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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

NOITE DE VÉSPERA DE NATAL , 24.12.2017

Predigt zu Romanos 1:1-7, verfasst von Osmar Luiz Witt

Prezada comunidade da criança na manjedoura!

 

O primeiro pensamento que me ocorreu quando li este texto da saudação de Paulo aos romanos foi este: “se você tem algo a dizer, diga e seja breve!” Parece-me que o apóstolo Paulo se deixou guiar por esta expressão quando, ao escrever sua carta à comunidade em Roma, disse, na saudação, o que havia de mais importante a ser dito. Talvez Martin Luther também tenha aprendido com ele, pois certa vez afirmou num de seus escritos: do pregador e da pregadora se requer duas qualidades. Primeiro, que fale o que tem para comunicar e, segundo, que saiba a hora de parar.

 

O que eu tenho para anunciar hoje é breve, mas, decididamente, relevante. Não porque eu o anuncio, mas sim, porque é mensagem de salvação que me cumpre anunciar.

 

Em primeiro lugar, esta breve passagem do apóstolo ajuda-nos a situar o Natal de Jesus na história. Não estamos aqui para alimentar uma fantasia ou apenas para dar vazão a um turbilhão de sentimentos nostálgicos que nos invadem. Claro, todos temos, desde a infância, sentimentos arraigados que tornam este tempo do Natal algo muito especial. Paulo nos ajuda para que os sentimentos que aquecem nossos corações continuem fixados no chão da história. Natal não é invenção humana, nem apenas festa de congraçamento universal. Natal recorda concretamente o nascimento de uma criança, em cuja vida reconheceu-se a presença de Deus entre nós. Esta criança é Emanuel, o que significa “Deus conosco”. Não será preciso entrar nos pormenores da fixação deste dies natalis na noite do dia 24 para o dia 25 de dezembro, posto que o dia exato do nascimento de Jesus perdeu-se nas sombras da história. Sim, é verdade que não sabemos quando Jesus nasceu. Estudiosos sustentam que o nascimento não aconteceu no ano zero, mas sim, cerca de seis anos antes. O que isto importa do ponto de vista da fé? Para a fé importa saber que ela se funda num acontecimento que se deu na história: um menino vos nasceu! Vinde e vede, nas palhas ele descansa! Quanto a sua humanidade esta criança é descendente de Davi, ele pertence ao povo escolhido de Israel. Não apenas a Bíblia ou os documentos preservados pelos cristãos dão testemunho deste filho de Davi. Sua presença na Palestina ficou registrada em documentos do próprio Império Romano, que dominava as terras quando Jesus lá viveu.

 

Em segundo lugar, o Natal é a concretização de uma promessa que Deus fizera ao seu povo por meio dos profetas. Ora, mas quem ainda acredita em promessas? Não sei! Sei também que temos motivos de sobra para não confiar em promessas, pois, em geral as pessoas que as fazem são as primeiras a não levá-las a sério. Mas, cara comunidade da criança na manjedoura, esta promessa Deus fez e cumpriu. Aquilo que os profetas de Israel anunciaram ao povo durante muitos anos tornou-se realidade: “Virá um descendente do rei Davi, filho de Jessé, que será como um ramo que brota de um toco, como um broto que surge das raízes. O Espírito do Senhor estará sobre ele e lhe dará sabedoria e conhecimento, capacidade e poder. Ele temerá o Senhor, conhecerá a sua vontade e terá prazer em obedecer-lhe.” Esta promessa se cumpriu na manjedoura de Belém. Pois, este Jesus,  de quem celebramos o nascimento, disse de si mesmo: “O Senhor me deu o seu Espírito. Ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres e me enviou para anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos e anunciar que chegou o tempo em que o Senhor salvará o seu povo.” (Lucas 4. 18s) O Natal é tempo de estarmos atentos às promessas de Deus. As Sagradas Escrituras nos falam delas e elas apontam para uma criança na manjedoura. O jeito de Deus não é o jeito dos poderosos deste mundo. Ele vem mansamente, não para dominar, mas para servir. Do modo como veio também viveu, peregrinando, chamando a um novo rumo na vida e proclamando o amor como caminho para o Pai. Ora, mas que conversa água com açúcar é essa! O amor não é forte o suficiente para dar conta dos conflitos e das contradições nas relações no dia-a-dia? O que é preciso é bons cotovelos para ir abrindo passagem e assegurar um lugar ao sol. Depois que passarem estes dias de festas, volta a rotina e ali, meu caro, quem pode mais chora menos. É verdade! Não podemos ser idealistas, muito menos ingênuos. Para mudar esta situação não bastam boas intenções.  Será preciso que a boa notícia da vinda do Filho de Deus transforme nossos corações endurecidos. Então, será possível que ele abra nossos olhos para vermos algo mais do que as desgraças e as tragédias humanas que nos são servidas diariamente. Será possível agarrar sua promessa de estar conosco todos os dias até o fim deles. Será possível sentir a sua presença quando as nossas forças acabam. “Há muito tempo essa boa notícia foi prometida por Deus, por meio dos seus profetas, e escrita nas Escrituras Sagradas.”

 

Em terceiro lugar, desta criança na manjedoura de Belém se diz que ela é verdadeiramente ser humano e verdadeiramente Deus. Quem já ouviu falar alguma coisa de história da Igreja e de história dos dogmas sabe que, em torno deste assunto, produziram-se discussões e livros sem conta. Reside neste ponto exatamente a principal diferença entre as religiões universais monoteístas. Nossos irmãos judeus e muçulmanos conseguem compreender que de Jesus se diga que foi um grande profeta, mas que ele seja divino... Mesmo nas fileiras cristãs a divindade de Jesus tem sido compreendida de formas distintas. Donde tiraram os cristãos sua fé que professa que Jesus é Deus? Antes de mais nada, é preciso dizer que os cristãos percebem em Deus um jeito de se dar a conhecer e de agir que o faz irmão dos pobres, dos fracos, das pessoas oprimidas. As pessoas em todos os tempos e lugares sempre destacaram o poder, a majestade e a glória de Deus. Os cristãos aprenderam a confessar que: “Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte – morte de cruz.” (Fp. 2. 6-8) Mesmo sendo este um jeito novo de referir-se a Deus, não foi nisto que os cristãos basearam a sua fé, mas sim, naquilo que Paulo escreveu aos romanos: “Quanto a sua santidade divina, a sua ressurreição provou, com grande poder, que ele é o Filho de Deus.” Que nós estejamos aqui festejando o nascimento de Jesus, o Filho de Deus, humilde, indefeso como criança, fundamenta-se no fato de que Deus o ressuscitou da morte após ter sofrido a cruz. Não haveria festa de Natal se Jesus tivesse sido mais um grande profeta – o que ele também foi! - mas se ele não tivesse vencido a morte. Eu sei que, em última análise, este não é um discurso apenas racional e que dispensa a fé. Não, ele é um convite para a fé. Todo aquele que vive e crê em mim, ainda que morra viverá!

 

Por fim, esta notícia é dirigida a nós, assim como a bênção que dela resulta. “Por meio de Cristo, Deus me deu a honra de ser apóstolo no serviço de Cristo para levar pessoas de todas as nações a crerem em Cristo e a serem obedientes a ele. Entre estas pessoas estão vocês (…) a quem Deus chamou para pertencerem a Jesus Cristo.” Por isso, Natal é festa de alegria! Somos de Cristo e ele é nosso. Veio a este mundo para conduzir-nos ao encontro com Deus e para que nossas vidas não se percam em banalidades, mas que atentem ao chamado para sermos seus: Por isso eu escrevo a todos vocês (...) a quem Deus tem chamado para serem o seu próprio povo. Natal é tempo de sermos lembrados que somos chamados e chamadas, ele vem até nós, na humildade da criança na manjedoura, e nós o seguimos, pois somos dele.

 

Que a graça e a paz de Deus o nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês. Amém.



P. Osmar Luiz Witt
São Leopoldo – RS (Brasil)
E-Mail: olwitt@est.edu.br

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