que ela estivesse conclcuída? Seria justo eles se inscreverem simplesmente no rol da comunidade? Afinal, uns poucos a tinham construído! Para solucionar a questão se criou uma taxa de adesão... Foram muitas discussões – algumas acaloradas – até que se abriu mão do expediente. Foi difícil compreender que comunidade cristã não é propriedade de quem chega primeiro, mas sim que é a reunião de cristãs e cristãos independentemente  de onde e de quando chegam.

Jesus gostava de contar histórias para ilustrar as suas falas, muitas delas recolhidas do cotidiano, da vida como ela acontecia ao seu redor. O texto sugerido para reflexão no domingo de hoje é um deles. Ouçamos o que o evangelista Mateus nos relata no capítulo 20, versículos 1 a 16 de seu evangelho.

Em uma praça estão trabalhadores esperando ser contratados para trabalhar na plantação de uva de algum proprietário. Até hoje é assim, que quando a uva está madura ela precisa ser colhida em poucos dias. Por isso – ainda hoje – se contratam trabalhadores por aqueles dias ou aquele período. É trabalho duro. Preço acertado, lá vão eles para a colheita. Durante o dia há mais contratações. Lá pelo fim do dia – assim o conta Jesus – ainda há trabalhadores na praça. O dono da vinha pergunta por que estão aí o dia inteiro. A resposta foi simples: Ninguém os havia contratado! Também estes ainda são mandados ao trabalho.

No fim da jornada é hora do pagamento. É a lógica mais humana e econômica que se paga pelo tempo trabalhado. O pagamento começou pelos últimos contratados. Os demais, quando viram quanto estes recebiam, logo fizeram as contas de quanto a mais deveriam ganhar na proporção das horas trabalhadas. Qual não foi a surpresa, quando eles viram que ganhavam o mesmo valor. É claro que logo reclamaram ao que os havia contratado. Este lembrou que eles tinham recebido o que havia sido combinado e são despedidos com uma pergunta: [...] você está com inveja somente porque fui bom para ele?

Jesus não está propondo uma teoria econômica, mas, antes de mais nada,  um jeito diferente de cuidar das pessoas. Sabe-se que uma diária da época alcançava para a sobrevivência. Vai daí que os últimos contratadas não ganhariam mais do que alguns tostões. O dono – na história de Jesus – pensa, em primeiro lugar,  na sobrevivência de todos e com isso inverte a lógica tão humana.

Jesus está falando a seus discípulos e seguidores, ele pensa em comunidade. É interessante que também entre seus amigos mais próximos e seus seguidores se pensava que quem chega primeiro tem mais direitos. Leiam em casa os versículos 20 em diante do capítulo 20. Ali uma mãe pede lugares privilegiados ao lado de Jesus para seus filhos. E ainda vamos descobrir que se trata de dois dos primeiros discípulos que foram chamados...Quem chega primeiro precisa ter alguma vantagem!

Olhemos o texto por três ângulos diferentes:

  1. Jesus precisa explicar a seus discípulos que no discipulado não há primeiros e nem últimos. Todos têm papeis idênticos, todos são irmãos e irmãs, corresponsáveis uns pelos outros também na culpa. É fácil culpar Judas e desculpar Pedro, Tomé e tantos outros. Não que o papel de Judas seja sem importância, mas é fácil e barato demais espancar e queimar o boneco Judas e achar que a gente não nem nada a ver com a atitude dele! No reino de Deus não há hierarquia; todos são pecadores perdoados!
  2. Olhemos as comunidades cristãs na história de dois milênios. Elas estãocrivadas de gente que queria e ocupava o primeiro lugar, se necessário, à força. Dentro da igreja se desenvolveu uma hierarquia que por vezes se tornou draconiana na sua truculência. Muitos cristãos e cristãs que se opuseram foram executados. Um dos expoentes, Martim Lutero, só não foi executado porque amigos o protegeram e esconderam por um ano inteiro. E uma de suas afirmações geniais, um de seus ensinamentos a partir do reconhecimento bíblico, foi dizer que na igreja TODOS OS CRISTÃOS SÃO SACERDOTES E SACERDOTISAS. Nessa comunidade pessoas exercem papeis diferentes, têm responsabilidades diferentes, mas não méritos e nem privilégios maiores ou menores. Como é que estão as nossas comunidades? Como é que nós todos, assumimos o sacerdócio universal na comunidade e não a usamos apenas para satisfazer nossas necessidades religiosas? Como é que nós, investidos em determinadas funções, usamos nossas funções, nossos papeis?
  3. Embora Jesus não tenha pretendido estabelecer uma determinada ordem econômica, toda a sua vida, seu agir, seu sofrimento, morte e ressurreição têm a ver com o mundo, pois Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu próprio filho... Mas a ganância e a sede de poder criaram um mundo com poucos primeiros, que não sabem o que fazer com sua riqueza e seus bens, e muitos últimos, que não sabem se terão o pão de amanhã. Neste terreno de inveja e ganância, se criaram muitas formas – também religiosas – para defender os primeiros lugares. E nós, cristãos ao redor da terra, temos que pedir perdão e fazer penitência, porque não fizemos e não fazemos a lição de casa que Jesus ensinou e viveu. O pastor Dietrich Bonhoeffer, quando o nazismo já estava no poder na Alemanha e as nuvens no horizonte do mundo eram sombrias, ousou dizer que só as igrejas unidas, em conjunto, seriam capazes de arrancar as armas das mãos dos poderosos e anunciar uma paz duradoura... As igrejas não o ouviram, não se deram as mãos...

Será que os cristãos do mundo inteiro e as pessoas de boa vontade ainda podem ser conclamados para uma sociedade sem primeiros e últimos, uma sociedade sem fome, sem miséria?

Deus nos ajude e tenha piedade de nós. Kyrie, eleison!



Pastor emérito Harald Malschitzky
São Leopoldo – Rio Grande do Sul (Brasil)
E-Mail: harald.malschitzky@gmail.com

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