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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

3º Domingo de Páscoa , 15.04.2018

Predigt zu Lucas 24:36b-48, verfasst von Mauri Kappel

Prezados irmãos e irmãs:

 

Em fevereiro deste ano (2018) nosso neto Diogo, com 10 anos de idade, veio passar uma parte das suas férias escolares em nossa casa. Num daqueles dias, de repente, ouvi dele a seguinte pergunta: “Vô, você acredita mesmo que o anjo falou com a Maria sobre o nascimento de Jesus? Eu não acredito, não”. Para mim só existe uma maneira de compreender o motivo da sua dúvida: Não faz parte da nossa experiência comum o aparecimento de anjos anunciando nascimentos.

 

Dúvidas, questionamentos, dificuldades para crer. Eis uma questão muito maior do que nós podemos imaginar.

 

Os discípulos de Jesus conviveram com ele por um tempo considerável. Ouviram todas as suas palavras; viram seus milagres; participaram de sua vida extraordinária e sabiam que Jesus havia anunciado sua morte e ressurreição. No entanto, eles tiveram muitas dificuldades com a ressurreição. Não aceitaram o testemunho das mulheres; o túmulo vazio era mais um problema do que uma solução; o relato dos discípulos de Emaús não lhes fazia sentido. Dúvidas surgiram na cabeça dos discípulos: Será verdade? Jesus ressuscitou mesmo? A ressurreição de Jesus era uma realidade que ia além da compreensão deles.

 

Então o próprio Jesus se põe entre eles. Parece que o mistério está resolvido. Não há mais do que duvidar. Mas ainda assim bate o medo e a dúvida. Será um fantasma? Mesmo que tivessem visto ou ouvido falar da ressurreição de Lázaro, a dúvida lhes assalta. Por que? Porque ressurreição não faz parte da sua experiência diária. Eles não estão vendo mortos ressuscitar com qualquer frequência. Então, eu posso entender que a sua dúvida e descrença é compreensível.

 

E nós? Também nós temos as nossas dúvidas e as nossas perguntas. Muitas coisas no âmbito da fé são de difícil compreensão e aceitação. E muitas vezes eu vi pessoas sofrendo com suas dúvidas e suas dificuldades de crer. Muitas vezes ouvi frases do tipo: “Peço muito a Deus que me perdoe por esta, ou aquela, dificuldade”, como se isso fosse um pecado. Um membro muito ativo em uma de minhas Comunidades me disse mais de uma vez que ele não entende porque Cristo teve de morrer por nós. Existem muitas coisas que podem ser simples para uns, mas difíceis para outros. E nós podemos ver isso dentro das nossas próprias casas.

 

Além disso, muitas pessoas têm dificuldades com algum texto bíblico. Às vezes eles são de difícil compreensão e, consequentemente, aceitação.

 

Mas a minha pergunta existencial é: como Deus lida com as nossas dúvidas e descrenças? Como é que ele trata as nossas dificuldades de entendimento e fé? Será que ele executa o juízo sobre quem não consegue crer? Tem alguns versículos no Novo Testamento que dizem que o crer é condição para a salvação. A fé é essencial, sim. Mas, será que a dificuldade de crer já é sentença de morte eterna?

 

Eu creio, verdadeiramente, que não. Vejam com atenção o relato do nosso texto. Jesus não diz nenhuma palavra de censura aos discípulos incrédulos. Não os critica, nem os condena. Com amor ele procura formas diferentes para se revelar. Primeiro ele chega e fala. Depois mostra suas feridas. Em seguida pede que toquem nele. Nem sua presença física, nem sua voz, nem suas marcas são suficientes para aqueles homens crerem. “Se isso não ajuda, quem sabe se eu comer alguma coisa – pensou Jesus – pois fantasmas não comem”.    Nem assim aquelas pessoas aceitam a ressurreição. E, então – e isto é muito interessante – suas mentes são abertas quando ele cita as escrituras. Interessante: quando Jesus fala da sua trajetória à luz das escrituras, então os discípulos entendem. O testemunho das escrituras abre o seu entendimento.

 

Eu estou certo de que Jesus lida com as nossas dúvidas e incertezas com o mesmo amor que demonstrou aos discípulos no nosso texto. Ele sabe que nós temos muitas limitações e dificuldades. Ele sabe que as circunstâncias que nos rodeiam, e o nosso mundo moderno, produzem muita dificuldade para a fé. Além disso muitas coisas no âmbito da fé são mistérios impenetráveis, que nós só descobriremos quando chegarmos à eternidade. Até lá nossos olhos estão envoltos por uma névoa, às vezes rala, às vezes densa.

 

Poucos dias atrás celebramos a Páscoa. Relembramos a ressurreição de Jesus que aponta, necessariamente, para a nossa ressurreição. E este não é um tema tão simples assim.

 

Mas eu posso dizer para você, com certeza: Não tenha medo de perguntar sobre o que não entende. Não tenha medo das suas dúvidas. Vai atrás delas. Não as guarde dentro de seu coração e mente. Ali elas podem fazer um grande estrago. Mas cuide também com as respostas do google. Ele aceita qualquer opinião. Procure seu pastor ou pastora. Levante suas dúvidas em grupos de estudo e discussão. Pois Deus tem colocado ao nosso redor pessoas que poderiam contribuir para esclarecimentos. E, acima de tudo, que isso seja feito à luz das Sagradas Escrituras.

 

Gostei muito da atitude do meu neto Diogo. E eu quero estimulá-lo a perguntar mais. Naquele dia, com tão poucos segundos para decidir o que dizer a ele, decidi que a minha resposta não poderia distanciá-lo das Escrituras e nem calar suas perguntas. Então eu disse para ele que esta foi uma maneira muito especial de dizer que aquela criança era muito especial. Assim construí a resposta. Se acertei ou errei, só o futuro dirá.

 

Queridos irmãos e irmãs, sempre haverá questões em aberto na nossa mente. Não sofram com elas. O amor de Deus por nós é incondicional. E nada, nem mesmo as nossas dificuldades, pode nos separar do amor de Deus, que nos foi revelado, em Cristo, o ressurreto.

 

E o Senhor nosso Deus, olha para mim e para você e com um sorriso no rosto diz: “Ó meu querido filho, minha querida filha, eu te abraço com todas as tuas dúvidas e dificuldades. Elas não me ofendem e muito menos negam a minha existência. E eu mesmo estarei com você todos os dias da sua vida”.

 

Amém.

 



P.em Mauri Kappel
Xangri-lá, Rio Grande do Sul, Brasil
E-Mail: maurikappel@gmail.com.br

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