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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

DIA DE ANO-NOVO , 01.01.2018

Predigt zu Lucas 2:15-21, verfasst von Harald Malschitzky

Comunidade do Senhor!

 

Na nossa percepção comum Natal e Ano-Novo são grandezas próprias, datas que se celebram de formas distintas. Aliás, em nossos dias cresce o número de pessoas para quem o Natal nada significa, ao passo que o ano-novo ao menos é uma virada no calendário, quem sabe com um frio de esperança por melhores dias. Temos que nos perguntar o quanto nós cristãos, o quanto as igrejas através da história e de seu modo de ser e agir contribuíram para que assim seja. Mas fiquemos com aqueles para os quais Natal ainda tem significado. Natal, uma data cristã que deveria ser, de certa forma, sagrada, e que para muitos e muitos o é, virou também o período do grande comércio e de muito estresse. Na semana posterior à data é tempo de fazer as contas financeiras... Não seria também um bom período para fazer as contas espirituais, as contas dos nossos relacionamentos, as contas de como vimos lidando com o mundo que Deus nos deu? Seja lá como for, parece que na última semana do ano a gente “desmancha” o Natal para fazê-lo renascer nos últimos meses do  ano  seguinte.

E aí vem o Ano-Novo, não sem uma espécie de aura mágica - quem sabe tudo vai melhorar? Ele é inaugurado com foguetório, algumas coisas muito bonitas pelo brilho e pelas cores, outras apenas barulhentas, muito barulhentas! “Guardamos” o Natal e começamos da frente, algo novo...

Por causa deste senso comum, pode parecer estranho que para o dia de hoje o texto bíblico sugerido ainda é um texto de Natal! Ouçamos Lucas 2. 15 21.

Esta passagem bíblica, colocada no primeiro dia do ano sugere que, a rigor, Natal continua, não em suas luzes e brilhos artificiais, mas em seu significado na história. Ao invés de “desmancharmos”, “empacotarmos” o Natal, o texto nos convida, na pessoa dos pastores, gente simples, em geral meia suja por suas lides com os animais, por vezes briguentas na defesa de seus animais, que, final, eram o seu patrimônio e seu ganha-pão, a irmos a “Belém para ver o que aconteceu; vamos ver aquilo que o Senhor nos anunciou”. De certa forma é o caminho contrário do senso comum: No Ano-Novo vamos voltar a Belém! Vamos olhar as palavras que nos foram ditas! Aliás, aqui somos lembrados do texto do evangelho de João onde ele diz que “a palavra [o verbo] se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). A palavra de Deus se concretiza na história, no mundo, em uma criança! É na criança de Belém que começa o ano, que começa o dia-a-dia passado o Natal... A cena que encontram não tem a gala dos palácios, nem ao menos um ambiente de classe média. Ali estão Maria e José, parece que ainda embasbacados com o que aconteceu. Verdade que Maria já tinha recebido o anúncio de que ela seria mãe do messias prometido, mas será que lá no fundo do seu coração ela não esperava ao menos um cenário mais exuberante? Aí está o casal olhando a indefesa criança e são justamente os pastores do campo – sem fanfarras, sem arautos – que precisam dizer-lhes  a que veio a criança e que aqui realmente se cumpria a promessa que já vinha de longa data. Os pastores dão o seu recado, eles veem confirmada a mensagem dos anjos e retomam o seu caminho,  espalhando o que haviam visto e ouvido. Para trás ficam Maria e José com a criança no meio dos bichos de uma estrebaria. A concluir pela parca informação de Lucas, José ainda estava estupefato, mas Maria “guardava todas essas coisas no seu coração e pensava muito nelas”.

Como era costume, o menino foi circuncidado e recebeu o nome de Jesus.

A história poderia terminar aqui, mas na realidade é aqui que ela começa, uma história que acaba dando uma reviravolta em todo mundo – infelizmente, é preciso dizer – nem sempre para a paz e o bem, porque cristãos e igrejas esqueceram da humildade da estrebaria e levaram a criança para palácios pomposos e berços caros! Isso não invalidada o acontecimento, mas mancha o seu significado. O Salvador anunciado aos pastores foi metido em roupagens de poder  terreno. Até Maria ganhou roupagens reais! Mas Lucas nos conta apenas que ela guardava o que tinha ouvido em seu coração. Quantas vezes em sua vida ela terá pensado e repensado o que ouvira? Quantas vezes ela terá chorado pelo filho, pelo risco que corria com sua mensagem e com seus atos? Padre Zezinho, na bela canção Mas o que foi meu bom José, o expressa assim:

                “Por que será, meu bom José,

                Que esse seu pobre filho um dia

                Andou com estranhas ideias,

                Que fizeram chorar Maria”!

Os evangelhos nos relatam, em cenas simples, o sofrimento de Maria até ver seu filho sendo levado à cruz. Será que ela, quando ouviu a fala dos pastores, imaginou o que a esperava? Será que ela podia aquilatar o preço de ser mãe do Messias? A cena do nascimento em Belém, reprisada em prosa, verso e em todas as formas de arte por milhões de vezes não pode ser guardada com os enfeites de Natal até o próximo Natal. Ela, com sua mensagem, deverá nortear as nossas vidas no ano que inicia, a menos que queiramos ter vidas e comportamentos distintos nas duas datas. Deixemo-nos guiar pela criança que celebramos. Mas não deixemos de ouvir e, quem sabe, guardar no coração como Maria, a mensagem de que esse seu pobre filho um dia andou com estranhas ideias! Suas ideias, suas ações, sua vida, morte e ressurreição são muito estranhas no e ao mundo, porque podem atrapalhar as engrenagens humanas onde costumam levar vantagem os grandes e espertos. Se ouvirmos e seguirmos o filho com estranhas ideias seguramente nos aliaremos à Maria com suas lágrimas. Quem sabe nossas lágrimas sejam de revolta, impotência, dúvidas e até descrença, mas não há caminho que sai da manjedoura sem algum sofrimento. Acalentemos também em nossos corações as palavras anunciadas pelos pastores, acalentemos as palavras do cântico de Maria que se seguiu ao anúncio do nascimento do Messias. Que Deus nos dê força e determinação para seguir o mestre de estranhas ideias. Amém.

Oração: Amado Deus, acrescentas novos dias à nossa vida; tu permites que contemos o nosso tempo. Obrigado pelo novo ano. Dá-nos discernimento e coragem para viver a tua vontade e para que, como os pastores do campo, voltemos ao nosso cotidiano anunciando em palavras e ações o teu imenso amor. Por Cristo. Amém.



P.em Harald Malschitzky
São Leopoldo – RS (Brasil)
E-Mail: harald.malschitzky@gmail.com

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