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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

24º DOMINGO APÓS PENTECOSTES , 19.11.2017

Predigt zu Mateus 25:14-30, verfasst von Iára Müller

Prezada comunidade!

 

Se fizéssemos aqui um show de talentos você participaria? O que você apresentaria? Você sabe fazer algo especial? Você sabe cantar ou dançar? Contar piadas? Bordar, tricotar ou crochetear? Fazer teatro? Falar de trás prá frente? Cozinhar uma receita maravilhosa? Fazer alguma mágica? Enfim, o que você apresentaria?

Sei que alguns devem estar pensando: nem que a vaca tussa, não me apresento! Não me arrisco, não pago mico! Outros podem pensar: não sei fazer nada especial!

Porém, se eu lhes dissesse que o seu talento pode beneficiar outras pessoas? E se eu lhes convencesse de que o seu “algo especial” pode ajudar alguém a redescobrir sentido para  sua vida? Se eu lhes comprovasse que o que vocês têm pode fazer a diferença na vida de alguém? Vocês mostrariam o seu talento? Compartilhariam aquilo que têm de especial?

O texto bíblico para o dia de hoje fala mais ou menos sobre isso. Leiamos agora o texto de Mateus 25.14-30

A história conta de um patrão muito rico, que ao sair de sua cidade deixa seu patrimônio aos cuidados de empregados. Naquela época, um talento correspondia a dezoito anos de trabalho ou a vinte quilos de ouro. Não é pouco o que o patrão confia aos seus empregados. É uma fortuna na verdade!

Ele dá a cada empregado o número de talentos segundo a sua capacidade. Uma pequena fortuna para cada um. No entanto, ele não informa aos empregados o que devem fazer com estes talentos, não sugere como usá-los, nem como investi-los ou se devem simplesmente guardá-los. Cada um dos empregados deve decidir o que fazer com o que recebeu.  É um patrão que confia nos seus empregados, por isso não dá nenhuma instrução sobre o que fazer com esse dinheiro.

Os dois primeiros correm a investir de tal forma que quando o patrão volta, devolvem o dinheiro recebido, em dobro. Aquele que recebeu cinco talentos devolve dez. Aquele que recebeu dois talentos devolve quatro. O terceiro, com medo do patrão, enterra o talento para não perder nada e para poder devolver o mesmo que recebeu. Então, aquele que recebeu um, devolve um. E o texto então nos aterroriza dizendo que os dois primeiros são beneficiados e o terceiro é castigado, lançado na solidão, não pode participar da festa e do benefício dos que dobraram os talentos.

Num primeiro momento, parece que Jesus age como um capitalista, pois ele diz que os empregados que fizeram render o que receberam são bons e aquele que não fez render é mau e merece sofrimento. Parece que temos nessa parábola de Jesus a lógica que hoje nos faz sofrer: quem tem mais recebe mais e fica bem, quem tem menos se rala. Que decepção! Desaparece o Deus misericordioso que quer que cada pessoa tenha o que necessita. Desaparece o Deus justo. Some o Pai de Jesus que reparte seu próprio filho conosco.  Evapora aquele que valoriza os fracos e oprimidos.

Mas não se assustem, não é isso que Jesus está sugerindo.

Jesus, nessa parábola usa o exemplo da economia usada naquela época, para fazer todos entenderam algo muito maior. Ele sempre usou exemplos bem fáceis e não quer aqui nos confundir.

O que Jesus quer apresentar aqui é um Deus que nos confronta. O patrão é nosso Deus. Ele nos dá uma fortuna e confia na nossa decisão de usar bem o que recebemos, porém, não deixa de nos confrontar com o bom ou mau uso que damos ao que recebemos.

Muitas vezes negamos o Deus que nos confronta. É mais fácil lidar com um Deus que só nos ama, nos entende e nos cuida do que lidar com um Deus que nos confronta.

Deus dá a cada pessoa a dádiva de poder agir e transformar o mundo. Deus nos presenteia com a graça de viver pela fé e não por obras, mas não nos quer de braços cruzados. É presente dado, que não vem com manual de uso. O que fazemos com o que recebemos? Enterramos? Guardamos só para nós e os outros que se danem? Deus então, nos confronta! Sim! Confronta a cada um e cada uma com o que tem feito com o que recebeu do Senhor. É como se Deus dissesse: -“Eu não dei a vocês esse presente, esse talento, essa graça para viverem no egoísmo, olhando só para seu umbigo. Dei tudo isso a vocês para que  pudessem  fazer algo de relevante para os outros.”

Estamos incumbidos de cuidar com nossos talentos tudo que recebemos, ou seja, o mundo, com as  pessoas e a natureza. E nós ficamos assim? Enterrando nossos próprios dons, nossas possibilidades de ajuda, de transformar situações dolorosas? O que você recebeu não é para seu próprio bem, mas para ser multiplicado para outros. O que você tem e o que você é deveria estar a serviço de outros, pois recebeu de graça. O que recebemos de Deus não é nosso. Não é nossa propriedade particular.

A mensagem desta parábola parece ser: não podemos privar as pessoas daquilo que podemos fazer com o que Deus nos presenteou. Temos que arriscar! E isso é o contrário da lógica da economia no mundo atual.

Certamente cada um e cada uma de nós recebeu uma fortuna em talentos para aumentar e distribuir, não para enterrar. Tenho certeza de que tem muito talento enterrado aqui à minha frente. Muitas possibilidades de ajuda, de serviço. Muito potencial para  tarefas que modificariam a nossa comunidade. Muito quefazer que transformaria nossa rua.  Muito trabalho que poderia alterar e remodelar muitas situações difíceis. Cada vez que deixamos de fazer algo que poderíamos fazer, estamos enterrando, desperdiçando a graça e os talentos que recebemos de Deus. Deixando alguém na mão, deixando alguém ser mais vítima do que já é.

A desculpa do terceiro empregado é de que fez isso por medo. Ele não é desonesto nem desperdiçador, mas enterrou seu talento, pois preferia segurança e não ousou fazer nada. Ele prefere deixar as coisas como estão. Está confortável para ele. Mas e para os outros? Ele quer somente observar, mas não meter a mão na massa, nem multiplicar, nem distribuir. Nele imperou o medo de agir. E Deus quer justamente o contrário: Deus quer ousadia e ação a partir do que recebemos.

Mas então, o que significaria não desperdiçar os talentos e a graça recebidos?

Olhe ao seu redor. Sua rua. Seus vizinhos. Já é um começo. Se puder olhe mais longe: sua comunidade, sua cidade, seu estado, seu país. Deus não está pedindo que você vá para outro país ajudar num desastre natural ou para uma guerra, embora você possa ir para lá ou também possa orar por tudo isso. Deus está pedindo seu cuidado começando ao seu redor. O que nos é concedido é para fazer o bem a todos.

Não há ninguém tão fraco que não possa ajudar e ninguém tão forte que nunca precise de ajuda. Sempre podemos oferecer um ombro amigo. Convidar para participar da comunidade, ler para alguém, visitar, enfim, a decisão é sua de onde se envolver e como transformar algo. Cada um dos empregados da parábola decidiu o que fazer com os talentos que recebeu.

Cada um de nós, cada uma de nós deve decidir como usar a fortuna que recebeu de Deus. Podemos ficar isolados, não participar e não agir, e o preço disso é solidão e tristeza. Mas, podemos agir e trabalhar por algo mais do que o nosso quintal e o preço disso é alegria, festa e comunhão.

Deus quer que arrisquemos em direção daqueles que precisam. Não sem astúcia, não ingenuamente, mas com equilíbrio e segurança.

Deus põe frente a frente o talento que recebemos e o que fizemos deste talento.  

Jesus disse:-“ o que fizerdes a um desses pequeninos, a mim o fazeis”. Nosso Deus é um Deus que nos confronta.  Essa confrontação é a prova do agir amoroso de Deus para com todos. Não vamos desperdiçar a capacidade de multiplicar vida e viver alegres.

O melhor show de talentos é aquele que acontece na vida real. Lado a lado com outras pessoas, buscando sempre mais vida e justiça para todos. Desejo que Deus nos ajude a identificar os nossos talentos e a abrir os olhos para os outros. Amém.



Pa.em. Ms. Iára Müller
Pelotas – Rio Grande do Sul (Brasil)
E-Mail: iaradocepel@gmail.com

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