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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

2º Domingo de Advento, 09.12.2018

Predigt zu Lucas 3:1-16, verfasst von Osmar Luiz Witt

Saúdo-vos com as palavras do apóstolo Paulo: “Que a graça e a paz de Deus, o nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês! ” (Filipenses 1.2).

Oremos: Deus, fonte da fé, da esperança e do amor! O tempo do Advento nos convida a colocarmos nossas vidas sob a luz da tua Palavra. Abençoa, com o teu Santo Espírito, a pregação da tua Palavra entre nós. Faze com que ela nos alcance na medida de nossa necessidade para que nos sejam concedidos perdão, vida nova e salvação. Em nome de Jesus, amém.

Querida comunidade de Jesus Cristo!

O tempo do Advento é tempo de alegria! É tempo de gratidão pelo ano, que rapidamente caminha para o seu final. E o texto do evangelho deste fim de semana parece entrar nesse embalo ao anunciar que os caminhos tortos serão endireitados e que todos verão a salvação que Deus dá. Não quero ser aquele que estraga esse sentimento bonito, mas convido vocês a prestarmos atenção a algo mais que o evangelho nos apresenta hoje para o tempo do Advento.

O evangelista Lucas inclui João Batista no conjunto dos profetas e profetizas que atuaram em Israel. A pregação dele estava centrada num vigoroso chamado ao arrependimento. Ele assume uma linha de pregação que lembra a palavra dos profetas e das profetizas do antigo testamento: critica os representantes da religião, apresentados como descendentes de Abraão; critica os representantes do Estado, na figura dos cobradores de impostos e dos soldados - a economia e a força que ajuda a dar sustentação ao Estado; critica também o povo representado nas multidões que iam ouvir suas pregações. "Sobra para todo mundo", como se diz, a crítica é contundente! A tal ponto que o povo, os cobradores de impostos e os soldados perguntam atônitos: “o que devemos fazer?” Além disso, tal como era comum na tradição profética, também João Batista é apresentado através da identificação do tempo de sua atuação. Por isso são citados os nomes e anos de governo dos reis, representantes romanos e sacerdotes do Templo. Não é apenas uma curiosidade histórica, mas para deixar claro que a mensagem dos profetas tem tempo e lugar muito bem definidos.

Lucas identifica João como a “voz que clama no deserto”. O deserto que, no tempo do profeta Isaías, encontrava-se no caminho do retorno do exílio na Babilônia. Lucas atualizou esta mensagem para o tempo de João Batista e, em sequência, de Jesus. O Batista é aquele que prepara o caminho; Jesus é aquele que vem para trazer a salvação a toda carne, isto é, para todos os povos. Eis que, assim, encontramo-nos no coração da mensagem de Advento: O salvador virá!

Há um caminho pelo deserto, contudo, que precisa ser aplainado. E, aqui, encontramo-nos no coração da situação em que vivemos. Todos experimentamos momentos e situações de “deserto” em nossas vidas. Lembro a letra de uma canção que diz: “Tem certos dias em que eu penso em minha gente e sinto assim todo o meu peito se apertar, porque parece que acontece de repente, feito um desejo de eu viver sem me notar...” Quem já não sentiu uma vontade enorme de mudar de vida e seguir em rumo bem diferente do que aquele em que está vivendo? Há um deserto que vivenciamos de modo muito pessoal e do qual podem resultar novas opções, novos relacionamentos e novas situações em nossas vidas. De outra parte, o deserto também pode ser uma experiência coletiva, como a do povo de Israel, que fugiu da escravidão no Egito, vagou quarenta anos pelo deserto, na procura de um novo tempo, de uma nova sociedade, de uma forma de viver sem a escravização dos semelhantes. João Batista foi a voz do que clama no deserto, consciente de sua missão de conclamar para o arrependimento dos pecados, sem temer o enfrentamento com os poderosos, o que lhe custou a vida, como a de muitos profetas e profetizas antes e depois dele. Jesus foi tentado por quarenta dias no deserto antes de iniciar a pregação do arrependimento e da aproximação do reinado de Deus. Propostas tentadoras de poder, sucesso e segurança lhe foram apresentadas. O deserto foi seu tempo de combater o mal e de vencê-lo. Os primeiros monges e monjas cristãos buscaram o retiro e a solidão do deserto, porque não compactuavam com um modelo de igreja casada com o poder do Império romano. O deserto é a imagem bíblica para o lugar e o tempo de renovação da vida e de gestação de algo novo.

O deserto é o próprio Advento em que nos encontramos, isto é, o tempo de endireitar e tornar planos os caminhos. Assim como a mulher que está grávida aguarda o nascimento de sua criança em alegre expectativa, assim o Advento, o “deserto”, é tempo de alegrarmo-nos por algo novo que está para acontecer: Deus vem ao nosso encontro! Além disso, porém, para a comunidade cristã, para todos nós, o Advento é também tempo de enfrentar os desertos. No mundo em que vivemos e ao qual somos enviados e enviadas para dar testemunho de nossa fé, há muitos caminhos que precisam ser endireitados: existem famílias desmanteladas cujos membros esperam reconciliação; há desentendimentos entre amigos e amigas que resultam de relações interesseiras; há uma luta por poder que desconhece o valor da ética na estruturação de relações sociais justas; há violência sustentada pela fabricação de armas e equipamentos que geram sempre mais violência; há descuido com as instituições criadas para a preservação da saúde, da educação, da segurança; há descaso com a terra, com a água e o ar, elementares para a manutenção da vida em nossa casa comum... Em resumo: há, por um lado, um descuido, um desleixo com a vida de todos os seres viventes – que me importa os outros, eu quero mais é me dar bem. Mas, há, por outro lado, um desejo profundo, um anseio, quase uma saudade, às vezes revelada, tantas vezes sufocada, de andar por caminhos planos e endireitados, que nos permitam viver em paz e alegria. Nós os seres humanos somos assim: luz e sombras nos perpassam. Por isso, precisamos daquele que vem, a criança da manjedoura, Deus conosco, para a salvação de toda a carne, todos os povos.

Acolhamos, pois, como oração por nós, a passagem da carta que Paulo endereçou aos filipenses, e que está indicada para a leitura neste dia:

“Sempre que penso em vocês, eu agradeço ao meu Deus. E, todas as vezes que oro em favor de vocês, oro com alegria por causa da maneira como vocês me ajudaram no trabalho de anunciar o evangelho, desde o primeiro dia até hoje. Pois eu estou certo de que Deus, que começou este bom trabalho na vida de vocês, vai continuá-lo até que ele esteja completo no Dia de Cristo Jesus. Vocês estão sempre no meu coração. E é justo que eu me sinta assim a respeito de vocês, pois vocês têm participado comigo desse privilégio que Deus me deu. É isso o que vocês estão fazendo agora que estou na cadeia e foi o mesmo que fizeram quando eu estava livre para defender a anunciar com firmeza o evangelho. Deus é testemunha de que estou dizendo a verdade quando afirmo que o meu grande amor por todos vocês vem do próprio coração de Cristo Jesus. O que eu peço a Deus é que o amor de vocês cresça cada vez mais e que tenham sabedoria e um entendimento completo, a fim de que saibam escolher o melhor. Assim, no dia da vinda de Cristo, vocês estarão livres de toda impureza e de qualquer culpa. A vida de vocês estará cheia das boas qualidades que só Jesus Cristo pode produzir, para a glória e o louvor de Deus.” (Filipenses 1.3-11)

Advento é tempo de alegria! Tempo de gratidão por tantas coisas boas e bonitas que aconteceram com a gente neste ano. Mas, é também tempo de começar a enfrentar os desertos de nossas vidas e de preparar o caminho para aquele que vem, Jesus, o Salvador a quem queremos servir.

E a paz de Deus, que é maior do que o nosso entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus. Amém.



P. Osmar Luiz Witt
São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil
E-Mail: olwitt@est.edu.br

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